Por ter chegado ao Brasil através de colonizadores, o português
demorou a alcançar um status predominante no país. Houve época em que a
língua geral paulista – língua crioula introduzida pelos bandeirantes à
época do Brasil Colônia baseada na língua tupinambá – era o idioma mais
utilizado. O Português só viria a se tornar hegemônico a partir do
século XVII e XVIII, quando seu uso e ensino foram instituídos, visando
ao fortalecimento de uma unidade nacional.
Apesar do óbvio domínio de um idioma oficial, o país apresenta hoje
uma variedade de línguas que são faladas ao longo da sua extensão. Essa
diversidade é resultado da entrada de grupos, de alemães e italianos,
inicialmente, que começaram de forma tímida, ainda no Império, e foram
se expandindo até 1930.
Para o crescimento do número de imigrantes, um dos fatores
contribuintes foi a crise pela qual a Europa atravessava. Enquanto o
Velho Mundo sofria com as suas condições socioeconômicas, o Brasil
buscava mão de obra para suprir a lacuna deixada pelos escravos
libertos.
Além do alargamento do quantitativo, houve um aumento das
nacionalidades que buscavam o Brasil. O país passou a receber imigrantes
oriundos também da Ásia. Como fruto dessas chegadas, é possível
encontrar diversas cidades que carregam um passado ainda bastante vivo
devido aos seus moradores que, assim como seus ascendentes, são falantes
de alemão, árabe, espanhol, holandês, italiano, japonês e, dentre os
menos conhecidos, o talian e o pomerano.
Um exemplo é a comunidade de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Por ter recebido um alto número de imigrantes que vieram da Pomerânia, região situada entre a Alemanha e a Polônia, a cena da cidade é composta por falantes do pomerano. Para preservar sua tradição e história, autoridades locais implantaram nas escolas o ensino da língua. Essa medida também tinha como objetivo a diminuição da exclusão daqueles que não dominavam o português. Agora as crianças aprendem tanto o idioma oficial, quanto a língua materna de seus pais e avós.
A necessidade de preservação também foi percebida no município de
Serafina Corrêa com o talian. Originado dos italianos descendentes
radicados no Rio Grande do Sul, o dialeto foi declarado como parte do
patrimônio histórico e cultural gaúcho, sendo a língua co-oficial do
município. O idioma é tão influente na região que o português ganhou
expressões italianas, além de outros traços que podem ser vistos na
fonologia, no léxico e nos provérbios que misturam as duas línguas.
Na conjuntura nacionalista dos anos 30, o uso das línguas imigrantes
diminuiu de forma significativa. Sua prática foi reduzida no domínio
público, consequentemente, essa repressão, enfraqueceu o uso na esfera
privada. Porém, ainda que nesse contexto de sufocamento, as línguas
imigrantes conseguiram se preservar. Graças à organização dos seus
falantes, que se mantiveram em grupos pequenos e coesos, e ao isolamento
em comunidades agrícolas, a tradição sobreviveu.
O Brasil tem uma densa história quando se fala sobre imigrantes. Essa
complexidade deve-se, além de outros fatores, às imigrações
clandestinas e a sigilos políticos. Com isso, a tarefa de encontrar uma
estatística mais real quanto ao número de falantes de outras línguas é
mais onerosa. Porém, isso não impede que a nossa percepção capte os
inúmeros idiomas que circulam pelo país. Usar expressões estrangeiras
vai ser sempre cool,koel, frais…
Nenhum comentário:
Postar um comentário