Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Rosângela Morello em entrevista sobre diversidade linguística ao programa Páginas de Português da RTP

Rosângela Morello em entrevista sobre diversidade linguística ao programa Páginas de Português da RTP

Fala de Rosângela Morello na entrega do diploma de reconhecimento da língua indígena Guarani Mbya no Seminário de Foz do Iguaçu (Fonte: Facebook de Maria Ceres Pereira)
A coordenadora-geral do IPOL, Rosângela Morello, concedeu uma entrevista o programa Páginas de Português, transmitido pela Rádio Antena 2, da Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

O tema da entrevista é a importância do I Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística, realizado em Foz do Iguaçu-PR, mês passado. Na entrevista, Morello destaca a importância do evento tanto como uma política de reconhecimento e conhecimento das línguas brasileiras por parte do Estado brasileiro, quanto de diálogo com outros países com suas respectivas iniciativas políticas concernetes à diversidade das línguas. A entrevistada discorre também sobre questões como o Inventário da Diversidade Línguística (INDL) e a cooficialização de línguas nos municípios brasileiros, a importância do espanhol nas regiões de fronteira entre o Brasil e países vizinhos, além da difusão e do futuro da língua portuguesa no mundo.

Ouça a íntegra da entrevista aqui

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Patrimônio, língua talian luta para sobreviver no Brasil

Patrimônio, dialeto talian luta para sobreviver no Brasil

Os descendentes dos imigrantes italianos tentam manter o dialeto talian vivo.

Língua falada por descendentes de italianos é forte no sul do país

Por Tatiana Girardi

Os descendentes dos imigrantes italianos que chegaram ao Brasil nos séculos passados conseguiram um reconhecimento inédito: ver o dialeto talian ser considerado uma "Referência Cultural Brasileira" pelo Ministério da Cultura.

Com origens no norte da Itália, de onde a maioria dos italianos veio para povoar a região sul e sudeste do Brasil, o dialeto também é conhecido como o "vêneto brasileiro". Porém, o que é falado atualmente no país é uma verdadeira mistura de diversos dialetos italianos das regiões da Lombardia, Trentino Alto-Ádige, Piemonte, Toscana e, claro, do Vêneto.

Apesar do reconhecimento, o medo de perder a tradição é grande. Isso porque muitos jovens, por vergonha ou por receio, não aprendem a língua. Para Aliduino Zanella, presidente da Federação de Entidades Ítalo-Brasileiras do Meio-Oeste e Planalto Catarinense (Feibemo) e mestre e pesquisador de talian, esse receio foi causado pelo governo de Getúlio Vargas.

"É uma consequência do período em que era proibido falar os idiomas que não fossem o português. Os pais, receosos, não mais repassaram aos filhos essa língua cultural", destacou Zanella.

O especialista se refere a uma lei promulgada em 1940 que proibia qualquer cidadão brasileiro de falar um idioma que envolvesse "os países inimigos" na Segunda Guerra Mundial: Alemanha, Japão ou Itália. Com isso, os descendentes e os imigrantes eram vigiados por policiais e todo o material sobre sua cultura era queimado.

Mesmo as pequenas cidades do interior do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sofreram com a pressão policial. Isso fez com que a tradição da língua fosse se perdendo com o tempo.

Mas nem tudo está acabado para as novas gerações. Para Jaciano Eccher, que tem um blog sobre tradições italianas, o "Italiani in Brasile", e produz programas em talian para rádios, o reconhecimento do dialeto fez bem para a cultura no Brasil.

"Depois que foi reconhecido, a procura entre jovens pelo dialeto aumentou. Eles têm entre 17 e 29 anos e querem manter a tradição. Se nós não batalharmos pelo talian, poderemos ser a última geração a usar o dialeto", destacou Eccher.

De acordo com Ubiratan Souza, professor de italiano e especialista em dialetos, o reconhecimento também é uma "relevante notícia que apareceu em um momento oportuno".

"Vivemos um momento em nosso país que as minorias étnicas tem recebido atenção especial do governo nos últimos anos. É um modo de dar visibilidade ao talian", ressaltou.

Tanto Souza como Zanella destacam, porém, que é preciso que o dialeto seja colocado na grade curricular de escolas para conscientizar as pessoas da importância dessa língua falada pelos imigrantes.

"É preciso um esforço maior entre o governo e as instituições brasileiras e italianas para não perder esse pedaço importante da história entre os dois países", destacou Souza.

Segundo o presidente da Feibemo, atualmente "são mais de 300 programas de rádio que transmitem a língua e a cultura talian".

Uma das dificuldades para ensinar o talian é que o dialeto não tem uma única grafia. No entanto, segundo Eccher, os líderes dos grupos que querem preservar a língua têm tentado compilar em dicionários todos os verbetes. Ele mesmo está escrevendo um exemplar que inclui a versão do italiano gramatical para cada palavra.

"O dialeto cria o sentimento de pertencimento, identifica e coloca o indivíduo na dimensão precisa de sua história pessoal. É um patrimônio cultural para ser defendido", ressaltou o professor Souza.

Ele ainda conta uma curiosidade sobre uma das palavras mais usadas por todos os brasileiros.

"A palavra "tchau" usada em português se refere ao "ciao" usado pelos descendentes do vêneto quando eles eram rejeitados pelos brasileiros", disse.

E a luta que levou ao reconhecimento do talian pelo MinC pode ser a porta para o reconhecimento de outros dialetos. Segundo a Unesco, no Brasil são falados 210 idiomas por minorias, sendo que 70 deles têm alguma relação com os imigrantes de vários países que vieram para o Brasil ao longo dos séculos. 

Fonte: ANSA Brasil

domingo, 14 de dezembro de 2014

Abertas inscrições de trabalhos para o Simpósio "Educação Intercultural e Diversidade Linguística"

Abertas inscrições de trabalhos para o Simpósio "Educação Intercultural e Diversidade Linguística" 

Estão abertas as inscrições de trabalhos para o Simpósio "Educação Intercultural e Diversidade Linguística", a ser realizado no III Encuentro de las Ciencias Humanas y Tecnológicas para la integración de la América Latina y el Caribe, a se realizar nos dias 07 a 09 de maio de 2015, em Goiânia-GO.

Coordenado pelos professores Erineu Foersteb (UFES), Rainer Enrique Hamel (Universidade Autônoma Metropolitana do México) e Rosângela Morello (coordenadora-geral do IPOL), o simpósio tem como data limite de postagem dos resumos o dia 01º de janeiro e de postagens dos trabalhos completos o dia 31 de janeiro. O endereço para postagem tanto dos resumos quanto dos trabalhos completos é simposiogoiania2015@yahoo.com.br 

Simpósio 40 – Educação Intercultural e Diversidade Linguística (ver pdf aqui)

RESUMO: A América Latina e Caribe apresentam indiscutível diversidade de culturas e línguas. Tal fenômeno remete-nos aos Povos Tradicionais e seus respectivos territórios, como: indígenas, quilombolas, ciganos, pomeranos etc. Em suas lutas históricas de resistência, criaram condições concretas para a preservação do seu capital linguístico. Desse processo de resistência popular, construíram-se pedagogias alternativas, através das quais as culturas puderam ser aos poucos reconhecidas e mantidas. A educação escolar oficial pouco trabalhou esta problemática. Esforços teóricos e práticos dialéticos inovadores e transformadores foram produzidos, porque acadêmicos problematizam, juntamente com os Povos Tradicionais, a ausência de políticas culturais e linguísticas referenciadas às etnias e grupos minoritários. Promove-se educação intercultural bilíngue. Trata-se de favorecer diálogo entre as culturas (Paulo Freire e Enrique Dussel), para fortalecer processos emancipatórios que contribuem à organização política coletiva de todos como sujeitos de direitos na diversidade. Neste simpósio, em um eixo, discute-se interculturalidade como práxis, pois fundamenta, entre outros aspectos: a) lutas coletivas por direitos sociais dos excluídos; b) processos de resistência coletivos ao projeto hegemônico internacional de progresso e desenvolvimento das elites econômicas; c) produção coletiva de outra hegemonia (Gramsci), como práticas educativas diferenciadas, que promovem transformações da sociedade de classes. Em outro, discute-se o recente reconhecimento da diversidade linguística no Brasil como abertura para questões de ordem política e pedagógica ligadas ao ensino bi e plurilíngue. Experiências ligadas ao Ensino do P´urhepecha, Michoacán, México, do Pomerano no Espírito Santo, Brasil, e em Escolas das Regiões de Fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia, fornecem aportes para essa discussão.

Palavras-chave: educação bilíngue; diversidade linguística; interculturalidade.

Para maiores informações, acesse o site http://www.dialogosenmercosur.org/.

Fonte: e-Ipol

domingo, 7 de dezembro de 2014

Projeto de Valorização da Produção Tradicional da Rota do Enxaimel em Pomerode

Projeto de Valorização da Produção Tradicional da Rota do Enxaimel em Pomerode

O pão de cará, a torta de aipim, o café local do tipo arábica, o Kochkäse (queijo cozido), a gengibirra ou cerveja de gengibre (Ingwerbier ou Spritzbier) e o melado de cana, foram os produtos escolhidos pelos produtores rurais de Testo Alto e demais localidades do município de Pomerode para o desenvolvimento do projeto de valorização da produção tradicional relacionada com a paisagem cultural da Imigração em Santa Catarina.

O lançamento oficial da marca e embalagens aconteceu no dia 4 de dezembro, no Salão Belz, que é um dos bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, inserido no Conjunto Rural de Testo Alto. A ação faz parte do projeto Roteiros Nacionais de Imigração e foi desenvolvida com recursos do IPHAN através de convênio com a Fundação Cultural de Pomerode, que buscou o conhecimento e a experiência do Eng. Agrônomo Otto Walter Schmiedt, da empresa KAS Assessoria e Consultoria Ltda, para sua realização. O projeto conta ainda com a parceria da Associação Rota do Enxaimel e também com a participação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri.

Ao longo de quatro meses de trabalho, uma série de reuniões e oficinas foram realizadas junto com os produtores, com o objetivo de resgatar receitas e selecionar os primeiros produtos que receberiam certificação de “produto original”. Cerca de 120 produtores rurais de Pomerode participaram das oficinas de planejamento inicial e de qualificação

Os Produtos Originais são produzidos com matérias primas locais, recheados de muita cultura e amor às tradições, cultivadas pelos moradores das comunidades rurais. O pão de cará, a torta de aipim, o café, o Kochkäse, a gengibirra e o melado de cana fazem parte de uma ampla gama de produtos locais que fazem parte da tradição alimentar e da culinária das regiões de imigração no sul do Brasil, especialmente no Vale do Itajaí em Santa Catarina.

Histórico do projeto
O convênio com a Fundação Cultural de Pomerode foi assinado pelo Iphan em 2012 e tem como objetivo o desenvolvimento de ações previstas pelo projeto Roteiros Nacionais de Imigração em Santa Catarina, por meio da consolidação e valorização da Rota do Enxaimel, da identificação e reconhecimento dos modos de fazer e demais manifestações de natureza imaterial e da conservação e manutenção de bens de valor cultural das áreas tombadas e de entorno do Conjunto Rural de Testo Alto, em Pomerode.

O projeto apontou ainda a necessidade e importância de estruturação de um espaço comunitário onde os produtores possam fazer e comercializar seus produtos, dentro das normas sanitárias e de forma cooperada, garantindo a continuidade e transmissão do conhecimento para as novas gerações. Esta é uma forma alternativa geração de renda que, aliada à visitação local que vem sendo estimulada pela Rota do Enxaimel, pode trazer uma nova oportunidade de sustentação econômica para a região.

Esta é uma ação prioritária para o IPHAN em Santa Catarina, que alia a preservação do patrimônio cultural com uma alternativa de desenvolvimento humano e econômico equilibrado e sustentável, dentro da proposta de reconhecimento da paisagem cultural da imigração.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Políticas públicas podem preservar 230 idiomas no Brasil

Políticas públicas podem preservar 230 idiomas no Brasil

Aline de Melo Pires

Foto: Marcello Casal Jr. - Agência Brasil
A herança cultural de um povo é preservada por sua língua. No Brasil, o idioma oficial é a Língua Portuguesa, mas existem, além dela, mais 230 línguas faladas no País. Desse total, 200 são de tribos indígenas e 30 de descendentes de imigrantes. Parece muito? Estima-se que, quando os portugueses atracaram por aqui, esse número chegava perto de 1 mil.

A falta de políticas públicas para preservar os idiomas e a característica cultural das suas comunidades está entre os principais motivos que levam à extinção de uma língua. A afirmação é da professora Ana Elvira Gebara, do curso de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo (SP). “As línguas estão muito ligadas à situação social e histórica em que as comunidades vivem. O que acontece com as línguas indígenas, por exemplo, é que, se você não tem uma política para essas comunidades, a língua morrer é um reflexo de como elas estão sendo tratadas dentro do País”, afirma.

Atualmente, alguns idiomas são dominados por comunidades pequenas, que envolvem poucos integrantes. É possível, portanto, que muitos sejam extintos no futuro. Segundo a professora, contudo, não se pode prever quantas línguas deixarão de existir, pois essa tendência depende do movimento da sociedade e do que seguirá importante, ou não, para ela. A língua, conforme Ana, é a possibilidade de interação que o ser humano tem. Se não há essa interação, se perde uma forma de olhar e entender o mundo.

Interação e otimismo
Apesar das estatísticas, há iniciativas em curso em prol da manutenção dos idiomas nas comunidades brasileiras. Um exemplo é um projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Recentemente, o órgão reconheceu três idiomas falados no Brasil como Referências Culturais Brasileiras. As línguas Talian, Asurini do Trocará e Guarani Mbya foram as primeiras a serem reconhecidas e passaram a fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Os representantes de suas comunidades foram homenageados durante o Seminário Ibero-americano de Diversidade Linguistica, em Foz do Iguaçu/PR, entre 17 e 20 de novembro.

O Talian é falado por uma parte dos imigrantes italianos nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O idioma começou a ser adotado quando os italianos chegaram ao País, no fim do século 19. Existem cidades em que ele é a língua co-oficial, como em Serafina Corrêa/RS, e tem tanta relevância quanto a Língua Portuguesa.

O Asurini do Trocará ou do Tocantins é a língua dos indígenas que vivem às margens do Rio Tocantins, na cidade de Tucuruí (PA). A língua faz parte da família linguística Tupi-Guarani. Já o Guarani Mbya é uma variedade moderna da Língua Guarani, junto com o Nhandeva ou Ava Guarani e o Kaiowa. A região dos povos que falam Guaranu Mbya compreende a faixa litorânea que vai do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul e ainda a fronteira entre Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Distribuídos por várias comunidades, os Guarani representam uma das maiores populações indígenas do País.

Mobilização das comunidades
O reconhecimento dessas três línguas como Referências Culturais Brasileiras foi um pedido das próprias comunidades ao Iphan e representam o começo do que pode ser um resgate cultural no País. “O Brasil não é um País de uma só língua - estão envolvidos muitos aspectos culturais que significam elementos de transmissão e não podem ser perdidos”, explica  Giovana Ribeiro Pereira, representante do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan.

Com o intuito de ser reconhecida e integrar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística, uma língua precisa ser falada em território nacional há, no mínimo, três gerações. O objetivo do Inventário é associar a expressão linguística a sua comunidade de referência e valorizar a expressão como aspecto relevante do patrimônio cultural brasileiro. Para fazer o pedido, os representantes das comunidades devem encaminhar a solicitação ao Iphan. Esse pedido é analisado por uma comissão técnica formada por representantes dos ministérios da Cultura, Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, Justiça e Planejamento.

Assim como o português, outros idiomas falados no Brasil estão em constante evolução. Mas manter a autonomia e as raízes também depende dos próprios representantes das comunidades. “Existe uma escola em Caraguatatuba que tem alunos índios. Quando é preciso mandar bilhete para os pais, eles são enviados para o chefe da tribo. Computador eles conhecem, mas chamam de ‘caixa do pensamento’, ou seja, estão integrados à influência externa, evoluem, mas mantêm sua essência”, conclui Ana.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Línguas regionais e de minorias na Alemanha

Línguas regionais e de minorias na Alemanha

Uma entrevista com o encarregado do governo alemão para questões relacionadas com Aussiedler e minorias nacionais, Hartmut Koschyk, sobre o papel das línguas regionais e de minorias na Alemanha.

Senhor Koschyk, como encarregado do governo alemão para questões relacionadas com Aussiedler e minorias nacionais, o senhor se interessa também pelo legado cultural de línguas regionais e de minorias na Alemanha. Quais dessas línguas são faladas na Alemanha?

Em virtude da Convenção do Concelho da Europa, as quatro minorias nacionais reconhecidas na Alemanha – a minoria dinamarquesa, os sorábios, os frísios, os Sinti alemães e os Roma alemães e as respetivas línguas – o dinamarquês, o alto e o baixo sorábio, o Nordfriesisch e o Saterfriesisch, bem como o romani - estão protegidas. Os membros de minorias nacionais na Alemanha cultivam costumes e hábitos seculares. A língua representa a sua identidade cultural, que transmitem aos filhos e netos. O mesmo se aplica aos falantes da língua regional Niederdeutsch/Platt. Essa língua regional está igualmente protegida na Alemanha.

Por que é importante promover essas línguas?

A proteção e a promoção das minorias com raízes históricas, das suas línguas, como também da língua regional Niederdeutsch contribuem para preservar e desenvolver a riqueza cultural na Alemanha. A diversidade cultural, por sua vez, promove a tolerância e a aceitação, elementos essenciais para uma democracia vivida de forma pluralista.

O reconhecimento de línguas regionais é certamente um importante gesto simbólico – qual é significado prático?

A atividade do meu departamento se estende, além das minorias nacionais, à proteção e à promoção da língua regional Niederdeutsch. Para os falantes de Niederdeutsch foi também criado um comitê consultivo no Ministério do Interior. Esse comitê assegura o contato dos falantes dessa língua regional com o Governo Federal, com o Parlamento Alemão e com os oito Estados onde se fala Niederdeutsch.

Mais, o grupo linguístico Niederdeutsch é apoiado financeiramente pela Encarregada do Governo Federal para Cultura e Mídias.

O que tenciona fazer para dar mais relevo às línguas?

A conferência “Charta-Sprachen in Deutschland - Ein Thema für alle!”* sob o patrocínio do Prof. Dr. Lammert, presidente do Parlamento, é o ponto de partida para uma intensa interação com os falantes das línguas regionais e de minorias. O objetivo da conferência é promover a proteção e o cultivo das línguas regionais e de minorias, sobretudo no âmbito parlamentar.

Em 1992 a Alemanha fez parte do grupo de primeiros países signatários da “Carta das Línguas Regionais e de Minorias” do Concelho da Europa. Qual foi, até agora, o efeito dessa Carta, e o que se pretende dela no futuro?

A finalidade da Carta é fazer com que as línguas regionais e de minorias tradicionalmente faladas em um determinado Estado contratante sejam protegidas e promovidas enquanto aspeto ameaçado do patrimônio cultural europeu. Em muitas regiões, as línguas regionais e de minorias são visíveis ao público. Aparecem em placas com nomes de cidades, e podem mesmo ser usadas em tribunais ou em contatos com a administração pública. Contudo, ainda há muito a fazer no futuro; uma das prioridades é convencer as novas gerações da necessidade de preservar e desenvolver as línguas regionais e de minorias.

Como são apoiados os membros das minorias nacionais na Alemanha?

As minorias nacionais recebem apoio financeiro tanto do governo federal, como dos governos estaduais e dos municípios. As minorias nacionais na Alemanha estão reunidas em um Conselho das Minorias em Berlim e mantêm, em conjunto, uma Secretaria das Minorias em Berlim. Paralelamente, existem vários organismos que apoiam as minorias nacionais. Por exemplo, o Governo Federal nomeou um encarregado para questões relacionadas com Aussiedler e minorias nacionais, que serve de interlocutor para todas as questões das minorias nacionais. No Parlamento Alemão existe um comitê consultivo, e o Governo criou um fórum para as minorias nacionais reconhecidas e para os falantes de Niederdeutsch.

Em que medida a Alemanha colabora com outros países em matéria de minorias?

A Alemanha apoia as iniciativas do Concelho da Europa, da União Europeia (UE) e da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), mantendo assim vários contatos bilaterais com outros países. Nas minhas viagens para encontrar as minorias alemães no estrangeiro, marco sempre encontros com membros do governo e deputados responsáveis por questões relacionadas com minorias. No caso da Ucrânia, por exemplo, este ano intensifiquei os contatos no âmbito da proteção de minorias.

*Conferência “Charta-Sprachen in “Deutschland – Ein Thema für alle!”, dia 26 de novembro de 2014 em Berlim