Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

IPOL realizará formação de recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC

IPOL realizará formação de recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC

Nos dias 10 e 11 de fevereiro, o IPOL realizará em Antônio Carlos-SC a formação dos recenseadores que atuarão no censo linguístico do referido município. A formação é uma parceria entre o IPOL e a Secretaria de Educação e Cultura de Antônio Carlos.

Localizada a 32 km de Florianópolis e com uma população de 7.906 habitantes, segundo o IBGE (2010), Antônio Carlos foi a primeira cidade do Estado de Santa Catarina a aprovar uma lei cooficializando uma língua de imigração, o Hunsrückisch. A cooficialização foi aprovada, por unanimidade, por sua câmara municipal, em 09/02/2010, depois de muitas reuniões e da realização de três audiências públicas (ver documento com a lei aqui).

Antônio Carlos é também um dos 14 municípios brasileiros (ver tabela abaixo) a empunhar uma política linguística de reconhecimento da história e da língua de grande parte de sua população como forma de aprofundar os vínculos identitários e planejar ações de desenvolvimento social e econômico pautado pelo fortalecimento das iniciativas locais.


Iniciativa semelhante foi realizada em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, que cooficializou também em lei municipal a língua pomerana em 2009 (ver texto da lei aqui), o que desencadeou uma série de ações, dentre as quais a realização do censo linguístico, protagonizado pela secretaria de educação do município em parceria com o IPOL.

“Com a cooficialização do Hunsrückisch em Antônio Carlos”, afirma Rosângela Morello, coordenadora-geral do IPOL, “tem início outra etapa em prol da regulamentação da lei e da implementação de ações para ampliar os âmbitos de usos da língua. São ações que visam a legitimar processos históricos da imigração no Brasil, reconhecendo sua importância na formação da sociedade brasileira”. Rosângela nos lembra também que a região onde atualmente se localiza o município era ocupada por indígenas Xokleng. A partir de 1830 recebeu imigrantes oriundos da região do Hunsrück, sudoeste da Alemanha, como aconteceu em outras localidades no Rio Grande do Sul (Ivoti, Sapiranga, Bom Princípio, Novo Hamburgo, Nova Hartz, Araricá, Presidente Lucena, Morro Reuter). A partir de 1840, açorianos acompanhados de escravos negros também se instalaram na região. Anos mais tarde, libaneses, ingleses e belgas também se estabeleceram no município. “Toda essa diversidade na formação de Antônio Carlos provavelmente é refletida nas línguas faladas por seus habitantes. É a valorização desse patrimônio linguístico que está no âmago da iniciativa de cooficializar a língua Hunsrückisch ou simplesmente ‘Hunsrücke’”, complementa Morello.

Para o levantamento de dados linguísticos no município, preveem-se duas etapas: o censo linguístico, que produzirá indicadores sobre a língua Hunsrückisch permitindo visualizá-la em suas funções básicas sociais e assim subsidiar e fundamentar a tomada de decisões sobre ela, e o diagnóstico sociolinguístico, que aprofundará o conhecimento sobre os usos do Hunsrückisch em Antônio Carlos, sobretudo quanto à sua modalidade escrita. Ambas as etapas poderão orientar a adoção de uma perspectiva para o ensino da língua no município, por exemplo, ou outras políticas linguísticas com vistas à preservação do patrimônio linguístico – oral e escrito – da cidade.

As próximas etapas do censo linguístico serão a formação dos digitadores e a coleta de dados.

Fonte: e-Ipol

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Registro da Língua Talian como Patrimônio Cultural no Brasil é destaque no Jornal Nacional

Registro da Língua Talian como Patrimônio Cultural do Brasil é destaque no Jornal Nacional

Reportagem do Jornal Nacional (Rede Globo) de 31 de janeiro destacou o registro da Língua Talian como Patrimônio Cultural do Brasil. O Talian, juntamente com as línguas Guarani Mbya e Asurini do Trocará, são as primeiras línguas reconhecidas como Referência Cultural Brasileira pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ver notícia aqui) e agora fazem fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Essas línguas bem como os representantes de suas comunidades foram homenageados durante o Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística, em Foz do Iguaçu-PR, no dia 18 de novembro do ano passado (ver notícia aqui).

Assista o vídeo com a reportagem aqui ou visualize abaixo.


Abaixo replicamos a notícia publicada no portal G1.

Dialeto derivado do italiano vira patrimônio cultural no Brasil

O Talian é falado por cerca de meio milhão de pessoas, principalmente no sul do país, e já tem até dicionário com mais de 40 mil verbetes.

Desde o fim do ano passado o Brasil tem um novo dialeto registrado como Patrimônio Cultural.

No jogo de cartas, quem será que está ganhando? Impossível saber, a menos que você entenda talian.

“A gente pegou hábito e fala o italiano e continua com o italiano",  diz um dos frequentadores da roda.

Eles e cerca de meio milhão de pessoas no país. Programas em talian vão ao ar em mais de 200 rádios brasileiras. Afinal, o dialeto nasceu aqui mesmo, depois da vinda dos imigrantes da Itália para o país.

"Essa mistura de dialetos do Norte e Nordeste da Itália com o português deu origem aquilo que hoje chamamos de talian", explica o professor Darcy Luzzatto.

O professor Darcy é autor do dicionário de talian, que tem mais de 40 mil verbetes, e prepara a primeira gramática da língua, que é comum principalmente no Sul do país. Em Serafina Corrêa, na Serra Gaúcha, o dialeto é a segunda língua oficial da cidade.

“Tem os nonos, que se sentem mais acolhidos quando a gente fala o dialeto com eles”, explica a vendedora Odete Lazzarotto.

Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, os cidadãos brasileiros foram proibidos de falar qualquer idioma vindo de países inimigos. E a Itália era um desses países. Por isso, imigrantes e descendentes passaram a ser vigiados pela polícia, para que não descumprissem a lei.

O nono Etelvino, patriarca da família Bazzo, conta que a lei durou pouco tempo, mas deixou uma herança de preconceito.

“Chamavam colono grosso porque ele não sabia falar ‘brasileiro’”, conta.

Por isso, o reconhecimento do dialeto como língua e referência cultural brasileira pelo Ministério da Cultura (MinC) no fim do ano passado pode ajudar a manter o talian vivo também entre os jovens.

“Sendo uma língua oficial, há um status diferente. Traz orgulho e traz uma consciência de que é uma outra língua, que não é o português. Se se fala o talian, se preserva toda essa cultura da imigração italiana no Brasil”, destaca Paulo Massolini, presidente da Federação das Associações Ítalo-Brasileiras do RS.

Fonte: G1

Notícias relacionadas:

Língua vai virar patrimônio cultural (reportagem veiculada em telejornal do SBT-RS em 19/11/2014)


Língua de imigrantes italianos se torna patrimônio brasileiro (reportagem veiculada no Jornal Hoje em 20/11/2014)


Fonte: e-Ipol.org