Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Westfália-RS participa do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues

Sieben (e), Oliveira, Ahlert e Landmeier - Foto: Divulgação

Município participa do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues

A cultura de Westfália foi destaque no 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues, realizado em Florianópolis (SC), de 23 a 25 de setembro. Uma comitiva westfaliana esteve representada pelo vice-prefeito, Otávio Landmeier, secretário de Educação e Cultura, Gustavo Sieben, e professor Lucildo Ahlert, que enalteceram a tradição do dialeto sapato-de-pau e da língua alemã no Município. Na quinta-feira, dia 24, das 15 horas às 16h30min, no Bloco B do auditório Henrique Fontes, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Trindade - Florianópolis, o tema central foram as Políticas Linguísticas e Línguas de Imigração. 

Na oportunidade, o professor Lucildo Ahlert falou da cultura westfaliana: percepções sobre a sua realidade, importância e expectativas futuras no Município de Westfália. Como orador, ele enalteceu a língua do sapato-de-pau com o estudo do dialeto e resgate à cultura de origem alemã. ’Foi uma oportunidade importante para Westfália demonstrar seu potencial cultural. Há vários anos nos reunimos para o estudo do sapato-de-pau e ter essa notoriedade em um evento nacional é a certeza de que estamos no caminho certo. O professor Lucildo foi muito bem na explanação e pudemos trocar muitas experiências’, enalteceu Landmeier.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Debates importantes e trocas de conhecimento foram os principais destaques do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP)

Mesa redonda com a participação de representantes de municípios plurilíngues

Debates importantes e trocas de conhecimento foram os principais destaques do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP) 

Realizado entre os dias 23 e 25 de setembro, no campus da UFSC em Florianópolis-SC, o 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP) foi palco de importantes debates e trocas de conhecimentos sobre questões relacionadas às políticas linguísticas do plurilinguismo e dos processos de cooficialização de línguas nos municípios brasileiros.

Mesa de abertura com autoridades – Foto: IPOL

Na Mesa de Abertura do encontro estavam presentes as seguintes autoridades (da esquerda para a direita na foto acima): Susana Martelleti Grillo Guimarães (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC), Marcus Vinícius Carvalho Garcia (Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN), Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho (Reitoria e Secretaria de Relações Internacionais da UFSC), Felício Wessling Margotti (Centro de Comunicação e Expressão da UFSC), Altamiro Antônio Kretzer (Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Antônio Carlos-SC), Zilma Guesser Nunes (Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da UFSC), Gilvan Müller de Oliveira (Coordenação do ENMP pela UFSC e do Observatório de Políticas Linguísticas do CNPq) e Rosângela Morello (Coordenação do ENMP e do IPOL).

Muitos municípios e estados enviaram seus representantes. Alguns deles apresentaram em mesas-redondas o estado da arte das ações e os desafios de suas políticas de cooficialização.

Uma das 15 sessões coordenadas

Nas sessões de comunicação foram apresentados 56 trabalhos de pesquisadores de mais de 20 universidades brasileiras e de vários institutos federais e secretarias municipais.

Nas mesas temáticas foram debatidos tópicos como os direitos linguísticos, bem como as ações e as perspectivas para a gestão e o financiamento de políticas linguísticas.

Participantes fazem fila para apresentar sua proposta à Carta dos Municípios Plurilíngues

Foi também ofertado o minicurso "Metodologias e Políticas de Regulamentação e Implementação da Lei de Cooficialização", que será complementado com um um fórum on line, e a oficina "Registro e Documentação da Língua".

No último dia foi realizada a plenária para elaboração da Carta dos Municípios Plurilíngues, que contou com as sugestões dos participantes. O texto da Carta será disponibilizado na página do evento dentro de 15 dias para consulta pública, que poderá ser revista pelos participantes com correções ou acréscimos, para então ser publicada.

No encontro a equipe do IPOL registrou em vídeo depoimentos de falantes das línguas brasileiras

Nós do IPOL agradecemos a participação de todos que tornaram o 1ºENMP um grande sucesso e temos plena convicção de que as ações decorrentes dele trarão bons frutos para a manutenção e o fortalecimento do plurilinguismo brasileiro. 

Acesse aqui a página do 1ºENMP e aqui sua página no Facebook.

Fotos: IPOL

Fonte: e-IPOL

terça-feira, 22 de setembro de 2015

1ºENMP é destaque no Portal Galego da Língua


Gilvan Müller de Oliveira: «É importante preservar e reconhecer porque as línguas são recursos para o país»

Idealizador do Encontro de Municípios Plurilíngues defende intercâmbio entre Brasil e Galiza

Por José Carlos da Silva  

A capital catarinense, Florianópolis, receberá entre os dias 23 e 25 de setembro um evento que poderá causar estranheza em muitos brasileiros, trata-se do 1º Encontro Nacional dos Municípios Plurilíngues (ENMP), que ocorrerá no Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A estranheza fica por conta da ‘certeza’ de muitos de que o Brasil é um país monolíngue, ou seja, fala apenas a Língua Portuguesa.

E o O 1º ENMP propõe uma troca de experiências sobre a política de cooficialização das línguas no Brasil, além discutir o panorama, mapeamento e regulamentação da diversidade linguística no país. Desde a iniciativa do município amazonense de São Gabriel da Cachoeira em 2002, que deu caráter cooficial a três línguas indígenas, 16 municípios brasileiros já cooficializaram línguas. Em Santa Catarina, a língua alemã em Pomerode e o dialeto germânico Hunsrückisch em Antônio Carlos tornaram-se cooficiais em 2010.

Um dos principais pesquisadores e orientadores da causa dos municípios plurilíngues é o Professor Doutor Gilvan Müller de Oliveira, pesquisador do IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística.

O Portal Galego da Língua conversou com o pesquisador sobre o Plurilinguismo, a gestão da educação e da questão da Galiza, Precisamente, o professor afirma que a Galiza desenvolveu sistemáticas importantes para o acompanhamento da evolução demolinguística dos falantes que seriam muito úteis para o caso das línguas brasileiras.

Quantas línguas são faladas no Brasil?

O Brasil está entre os 10 países mais multilíngues do mundo, com um repertório de cerca de 240 línguas, das quais 180 línguas indígenas, 56 línguas de imigração, pelo menos duas línguas de sinais e pelo menos dois crioulos do francês na fronteira com a Guiana Francesa. No entanto, não é muito fácil determinar um número preciso, seja porque o Brasil não tem uma pergunta sobre as línguas faladas no país no censo demográfico, como outros países têm, seja porque o quadro é mutável. Veja, por exemplo, que hoje há dezenas de milhares de falantes de crioulo do Haiti, por causa da expressiva imigração de haitianos para o Brasil, língua que não estava representada no Brasil até há cerca de 8 anos.

Em quantos municípios estão distribuídas e qual a quantidade estimada de falantes dessas línguas (bilíngues ou plurilíngues)?

Esse é um dado que não temos, justamente pela ausência de censos linguísticos extensivos. Somente o censo de 1940 perguntou aos brasileiros que língua falavam no lar, mas como parte de uma política de repressão às línguas, em especial as de imigração, e depois novamente o censo de 1950, para ver se a repressão tinha surtido efeito. Temos tentado trazer de novo para o censo um interesse pelo repertório linguístico dos brasileiros desde a edição de 2010, mas com sucesso apenas parcial até agora: no censo de 2010 foi feita uma pergunta sobre as línguas faladas apenas para aqueles cidadãos que se auto-declararam indígenas, e não para a generalidade dos cidadãos, com o que se obtiveram dados sobre o conjunto das línguas que se conhece melhor, que são justamente as línguas indígenas ou ameríndias. A questão linguística seria estratégica para o censo de 2020, e precisaria ser incluída.

Dito isso, podemos considerar que há um conhecimento diferenciado das línguas: mais conhecimento das línguas ameríndias, já que os chamados indígenas sempre foram um segmento “administrados” por agências governamentais especializadas, como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), por exemplo, e  menos conhecimento das línguas de imigração, que na concepção do governo, até muito recentemente, deveriam desaparecer.

Por que aprendemos e é divulgado nos meios de comunicação e livros que o Brasil é monolíngue? É fruto do Estado Novo ou da Ditadura Militar?

O Estado-Nação tentou historicamente se legitimar pela identificação com um “povo” – unido e unificado, que na maioria das vezes foi invenção deste mesmo Estado. O Brasil, como outros Estados, apostou nesta equação “um Estado, um povo, uma língua” ao longo de praticamente toda a sua história e as políticas linguísticas foram conduzidas no sentido de invisibilizar as línguas e as diferentes culturas, ou de desmoralizá-las e finalmente extirpá-las do corpo da nação. O Estado Brasileiro, no entanto, apenas continuou as políticas coloniais já formuladas antes da sua independência, como foi o caso do Diretório dos Indios do Marquês de Pombal, de 1757, que visava a eliminação da Língua Geral, ou Nheengatu, da Amazônia, e a sua substituição pelo português. De modo que o projeto de tornar o “povo” monolíngue em português não é um empreendimento do século XX, e portanto, não foi inventado nem pelo Estado Novo (1937-45) nem pela Ditadura Militar (1964-85), embora ambos os regimes tenham dado continuidade a esta posição da longue durée na história do Estado Brasileiro. Só muito recentemente, após a Constituição de 1988, o Brasil tem entrado, lentamente, em uma nova fase, primeiro tolerando, e depois iniciando tímidos esforços no sentido de reconhecer e iniciar o processo de promoção das línguas brasileiras.

Qual a importância da preservação das línguas para a cultura e identidades brasileiras, uma vez que línguas estrangeiras também fazem parte desse contexto plurilíngue?

Em primeiro lugar, vamos esclarecer a sua pergunta sobre se as línguas estrangeiras fazem parte do contexto plurilíngue do Brasil.

O contexto plurilíngue brasileiro inclui todas as línguas brasileiras, isto é, aquelas línguas faladas por cidadãos brasileiros, em regime de comunidade, em território nacional, em especial aquelas aclimatizadas no país há mais de três gerações, como é o caso do alemão. Assim, o alemão, o italiano, o japonês, o polonês e tantas outras não são línguas estrangeiras, isto é, faladas por estrangeiros, mas línguas brasileiras, dos vários povos que ajudaram a construir o Brasil e integram a múltipla cidadania brasileira. Desse modo, começa a ser corrigida a ideia de que estas línguas são “estrangeiras”, ideia divulgada sobretudo pelo Estado Novo, que concebia que os brasileiros de outras origens étnicas que não os luso-brasileiros eram “quistos étnicos” e que podiam formar uma “quinta coluna” contra o país e que deviam ser “nacionalizados, à força se preciso, quando na verdade já eram “nacionais” ao seu modo e nas suas línguas, como mostra o fato de que o maior heroi de guerra do Brasil na Segunda Guerra Mundial no teatro de operações da Itália, lutando contra as forças nazistas, tenha sido justamente um teuto-brasileiro chamado Max Wolf Filho.

Naturalmente, estas línguas podem ser também estrangeiras quando ensinadas nas escolas ou cursos usando uma metodologia de língua estrangeira e focadas nos países que as falam em caráter oficial, mas não é o caso para as centenas de milhares de brasileiros que as falam no lar e as aprenderam como materna no contexto doméstico. É preciso diferenciar os contextos: quando o Goethe Institut ensina o alemão no Brasil se trata de uma língua estrangeira, mas quando o município de Pomerode, em Santa Catarina, oficializa o alemão através de uma lei ordinária da Câmara de Vereadores, se trata de uma língua brasileira, gerida com recursos brasileiros e materna para mais de 80% dos munícipes.

A preservação, e mais do que isso a promoção, das línguas brasileiras é importante, por um lado, porque as línguas são recursos para o país, recursos de conhecimento, para o estabelecimento de relações de vários tipos, para o acesso a conhecimentos históricos nelas gerados, mas também o seu reconhecimento é um importante fator de governança, de inclusão e justiça social. Assim como o Brasil costuma ser louvado porque o seu povo tem gente de todas as origens, é importante no futuro que sejamos louvados por falarmos diversas línguas e ainda por termos o português como língua que não ameaçará mais a existência e a reprodução das demais, como fez massivamente no passado.

Essas línguas faladas no Brasil configuram-se mais como fronteiras levantadas ou “pontes” de aproximação e compartilhamento de culturas?

Conforme disse acima, ainda é preciso uma longa caminhada até chegarmos a um uso mais público das 240 línguas brasileiras, ainda é preciso superar muita vergonha, medo e discriminação. Por enquanto elas estão meio escondidas, são faladas dentro das casas, em aldeias ou regiões rurais, onde os falantes estão entre si, ou em bairros etnicamente diferenciados, raríssimamente nos meios de comunicação, nas instituições. As pontes estão sendo ainda construídas, com muitas dificuldades.

Como pode (ou deve) ser uma gestão de línguas, de modo a contemplar a educação formal e desenvolver a cultura local e nacional?

Desde a Constituição de 1988 e mais fortemente desde o ano 2.000 há uma educação intercultural bilíngue em muitas línguas ameríndias em todas as regiões do país. Hoje cerca de 30 licenciaturas interculturais das universidades formam professores para estas escolas, uma sistemática totalmente inexistente antes de 1988. Isso acontece também com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), oficial em nível federal e que conta com a primeira licenciatura em Letras-Língua de Sinais do mundo, coordenada pela Universidade Federal de Santa Catarina, mas em execução em 10 Instituições Federais de Ensino Superior.

Porém, isso não acontece ainda com as línguas de imigração, de modo que se diz que o direito linguístico no Brasil é heterogêneo, está em busca de se afirmar como um direito geral da cidadania. A Cooficialização de Línguas em Nível Municipal e o Inventário Nacional da Diversidade Linguística são modos de gestão que ampliam as possibilidades para o ensino formal das línguas.

Como a oficialização de outras línguas pode ser fator determinante para uma população, como aconteceu com a cooficialização do Nheengatu, o Tukano e Baniwa em São Gabriel da Cachoeira (AM)? E como está a questão dos Pomeranos? (presentes em cinco estados brasileiros)

São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, é a região mais plurilíngue das Américas: uma região de 112 mil km2 onde se falam 25 diferentes línguas, de 5 famílias linguísticas diferentes. É lá que nasceu a política de cooficialização, em 2002. Seguiu-se a cooficialização nos municípios pomeranos do estado do Espírito Santo, em 2009, criando a sistemática de que também as línguas de imigração, e não somente as indígenas, podem ser cooficiais.

A partir daí uma série de municípios em todas as regiões do Brasil, com exceção do Nordeste, que é a mais monolíngue das regiões, cooficializaram as línguas talian, guarani, akwén-xerente, makuxi, wapixana, hunsrückisch e alemão (Hochdeutsch). Hoje são 16 municípios com línguas cooficiais ao português, de um total com potencial de oficialização de línguas que estimamos em mais 90, o que já se configura num movimento social que avança com suas próprias forças.

A oficialização de línguas têm três fases: 1) a declaratória da cooficialização, que é a lei da Câmara de Vereadores, 2) a regulamentação da lei, que é outra lei, feita posteriormente, depois de algumas audiências públicas específicas, e que aprofunda, delimita e detalha o que se entende por oficialização, e quais são as atuações que dela decorrem e, finalmente 3) a implementação da lei, momento em que se iniciam as ações concretas para a ampliação da presença e dos âmbitos de uso da língua cooficializada, sua preparação para novos usos, a formação de quadros, etc.

A cooficialização das línguas veiculares de São Gabriel da Cachoeira, feita em 2002 e regulamentada em 2006, possibilitou a criação, por parte da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da primeira licenciatura de formação de professores do Brasil que não usa o português como língua de instrução, mas as três línguas cooficiais do município, cada uma dentro do seu respectivo território linguístico. Ensino e pesquisa ocorrem nas línguas, e o português entra como língua auxiliar, dada a vasta bibliografia a que dá acesso, de modo que este curso talvez tenha possibilitado a realização das primeiras pesquisas formais, acadêmicas, em línguas indígenas brasileiras, com as respectivas publicações monolíngues nas línguas cooficiais. Para maior detalhamento desta iniciativa sugiro a leitura do artigo O ensino superior indígena bilíngue: princípios para a autonomia e a valorização das línguas na região do Alto Rio Negro, Amazonas, de Ivani de Faria e de minha autoria, disponível na Revista Platô, do IILP, n.1.

Muitas outras iniciativas podem ser levadas a cabo justamente por causa do arcabouço jurídico novo, inaugurado pelas leis de cooficialização, que permite e fomenta que as pessoas se reconheçam e que vivam a sua vida de modo bilíngue ou plurilíngue.

O que o minicurso de formação de gestores de políticas linguísticas oferecerá aos inscritos?

O minicurso tentará expor a sistemática da cooficialização, a partir da experiência histórica que já temos, no sentido de ajudar os novos municípios que queira, também, cooficializar as suas línguas.Tratará de cada fase do processo, seus problemas e metodologias, e também dos instrumentos que podem ser usados para compreender bem a presença e a circulação das línguas no município, como os levantamentos, os diagnósticos, os censos e os inventários linguísticos, instrumentos estes que o IPOL foi construindo e aprimorando nestes anos de assessoria a vários contextos, e que foram recentemente objeto da tese de doutorado de Ana Paula Seiffert, no Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC. Esperamos que seja uma oportunidade de diálogo com os interessados e, claro, que a sistemática da cooficialização de línguas possa se estender ainda mais por novos municípios.

Na Galiza luta-se para manter o uso e a disseminação do galego, ao mesmo tempo que tenta-se a reaproximação com a Lusofonia. Como as experiências brasileiras podem ajudar nesse processo?

É importante que possamos intercambiar experiências das tecnologias sociais para o fomento do multilinguismo societário, nesta época de grandes mudanças por que passamos. A Galiza tem muito a ensinar ao Brasil, e vice-versa. A Galiza desenvolveu, por exemplo, sistemáticas importantes para o acompanhamento da evolução demolinguística dos falantes que seriam muito úteis para o caso das línguas brasileiras. No Brasil, por outro lado, creio que há uma multiplicidade tão grande de soluções flexíveis para a gestão do multilinguismo, embora ela seja ainda incipiente, que poderia ajudar a Galiza a solucionar impasses que já são discutidos naquele contexto há muito tempo.

Por favor, fale um pouco sobre o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL).

O IPOL é um Instituto especializado na gestão de línguas e políticas linguísticas no Brasil tais como Educação Bilíngue, Direitos Linguísticos, Diagnósticos Sociolinguísticos, Censos e Inventários Linguísticos, Provas para Concursos Públicos em línguas minoritárias brasileiras e Publicações nesta área especializada e afins.

É uma Instituição não-governamental que atua em variadas frentes de defesa e promoção de línguas ou grupos de línguas brasileiras. Foi criado em 1999, em Florianópolis, e desde então atuou, entre outros, no Projeto de Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira do Mercosul Educacional, nos projetos de cooficialização do nheengatu, tukano e baniwa em São Gabriel da Cachoeira, do pomerano em diversos municípios do Espírito Santo e do hunsrückisch em Antônio Carlos, Santa Catarina, no Inventário Nacional da Diversidade Linguística do IPHAN/Ministério da Cultura, tanto na proposição e desenvolvimento de concepções e instrumentos como no inventário da língua guarani mbya, no Observatório da Educação na Fronteira, da CAPES, atuando com escolas fronteriças entre o Brasil, a Bolívia e o Paraguai. Também produz, traduz e publica, em coeditoria, obras na área da Política Linguística para a formação de profissionais para atuação na área.

Atualmente desenvolve os inventários do hunsrückisch, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) com a Universidade Federal de Santa Catarina, a partir do programa do IPHAN/Ministério da Cultura, além de realizar o Censo Linguístico do Município de Antônio Carlos (SC), onde o hunsrückisch é cooficial, com recursos da FCC – Fundação Catarinense de Cultura.

Organiza, em setembro de 2015, o I Encontro Nacional dos Municípios Plurilíngues, em parceria com o Observatório de Políticas Linguísticas do CNPq/UFSC, oportunidade em que os municípios exporão as suas experiências, trocarão informações e discutirão com os 48 pesquisadores que apresentarão investigações realizadas ou em curso sobre a diversidade linguística do Brasil.

Em junho de 2016, o IPOL participa no coletivo institucional, liderado pela UFSC, que organiza o III CIPLOM – Congresso Internacional de Professores das Línguas Oficiais do MERCOSUL, também em Florianópolis, onde se espera cerca de 1.300 participantes dos países do bloco e dos observadores associados para a discussão sobre as Políticas de Gestão do Multilinguismo e a Integração Regional.

Conheça o pesquisador
Gilvan Müller de Oliveira. Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na área de Política Linguística e História da Língua Portuguesa, pesquisador e assessor internacional do IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística, de Florianópolis. Foi Diretor Executivo do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa, da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com sede em Cabo Verde, de 2010 a 2014.

Concluiu o mestrado em linguística teórica, filosofia e história na Universidade de Konstanz, Alemanha, em 1990. Doutorou-se em 2004 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com uma tese sobre a História da Língua Portuguesa no Brasil Meridional (1680-1828) e no seu pós-doutorado, na Universidade Autônoma Metropolitana Iztapalapa, no México, em 2010, estudou os processos de promoção e de internacionalização das línguas e o crescimento da demanda pelo Português como língua estrangeira (PLE).

Atuou na formulação e execução de políticas públicas na área das línguas, como a Política de Cooficialização de Línguas em Nível Municipal (PCLNM), a da criação do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL/IPHAN), para o reconhecimento das línguas brasileiras como patrimônio imaterial e a das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira do Mercosul Educacional (PEIBF). Foi assessor na área de Educação Intercultural Bilíngue e formação de professores indígenas em vários estados brasileiros e atua hoje na Licenciatura em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no Alto Rio Negro, a região mais multilíngue do Brasil.

Foi delegado brasileiro junto ao GTPL- Grupo de Trabalho de Política Linguística do Mercosul Educacional durante oito anos, e hoje representa a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) junto ao Núcleo PELSE – Português e Espanhol como Línguas Segundas e Estrangeiras e junto ao Programa de Políticas Linguísticas do Núcleo de Educação para a Integração (NEI) da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM).

Como Diretor Executivo do IILP, coordenou o processo de criação de projetos multilaterais para a promoção do português no âmbito da CPLP, como o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE) e o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), previsto no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90), além de coeditar a publicação científica do Instituto, a Revista Platô.

Com um currículo de palestras em 15 países e participação em várias missões oficiais do governo brasileiro e da CPLP, além de diversas publicações, dedica-se fundamentalmente a questões do plurilinguismo, da história e da promoção das línguas, à formação inicial e continuada de professores de línguas, em especial de língua portuguesa para atuação em contextos multilíngues.

domingo, 20 de setembro de 2015

Inicia nesta quarta o 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP)

Inicia nesta quarta o 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP)

Inicia nesta quarta, 23 de setembro, e vai até sexta, 25, o 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP), que será realizado no Centro de Comunicação e Expressão (CCE – térreo do Bloco B) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis-SC.


O 1ºENMP contará com mesas redondas, mesas temáticas, sessões coordenadas com a apresentação de comunicações orais, lançamento de livros, além da oferta de um minicurso para formação de gestores, docentes e pesquisadores de políticas linguísticas voltadas a contextos bi, multi ou plurilíngues e uma oficina tematizando o registro e a documentação de línguas, culminando com uma plenária para elaboração e assinatura da Carta dos Municípios Plurilíngues. Serão emitidos certificados para as participações no evento, assim como no minicurso e na oficina.

Participam do encontro gestores indicados por municípios bi, multi e plurilíngues e entidades de apoio, bem como pesquisadores e professores do multilinguismo brasileiro e dos países do Mercosul e demais blocos, além de estudantes de áreas afins, como pode ser conferido na programação (clique aqui para acessá-la).

As inscrições para o 1ºENMP continuam abertas para ouvintes. Saiba como se inscrever aqui.


O 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP) é uma realização do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL) em parceria com o Observatório de Políticas Linguísticas (GP CNPq/UFSC), o Macroprojeto ALMA-H (UFRGS), o Projeto Entrelínguas (UFSM) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e com apoio do Programa de Valorização das Línguas e Culturas Macuxi e Wapichana, do Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração (Forlibi) e da Prefeitura Municipal de Antônio Carlos-SC.

Tem como objetivos apoiar e propiciar formação aos governos e instituições para atuarem de modo inovador e promissor na gestão das línguas e dos recursos que elas oferecem para qualificar a educação e as culturas; bem como abordar a gestão das línguas em nível municipal nesse quadro de cooficialização, considerando os aspectos para a regulamentação e implementação das leis e suas interfaces com educação, cultura, tecnologias e outras políticas que podem fomentar o desenvolvimento local e regional.

Para maiores informações acesse aqui a página do 1º ENMP e curta aqui sua página no Facebook.


Fonte: e-IPOL

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Congresso internacional "A música dos emigrantes alemães fora da Europa nos sécs. XVIII e XIX"

Foto: Ceart/Udesc
A música dos emigrantes alemães fora da Europa nos sécs. XVIII e XIX
Congresso internacional

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Centro de Artes (CEART); Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS)
Florianópolis, Brasil, 4 a 6 de maio de 2016

Call for Papers

A prática musical de emigrantes alemães fora da Europa nos sécs. XVIII e XIX tem sido abordada pela musicologia histórica não somente na Alemanha. As práticas da Igreja Moraviana e dos “Pennsylvania Dutch” encontram-se documentadas, reconstruídas e contextualizadas; a vida musical nas colônias no Sul do Brasil do final do séc. XIX tem sido objeto de diversas dissertações nas universidades locais, e também as missões do Império Colonial Alemão na África foram pesquisadas sob o ponto de vista histórico-musicológico.

Todos esses exemplos apresentam, entretanto, dois pontos em comum: até o momento não foram comparados entre si, de forma que semelhanças e divergências nas práticas musicais de migrantes alemães nas novas regiões, culturalmente diversas, pudessem ser discutidas e reconhecidas. Além disso, percebe-se a ausência de uma conexão dessas práticas e desenvolvimentos musicais com uma contextualização da música dos migrantes e seus atores como parte da história da música alemã.

O congresso "A música dos emigrantes alemães fora da Europa nos sécs. XVIII e XIX" convida pesquisadores(as) para um intercâmbio interdisciplinar sobre essas questões. As principais áreas temáticas são as seguintes:

- Colônias alemãs como locais de práticas musicais emigradas: princípios básicos (com referências às colônias nos E.U.A., Brasil, Argentina, Chile, Austrália e China);
- Prática musical de emigrantes alemães nos sécs. XVIII e XIX: atores e redes;
- Obras, estilos, gêneros, instrumentos: transferência e transformação;
- Cultura musical como fator de integração e aculturação: processos e eventos;
- Cultura musical entre segregação e pangermanismo;
- Colônias políticas e protetorados alemães: formas de imigração e prática musical politicamente controladas?
- Música eclesiástica entre serviço comunitário e evangelização.

Os interessados deverão enviar um resumo de aproximadamente 250 palavras e uma breve biografia até 30 de setembro 2015 para os seguintes endereços de e-mail: christian.storch@udesc.br e marcosholler@gmail.com. O resultado será comunicado até 15 de outubro de 2015.

O idioma do congresso é inglês. No momento ainda não temos a confirmação do custeamento das despesas de transporte e estadia, por isso solicitamos que propostas sejam enviadas somente por aqueles que puderem cobrir seus próprios gastos. Prevê-se a publicação dos trabalhos selecionados.

Coordenação:
Dr. Christian Storch (UDESC / Johannes Gutenberg-Universität Mainz)
Prof. Dr. Marcos Holler (UDESC)

Fonte: e-IPOL

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Divulgada programação completa do 1ºENMP

Clique na imagem para ampliar.
Divulgada programação completa do 1ºENMP

Foi divulgada hoje a programação completa do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP), que será realizado em Florianópolis-SC na próxima semana, de 23 a 25 de setembro.

Acesse aqui a programação completa do 1ºENMP.

Com atividades previstas no térreo do Bloco B do Centro de Comunicação e Expressão (CCE-B) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o 1ºENMP contará com mesas redondas, mesas temáticas, sessões coordenadas com a apresentação de comunicações orais, lançamento de livros, além da oferta de um minicurso para formação de gestores, docentes e pesquisadores de políticas linguísticas voltadas a contextos bi, multi ou plurilíngues e uma oficina tematizando o registro e a documentação de línguas, culminando com uma plenária para elaboração e assinatura da Carta dos Municípios Plurilíngues.

Participam do encontro gestores indicados por municípios bi, multi e plurilíngues e entidades de apoio, bem como pesquisadores e professores do multilinguismo brasileiro e dos países do Mercosul e demais blocos, além de estudantes de áreas afins, como pode ser conferido na programação (clique aqui para acessá-la).

As inscrições para o 1ºENMP continuam abertas para ouvintes, lembrando que o prazo do valor com desconto encerra nesta quarta, 16 de setembro. Saiba como se inscrever aqui.

O 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP) é uma realização do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL) em parceria com o Observatório de Políticas Linguísticas (GP CNPq/UFSC), o Macroprojeto ALMA-H (UFRGS), o Projeto Entrelínguas (UFSM) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e com apoio do Programa de Valorização das Línguas e Culturas Macuxi e Wapichana, do Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração (Forlibi) e da Prefeitura Municipal de Antônio Carlos-SC.

Tem como objetivos apoiar e propiciar formação aos governos e instituições para atuarem de modo inovador e promissor na gestão das línguas e dos recursos que elas oferecem para qualificar a educação e as culturas; bem como abordar a gestão das línguas em nível municipal nesse quadro de cooficialização, considerando os aspectos para a regulamentação e implementação das leis e suas interfaces com educação, cultura, tecnologias e outras políticas que podem fomentar o desenvolvimento local e regional.

Para maiores informações acesse aqui a página do 1º ENMP e aqui sua página no Facebook.

Fonte: e-IPOL

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Projeto Histórias Bilíngue Alemão/Português atende 400 crianças em Blumenau-SC


Foto: Joseane Pitz Kock / Divulgação
Projeto Histórias Bilíngue atende 400 crianças

Em duas semanas, o projeto que leva histórias bilíngue aos bairros visitou quatro escolas na Região das Itoupavas, na cidade de Blumenau-SC.

O Projeto Histórias Bilíngue Alemão/Português, desenvolvido pela Fundação Cultural de Blumenau e Secretaria Municipal de Educação, passou nesta terça-feira, dia 1º/9, pela EBM Pedro I, Itoupava Central. Na quinta-feira, dia 3, é a vez da EIM Professora Ella Eichstadt, na Vila Itoupava, receber esta novidade que circula pela Região Norte da cidade desde o dia 17 de agosto. Já foram visitadas quatro escolas, contemplando uma média de 400 estudantes.

Apresentado no dia 7 de agosto, no Centro Cultural da Vila Itoupava, a iniciativa tem por objetivo desenvolver a contação de histórias nas línguas alemã e portuguesa nas escolas que disponibilizam na grade curricular a língua estrangeira. Idealizado e coordenado pela contadora de histórias Shirlei Dickmann, o projeto vai ao encontro dos objetivos da Fundação Cultural de Blumenau de descentralizar a cultura no município.

As professoras Berenice Rahn, Lílian Elena Wuegers, Rosemeli Zech Matias e Sueli Voelz também estão envolvidas na execução desse trabalho. O projeto piloto será desenvolvido inicialmente na Região Norte da cidade, mas em outro momento novas comunidades poderão receber a iniciativa.

Foto: Joseane Pitz Kock / Divulgação
Programação
Dia 3 - EIM Professora Ella Eichstadt, Vila Itoupava (matutino e vespertino)

Dia 4 - EBM Anita Garibaldi, Itoupava Central (matutino)

Dia 8 - EIM Dr. Blumenau, Itoupava Central (matutino e vespertino)

Dia 9 - EM Erich Klabunde, Vila Itoupava (matutino e vespertino)

Dia 11 - EBM Duque de Caxias, Itoupava Central (matutino)

Dia 14 - EBM Duque de Caxias, Itoupava Central (vespertino)

Dia 15 - EIM Willy Müller, Vila Itoupava (matutino e vespertino)

Dia 28 - EBM Pedro I (vespertino)

Assessor de Comunicação: Sérgio Antonello