Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

domingo, 29 de junho de 2014

Seminário Internacional "Festas, comemorações e rememorações na imigração" e XXI Simpósio de História da Imigração e Colonização

Seminário Internacional "Festas, comemorações e rememorações na imigração"
XXI Simpósio de História da Imigração e Colonização

São Leopoldo-RS
O Seminário Internacional "Festas, comemorações e rememorações na imigração" e o XXI Simpósio de História da Imigração e Colonização serão realizados no Auditório Pe. Bruno Hammes, centro 4, campus São Leopoldo, da UNISINOS, de 24 a 26 de setembro de 2014

Os eventos objetivam propor a discussão dos conceitos de imigração e colonização em âmbito internacional. A temática da presente edição enfatiza as múltiplas festas, comemorações e rememorações relativas à imigração em tempos e espaços diversos. O evento possibilitará inúmeras abordagens no que tange à pesquisa, escrita e análise da história da imigração e colonização.

Para maiores informações, acesse aqui a página dos eventos.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Conheça a história do Evento POMERbr

Breves Palavras Sobre a História do Evento POMERbr

O Evento POMERbr

A proposta de criar um evento Nacional para discutir as questões da cultura, do pertencimento e dos modos de ser dos pomeranos, nasce dentro do contexto da diversidade cultural e tem como pressuposto o Plano Nacional de Direitos Humanos - III (Decreto Nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009.), especialmente nas sua diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. Esse documento orientador apresenta como objetivos: ‘Afirmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária; Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais como Direito Humano e apresenta como proposição de Ações Programáticas: promover ações de afirmação do direito à diversidade das expressões culturais, garantindo igual dignidade e respeito por todas as culturas’. (PNDH-3, p. 94)

Algumas pequenas ações culturais de registro e de reconhecimento eram executadas nos estados de Rio Grande do Sul e do Espírito Santo em espaços sociais geo-políticos onde habitam pomeranos. Partindo da premissa da Educação Popular que emancipação cultural se faz a partir de reconhecimento de si e dos outros, a proposta da partilha dos olhares de quem somos nós e o que queremos como futuro se colocou como uma necessidade.

Desse modo, o encontro com sujeitos pesquisadores e ativistas culturais foi um caminho natural. Lembro-me muito bem que estava eu em Belo Horizonte apresentando dados da pesquisa sobre os pomeranos da Serra dos Tapes (sul do RS) no ENDIPE 2010, quando ao final de minha apresentação duas pessoas presentes na sala declararam que desejavam falar mais comigo sobre o trabalho. Aguardei então a finalização das demais apresentações e iniciamos o diálogo sobre a questão da cultura pomerana.
Eram duas mulheres vindas do estado do Espírito Santo especialmente para conhecer o trabalho que realizávamos. Quando se apresentaram senti nelas uma certeza, de que eram bem intencionadas e que, ao que tudo parecia, seriam parceiras de uma proposta que eu já vislumbrava a um tempo: a necessidade de reunir os grupos pomeranos espalhados pelo Brasil a fim de problematizar nossa condição na história a partir do registro da memória da cultura com vista a produção de um futuro desejado e necessário. Hoje percebo que minha primeira impressão foi acertada.

Sentados em uma roda de três pessoas, delineamos o que seria o surgimento do POMERbr. Expliquei a elas que estava promovendo no Rio Grande do Sul um Seminário para compartilhar as ações de registro da cultura local tendo a escola como instrumento, tratava-se do evento 'Seminário Cultura e Diversidade: Educação e memória Pomerana no Sul do Sul' que veio a ser denominado I POMERsul. Comentei com elas que tinha conhecimento de trabalhos de pesquisa e de registro da cultura pomerana no ES. E, imaginava ser possível, um dia, realizar um encontro que reuni-se sujeitos interessados em debater a questão pomerana sob os aspectos da memória, da história, da política, da educação e das perspectivas de futuro.

Após breves diálogos nos demos conta de que nossos propósitos eram os mesmos. E dessa conversa inicial ficou uma certeza entre nós: vamos realizar esse encontro. Declarei que lá no RS tínhamos um grupo grande de pessoas envolvidas. Elas declararam que também no ES havia um movimento intenso de pesquisas e ações com o tema. O encontro ia então germinando, ainda não tinha nome, era só uma idéia. Havia uma certeza: vamos realizá-la. E lembro que comentei com elas a necessidade de termos essa iniciativa e que ela custaria muito tempo de nossas vidas e alguns recursos econômicos, mas que a faríamos com poucas, algumas ou muitas pessoas. Que se tivéssemos 5 pessoas discutindo essas questões já teríamos alcançado êxito em nossas proposições.

Nesse encontro estavam: Prof. Carmo Thum, Profa. Síntia e Profa. Adriana V. G. Hartuwig. Falamos de vários nomes de sujeitos que conhecíamos pessoalmente ou por produção bibliográfica que seriam possíveis parceiros nessa empreitada. Me parece que o princípios dos camponeses de que acordo firmado é acordo cumprido se estabeleceu com plenitude. Cada um rumou para sua residência, seus afazeres e compromissos e após alguns dias iniciamos conversas por e-mail, tentando dar forma concreta as idéias lá germinadas. 

E é desses encontros e propósitos que surge POMERbr. O que mais tenho a dizer sobre essa história? Pouco e muito, mas já é uma história compartilhada com mais de uma dezena, que se transformou em centena em pequeno espaço de tempo e que hoje é história de muitos e um fazer coletivo que se espraia por SC, RO, MG. Desejo é que a proposição inicial seja sempre nossa referência: coletivamente necessitamos nos questionar e problematizar quem somos, porque somos e o que desejamos ser enquanto grupo cultural. De resto, a história depende do que agora já é o III POMERbr e do que pode ser, talvez, um POMERMUNDUS.

Manter sempre a clareza de que somos mistura, que só somos na inter-relação com os outros, que somos produtos de muitas expressões e que é na diversidade e no diálogo que encontraremos a possibilidade de futuro.

Escrevo esse relato uma manhã fria de abril, nessas de início de inverno no RS, e casualmente olho para o calendário e dou-me por conta que é 16 de abril de 2013.

Um abraço a todos.
Prof. Dr. Carmo Thum

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Voz da colônia, radialista mistura português e japonês em programa

Voz da colônia, radialista mistura português e japonês em programa

Hashinaga começou no rádio
 em 1971 por hobby (Foto: Ariane Viana/G1)
Paixão pela música e pela comunidade mantém Paulo Hashinaga na ativa.

Ariane Viana
Do G1 Presidente Prudente

Há mais de 43 anos, o radialista Paulo Hashinaga se dedica ao trabalho diário em uma emissora de Presidente Prudentecom uma curiosidade: a junção da língua portuguesa e japonesa no mesmo programa. O trabalho começou como hobby em 1971 e fez, hoje, com que ele se tornasse uma espécie de porta-voz da comunidade nipônica no Oeste Paulista. O programa vai ao ar todos os dias, durante uma hora, e conta com assuntos de interesse da colônia, como eventos, notícias municipais e música popular japonesa.

A carreira do radialista começou a partir de um convite do amigo, o também radialista Kendi Sato. O profissional convidou Hashinaga para fazer uma participação na exposição agrícola na Associação Cultural Agrícola e Esportiva (Acae) em 1971.

“Nesse evento, eu comecei a ajudar na entrega dos prêmios e me mostrei interessado pela área. Foi, então, que perguntaram o porquê eu não fazia um programa, já que eu falava ambas as línguas. A ideia deu certo e amo o que faço até hoje”, contou o radialista nesta quarta-feira (18/06), quando são celebrados os 106 anos da imigração japonesa no Brasil.

Radialista é apaixonado pela música
 popular japonesa (Foto: Ariane Viana/G1)
Hashinaga relata ainda que, além do incentivo dos amigos, o que o mantém no ar diariamente é o fanatismo pela música. Paixão que vem antes mesmo do rádio e fez com que, nos anos 60, participasse de um grupo musical formado apenas por descendentes japoneses em Presidente Prudente. Ele tocava bandolim.

“Eu adoro música, tenho vários CDs, fitas, discos de música popular japonesa, então eu aproveito esse amor que eu tenho e divido com meus ouvintes”, disse.

Tanto tempo no ar é significado de sucesso para ele, que, com 82 anos, não pensa em desistir do trabalho. Ele comenta que todos os dias recebe ligações de toda a comunidade com elogios e sugestões sobre o programa em português e em japonês. “Gosto muito quando o público entra em contato comigo, isso me mantém ativo para fazer um programa melhor a cada dia”.

Em comemoração à chegada da imigração Japonesa no porto de Santos em 1908, o radialista fez um programa voltado a todos da comunidade, composto de celebração e muita música. “Fico muito feliz de poder ter um meio de contar um pouco sobre a história da chegada da imigração no Brasil e, hoje, fui ao ar transbordando alegria”, finalizou.

Nos anos 60, ele tocava bandolim em um grupo musical
 formado apenas por descentes japoneses (Foto: Ariane Viana/G1)
Fonte: G1

domingo, 15 de junho de 2014

Ipol realiza Censo Linguístico e Diagnóstico da Língua Hunsrükisch

Ipol realiza Censo Linguístico e Diagnóstico da Língua Hunsrükisch

O Ipol - Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística - executará o censo linguístico e o diagnóstico da língua Hunsrückisch na cidade de Antônio Carlos, Santa Catarina. A iniciativa contará com a realização da Secretaria Municipal de Educação e terá apoio da Secretaria de Saúde do município.

Em mais um passo para a concretização do censo linguístico, o Ipol realizará a formação de recenseadores nos dias 24/06 e 01/07, no Auditório da Secretaria de Saúde de Antônio Carlos.

Localizada a 32 km de Florianópolis e com uma população de 7.906 habitantes, segundo o IBGE (2010), Antônio Carlos foi a primeira cidade do Estado a aprovar uma lei cooficializando uma língua de imigração, o Hunsrückisch. A cooficialização foi aprovada, por unanimidade, por sua câmara municipal, em 09/02/2010 (ver documento com a lei aqui), depois de muitas reuniões e da realização de três audiências públicas (nas comunidades do Louro, Rachadel e Centro).

Antônio Carlos é um dos 12 municípios brasileiros a empunhar uma política linguística de reconhecimento da história e da língua de grande parte de sua população como forma de aprofundar os vínculos identitários e planejar ações de desenvolvimento social e econômico pautado pelo fortalecimento das iniciativas locais.

Iniciativa semelhante foi realizada em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, que cooficializou também em lei municipal a língua pomerana em 2009 (ver texto da lei aqui), o que desencadeou uma série de ações, dentre as quais a realização do censo linguístico, protagonizado pela secretaria de educação do município em parceria com o Ipol.

“Com a cooficialização do Hunsrückisch em Antônio Carlos”, afirma Rosangela Morello, coordenadora geral do Ipol, “tem início outra etapa em prol da regulamentação da lei e da implementação de ações para ampliar os âmbitos de usos da língua. São ações que visam a legitimar processos históricos da imigração no Brasil, reconhecendo sua importância na formação da sociedade brasileira”. Rosangela nos lembra também que a região onde atualmente se localiza o município era ocupada por indígenas Xokleng. A partir de 1830 recebeu imigrantes oriundos da região do Hunsrück, sudoeste da Alemanha, como aconteceu em outras localidades no Rio Grande do Sul (Ivoti, Sapiranga, Bom Princípio, Novo Hamburgo, Nova Hartz, Araricá, Presidente Lucena, Morro Reuter). A partir de 1840, açorianos acompanhados de escravos negros também se instalaram na região. Anos mais tarde, libaneses, ingleses e belgas também se estabeleceram no município. “Toda essa diversidade na formação de Antônio Carlos provavelmente é refletida nas línguas faladas por seus habitantes. É a valorização desse patrimônio linguístico que está no âmago da iniciativa de cooficializar a língua Hunsrückisch ou simplesmente ‘Hunsrücke’”, complementa Morello.

Para o levantamento de dados linguísticos no município, preveem-se duas etapas: o censo linguístico, que produzirá indicadores sobre a língua Hunsrückisch permitindo visualizá-la em suas funções básicas sociais e assim subsidiar e fundamentar a tomada de decisões sobre ela, e o diagnóstico sociolinguístico, que aprofundará o conhecimento sobre os usos do Hunsrückisch em Antônio Carlos, sobretudo quanto à sua modalidade escrita. Ambas as etapas poderão orientar a adoção de uma perspectiva para o ensino da língua no município, por exemplo, ou outras políticas linguísticas com vistas à preservação do patrimônio linguístico – oral e escrito – da cidade.

Fonte: e-Ipol.org

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Rádios do RS analisam jogos da Copa em línguas brasileiras de imigração

Rádios do RS analisam jogos da Copa em dialetos europeus

por Vanessa Kannenberg

Emissora de Bento Gonçalves transmite informações no dialeto italiano vêneto e em Westáflia, outra rádio divulga as notícias em sapato-de-pau, derivado do alemão. Ambas pelas ondas do rádio e também na internet

Em Bento Gonçalves, emissora vai fazer concentração em cantina com comida típíca italiana em jogos da Itália - Foto: Cesar Lopes / Especial
A Copa do Mundo volta ao Brasil depois de 64 anos, mas nem por isso tudo é verde e amarelo por aqui. A partir desta quinta-feira, com o apito inicial do campeonato, pelo menos duas rádios gaúchas dão o pontapé em programações especiais sobre o Mundial em dialetos europeus. 

Mais do que isso, o alemão sapato-de-pau e o italiano vêneto são referências até mesmo fora do país, mas que correm risco de se perder na globalização da cultura. E tem muita gente esperando pra conferir as transmissões especiais.

Assista ao vídeo com um programete gravado nos dois dialetos com tradução para o português:


A Copa em sapato-de-pau

Pelas ondas da Rádio Líder FM, na frequência 98,3, em Westfália, no Vale do Taquari, a comunidade descendente de alemães vai ouvir boletins ao longo da programação em Plattdüütsch, ou, simplesmente, sapato-de-pau. No município, o criador, proprietário e locutor da rádio comunitária, Ido Ahlert, 57 anos, estima que mais da metade da população de 2,8 mil habitantes entenda o dialeto.

— Muito já se perdeu, mas 60%, se não fala, ao menos entende. E tem muitos moradores, principalmente, os mais idosos, que só querem conversar em sapato-de-pau. Eles me ligam e pedem: jamais pare com o programa — comenta, orgulhoso, o comunicador.

Isso porque, mesmo fora do período da Copa, Ahlert mantém dois programas, um aos domingos de manhã, bilíngue, e outro nas segundas à noite, em sapato-de-pau, com informações, mensagens e música. 

Ahlert fundou a rádio há cinco anos e mantém estúdio em casa - Foto: Cesar Lopes
A iniciativa já lhe rendeu convites para ir a Alemanha, conduzir programas no dialeto, e, depois de estrelar o episódio O locutor da série comercial Brasileiros de Coração, do Banco Itaú, Ahlert também foi chamado por rádios nacionais para comentar a Copa.

— Não aceitei nada, porque meu lugar é aqui, junto da minha família e fazendo o que faço para agradar à comunidade. Tenho ouvintes fiéis também em outros Estados e fora do país, é pra eles que me dedico — resume Ahlert, já que a rádio, que fica no ar das 6h às 22h, é transmitida ao vivo pela internet.

Tendo aprendido com os pais e avós, e jamais na escola, o locutor desconhece como se escreve o sapato-de-pau ou até mesmo o alemão oficial, idioma que também domina. Mas está frequentando aulas sobre o dialeto, a cada dois meses, porque a vontade de ir além nunca acaba.

A Copa em vêneto

Da mistura do italiano oficial com o português, surgiu o vêneto, também chamado de talian, disseminado pelos imigrantes principalmente na serra gaúcha. O resultado, para os leigos, são frases fortes e cantadas formadas por várias palavras facilmente captadas por brasileiros. Esse é o dialeto que faz da Rádio Viva AM, 1070, de Bento Gonçalves, uma referência nacional graças à internet.

Nos anos 1980, a emissora chegou a ser 100% transmitida em vêneto. Mas a resistência de alguns foi fazendo com que o dialeto fosse perdendo espaço e, hoje, se resume a um programa diário de duas horas e outro aos domingos. O grande diferencial, implementado no início dos anos 1990, continua: transmissões de partidas importantes de futebol totalmente em vêneto.

— Já transmitimos a Copa da África, Libertadores, Copa do Brasil e todos os Gre-Nais e jogos importantes da região, sempre com muito humor — comenta um dos locutores da rádio, Itair Luiz Baldissera, 80 anos.

Ao lado de Rizzo, Pedro Vitor Rizzo, 58 anos, completa a dupla responsável pelas transmissões esportivas da Rádio Viva, de Bento, há duas décadas. Embora sejam só dois locutores, a inclusão de personagens, como a Nona Bambina, o Nono Nani e o Cigano, complementam as bem humoradas jornadas.

— Não temos a obrigação do jornalismo e da técnica nas jornadas, por isso não narramos lance a lance e conseguimos fazer só os dois. Abusamos do humor, de piadas e até cantamos durante os jogos, acho que é isso que cativa o público — completa Rizzo.

Pedro Vitor e Baldissera narram jogos em vêneto há duas décadas - Foto: Cesar Lopes
Nesta Copa, a emissora não poderá narrar a partida em vêneto, devido aos direitos de transmissão. Mas achou um jeito muito criativo de manter a tradição: nos dias de jogos da Itália, antes do início da partida, vai reunir locutores e ouvintes numa cantina, servirá queijo, salame e outros quitutes típicos italianos, junto de suco de uva e vinho. 

A concentração vai ser transmitida ao vivo pela rádio, com informações, palpites e humor em vêneto. No resto da programação, boletins e informações, também no dialeto, para a audiência acompanhar a Copa. E a torcida, é italiana ou brasileira?

— Tenho uma frase que virou bordão da rádio: o sangue é italiano e o coração é brasileiro. A gente torce em primeiro lugar pro Brasil e achamos que vamos ganhar. Mas se o Brasil não joga, a torcida é toda para a Itália — esclarece Rizzo.

Fonte: ZH

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Tese de doutorado investiga variedades dialetais do italiano como línguas de imigração no nordeste do RS

Processos de territorialização de variedades dialetais do italiano como línguas de imigração no nordeste do Rio Grande do Sul

Fonte: PINHEIRO, 2014 (clique na imagem para ampliar)
A tese de doutorado intitulada Processos de territorialização de variedades dialetais do italiano como línguas de imigração no nordeste do Rio Grande do Sul foi recentemente defendida por Luciana Santos Pinheiro, aluna do Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob a orientação do Prof. Dr. Cléo Vilson Altenhofen.

Confira abaixo o resumo da tese.

RESUMO

A presente pesquisa contribui com os estudos de plurilinguismo e contatos linguísticos, enfocando as relações entre língua e espaço pluridimensional. Seu tema são os processos de territorialização do italiano como língua de imigração na Região de Colonização Italiana no Nordeste do Rio Grande do Sul (RCI). Com base em um corpus organizado e disponibilizado por Frosi & Mioranza (1975; 1983), e complementado por dados de acervos diversos, pretende-se 1) mapear a diversidade dialetal dos imigrantes italianos que colonizaram a RCI, reconstruindo desta forma o estado de multilinguismo que provavelmente configurou a situação original da fase de bilinguismo italiano-português, e 2) descrever, a partir da interpretação dos mapas elaborados, os processos a) de territorialização (arealização [força centrífuga, de expansão] e insulamento [força centrípeta, de recolhimento]), b) coineização e c) manutenção ou substituição de variedades dialetais no espaço multilíngue considerado. Tal propósito serve de base para uma série de estudos futuros, porque lança luz sobre a situação linguística das antigas colônias (colônias matriciais, al. Mutterkolonien) de onde as línguas de imigração italiana, sobretudo da coiné vêneto-sul-rio-grandense, se difundiram para colônias novas (colônias filiais, al. Tochterkolonien) no norte e noroeste rio-grandense, centro e oeste catarinense, sudoeste paranaense, bem como em áreas novas do centro-oeste, ou mesmo transpondo as fronteiras em direção a Misiones (Argentina) e Paraguai. Ao mesmo tempo, o estudo contribui para preencher lacunas nos censos demográficos brasileiros. Apesar de alguns esforços localizados de recenseamento, esses não dão conta da identificação, quantificação e distribuição da diversidade linguística brasileira, como reconhece o decreto nº 7.387, de 9 de dezembro de 2010, ao instituir o Inventário Nacional da Diversidade Linguística. Por outro lado, a compreensão dos processos de ocupação do espaço por populações exógenas e o papel da língua nesse processo representa para a pesquisa do plurilinguismo e dos contatos linguísticos uma contribuição de grande relevância. Para a análise das correlações entre língua e espaço, utilizamos como parâmetro de correlações, as variáveis apontadas por Altenhofen (2014 [no prelo]) como relevantes na descrição de territorialidades e processos de territorialização de línguas, variedades e comunidades de falantes. Incluem-se entre as variáveis observadas as correlações entre espaço e tempo, fronteiras, origem sociocultural, idade da localidade, diversidade étnica local, grau de isolamento e de urbanização, vias de comunicação e de migrações, além de configurações geográficas de ordem física. Como desafios para a cartografia da variação e diversidade linguística coloca-se a necessidade da elaboração de mapas em série, como sugere Thun (2010). Esse procedimento permite uma macroanálise dinâmica das relações sociais e linguísticas no espaço pluridimensional, e não mais estática, como ocorria na dialetologia tradicional. Os resultados mostram a relevância dessas correlações não apenas no mapeamento das áreas de plurilinguismo, mas também na compreensão da dinâmica de ocupação do espaço.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Vocabulário Ortográfico Comum: palavras de todas as cores para usar do Minho a Timor

Vocabulário Ortográfico Comum. Palavras de todas as cores para usar do Minho a Timor.

Por Marta Cerqueira

Um vocabulário comum aos países de língua portuguesa foi a exigência para aplicar o acordo ortográfico. Versão final é lançada a 22 de Julho.

Já todos se foram habituando às faltas dos “c” e dos “p” nas palavras portuguesas que se têm vindo a adaptar ao novo acordo. Mas como criar um vocabulário comum é mais do que impor regras, os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) lançaram uma plataforma que dá a conhecer a cultura linguística de cada país. São mais de 300 mil palavras, desde as que são comuns aos oito países até àquelas específicas de Portugal, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Timor-Leste, Guiné e Angola.

O Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) é uma base de dados disponível online para que todos possam consultar o banco de palavras a que se aplicam as regras do acordo. Apesar de estar ainda numa primeira fase, o vocabulário está já etiquetado com as regras linguísticas de cada palavra, assim como a sua origem e quais são os países em que se usa de forma mais frequente. O resultado final será lançado a 22 de Julho durante a cimeira de chefes de Estado da CPLP, a realizar em Díli.

A criação da plataforma esteve a cargo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que juntou equipas especializadas de cada país, de modo a que o trabalho fosse uniformizado. Gilvan Müller Oliveira, director executivo do instituto, explica que para alguns países esta foi a primeira oportunidade de preparar um vocabulário nacional. “Excluindo Portugal e Brasil, nenhum dos outros Estados tinha tradição na área, não existiam equipas técnicas preparadas, nem sequer um vocabulário organizado”, conta, referindo que isso trouxe dificuldades, mas também vantagens.

“Foi um trabalho riquíssimo e de grande descoberta linguística, mas exigiu alguma negociação diplomática”, admitiu Müller Oliveira. Guiné e Angola vão ficar por enquanto de fora do projecto apresentado este ano, mas espera-se que tenham trabalho para mostrar em breve. Angola que ainda não tinha ratificado o acordo, já não vê impedimentos para fazer isso. O comunicado da última reunião do conselho científico do IILP “não identifica quaisquer estrangulamentos e constrangimentos na aplicação do acordo ortográfico”. Gilvan Oliveira ressalva que, apesar de Angola ter financiado grande parte do trabalho, não tem ainda o seu vocabulário preparado para integrar a plataforma, estando o seu Ministério da Educação a trabalhar nas contribuições linguísticas. Assim, em Julho, o projecto juntará apenas os vocabulários de Portugal, Brasil, Moçambique, Timor, São Tomé, recentemente terminado, e o de Cabo Verde, em fase final de preparação.

ORIGEM - O VOC foi criado tendo como base a plataforma digital portuguesa, que juntou inicialmente o vocabulário de Portugal e do Brasil. Dois dos quatro membros da equipa portuguesa integram também o núcleo central de coordenação do projecto. Margarita Correia revela que têm sido anos de “intensa pesquisa e descoberta sobre a língua portuguesa”. A coordenadora portuguesa explicou que o acordo inicial estipulou que cada país faria um levantamento individual de documentação que inclui legislação, literatura, peças jornalísticas, textos científicos e técnicos sobre temas como as pescas, a agricultura, o meio ambiente e a saúde. Esse acervo foi recolhido de forma digital, do qual foram retiradas todas as palavras que dão origem a uma lista organizada por ordem de frequência com que a palavra é usada no país: “Nenhum dicionário tem a totalidade das palavras e nós também não vamos ter. Escolhemos a frequência como um dos critérios mais importantes, mas todos os vocábulos são revistos manualmente para que os imprescindíveis não faltem na lista final.”

Palavras banais como “casa”, “mãe” ou “jornal” são comuns às oito comunidades, mas a plataforma agrega também todas as que são específicas de cada país. O site reconhece a localização do computador, abrindo a lista de palavras desse país, que é identificado por uma bandeira que serve de marcador. Uma nona bandeira, a do IILP, dá acesso à totalidade das palavras, surgindo também termos timorenses como “baju” ou o “machimbombo” moçambicano. Para Gilvan Oliveira, esta é “uma nova forma de gestão da língua portuguesa”, aproveitando para recordar que “5% da riqueza linguística do mundo está nos países da CPLP”.

Gilvan Müller Oliveira Director executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa
“Vocabulário comum é um novo modo de gestão da língua portuguesa”

Qual a importância do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) para os países que o integram? O VOC terá mais de 300 mil entradas da língua portuguesa. Será a primeira grande base de dados do vocabulário português, composta por alguns países que não tinham sequer o seu vocabulário nacional registado

O que o VOC traz de novo? É um novo modo de gestão da língua portuguesa, com uma participação conjunta. Além da junção dos vocabulários dos oito países da CPLP, terá informações novas como a flexão das palavras e toda a grafia adaptada, aquilo que anteriormente era chamado de estrangeirismo.

Como foi desenvolvido o trabalho? A então ministra Gabriela Canavilhas cedeu o vocabulário português e a base electrónica. Juntamos o vocabulário do Brasil e desenvolvemos os dos restantes países. Seguiram-se várias reuniões com especialistas e um grande acompanhamento técnico para que saísse um trabalho uniformizado.

Quais foram as principais dificuldades? Foi precisa uma grande negociação diplomática. Além disso, lidamos com países sem tradição na área linguística, nem qualquer trabalho prévio.

Quais foram os países a apresentar mais problemas? Angola financiou parte do trabalho mas o vocabulário ortográfico do país ainda não está concluído, trabalho que tem sido feito sem diálogo com a equipa central. A Guiné tem vivido tempos de tumultos políticos e sociais e não participa em actividades do IILP há quatro anos.

Fonte:  e-Ipol

terça-feira, 3 de junho de 2014

Em Rondônia, mais de 12 cidades mantêm tradição pomerana

Festa serve para relembrar as tradições trazidas da Europa; além da culinária, cultura também é lembrada pela música e pela dança

Confira aqui o vídeo com a reportagem.

O fim de semana foi de festa para os agricultores pomeranos de Rondônia, um momento para relembrar as tradições trazidas da Europa.

Quase 900 quilos de linguiça, mil quilos de carne bovina e uma diversidade de pratos típicos da cultura pomerana. Uma mistura de cheiros e sabores invadiu São Miguel do Guaporé no fim de semana, na festa que os descendentes pomeranos prepararam para relembrar suas origens.

Além da culinária, a cultura também foi lembrada através da música e da dança. O pessoal usou trajes típicos, nas cores azul e branco, além do chapéu preto, uniforme especial para os dias de agradecimento.

A Pomerania era uma das províncias da confederação germânica, que hoje é alemã. Os imigrantes que vieram para o Brasil se instalaram principalmente em Rondônia, no Espírito Santo e no Sul do Brasil.

Em Rondônia, a colônia pomerana está espalhada por 12 municípios e muito ainda se comunicam em pomeranio.

Fonte: Globo Rural

domingo, 1 de junho de 2014

Encontro Regional do Povo Pomerano-Capixaba em Santa Maria de Jetibá-ES

Apresentamos a seguir o convite para o Encontro Regional do Povo Pomerano-Capixaba em Santa Maria de Jetibá-ES.

CONVITE

Convidamos lideranças religiosas, comunitárias, sindicais, grupos de produtores(as) rurais, pastores(as), grupos da 3ª idade, professores(as), grupos de jovens, grupos culturais (artesãos, músicos, artistas, etc), grupos de mulheres para o Encontro Regional do Povo Pomerano-Capixaba em Santa Maria de Jetibá-ES.

Este encontro pretende reunir os diferentes segmentos da comunidade pomerano-capixaba para ouvir e fortalecer suas práticas sociais, língua, cultura, educação (os modelos de educação escolar e não escolar que devem ser implantado na sua comunidade), arte, arquitetura, meio ambiente, saúde, lazer com intuito de fortalecer essas práticas no Encontro Estadual e Nacional e elaborar o documento final para os encaminhamentos que se fizerem necessários.

DATA: 06 de junho adiado para 09 de julho HORÁRIO: 8h30min às 12h   LOCAL: Câmara Municipal de Santa Maria de Jetibá.

PROGRAMAÇÃO
8h30min - Lanche/ apresentação cultural 
9h - Um breve relato sobre a história e objetivos  do Encontro. Prof. Dr. Erineu Foerste
9h30min - O que é ser pomerano? Ouvindo e documentando os depoimentos
10h - Conversas em pequenos grupos. Questões para debate:
Levantamento de práticas sociais dos pomeranos que permanecerem até os dias atuais: língua, costumes, educação (os modelos de educação escolar e não escolar que devem ser implantado na sua comunidade), arte, arquitetura, meio ambiente, saúde, lazer. Elaboração do Documento do Encontro.
11h - Plenária: apresentação dos grupos.

Guerlinda Wesphal Passos; Ismael Tressmann; Jandira Dettmann; 
Rosali Rauta Siller; Sintia Bausen Kuster; Vanildo Kruger
Coordenadores do Encontro