Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Rosângela Morello em entrevista sobre diversidade linguística ao programa Páginas de Português da RTP

Rosângela Morello em entrevista sobre diversidade linguística ao programa Páginas de Português da RTP

Fala de Rosângela Morello na entrega do diploma de reconhecimento da língua indígena Guarani Mbya no Seminário de Foz do Iguaçu (Fonte: Facebook de Maria Ceres Pereira)
A coordenadora-geral do IPOL, Rosângela Morello, concedeu uma entrevista o programa Páginas de Português, transmitido pela Rádio Antena 2, da Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

O tema da entrevista é a importância do I Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística, realizado em Foz do Iguaçu-PR, mês passado. Na entrevista, Morello destaca a importância do evento tanto como uma política de reconhecimento e conhecimento das línguas brasileiras por parte do Estado brasileiro, quanto de diálogo com outros países com suas respectivas iniciativas políticas concernetes à diversidade das línguas. A entrevistada discorre também sobre questões como o Inventário da Diversidade Línguística (INDL) e a cooficialização de línguas nos municípios brasileiros, a importância do espanhol nas regiões de fronteira entre o Brasil e países vizinhos, além da difusão e do futuro da língua portuguesa no mundo.

Ouça a íntegra da entrevista aqui

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Patrimônio, língua talian luta para sobreviver no Brasil

Patrimônio, dialeto talian luta para sobreviver no Brasil

Os descendentes dos imigrantes italianos tentam manter o dialeto talian vivo.

Língua falada por descendentes de italianos é forte no sul do país

Por Tatiana Girardi

Os descendentes dos imigrantes italianos que chegaram ao Brasil nos séculos passados conseguiram um reconhecimento inédito: ver o dialeto talian ser considerado uma "Referência Cultural Brasileira" pelo Ministério da Cultura.

Com origens no norte da Itália, de onde a maioria dos italianos veio para povoar a região sul e sudeste do Brasil, o dialeto também é conhecido como o "vêneto brasileiro". Porém, o que é falado atualmente no país é uma verdadeira mistura de diversos dialetos italianos das regiões da Lombardia, Trentino Alto-Ádige, Piemonte, Toscana e, claro, do Vêneto.

Apesar do reconhecimento, o medo de perder a tradição é grande. Isso porque muitos jovens, por vergonha ou por receio, não aprendem a língua. Para Aliduino Zanella, presidente da Federação de Entidades Ítalo-Brasileiras do Meio-Oeste e Planalto Catarinense (Feibemo) e mestre e pesquisador de talian, esse receio foi causado pelo governo de Getúlio Vargas.

"É uma consequência do período em que era proibido falar os idiomas que não fossem o português. Os pais, receosos, não mais repassaram aos filhos essa língua cultural", destacou Zanella.

O especialista se refere a uma lei promulgada em 1940 que proibia qualquer cidadão brasileiro de falar um idioma que envolvesse "os países inimigos" na Segunda Guerra Mundial: Alemanha, Japão ou Itália. Com isso, os descendentes e os imigrantes eram vigiados por policiais e todo o material sobre sua cultura era queimado.

Mesmo as pequenas cidades do interior do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sofreram com a pressão policial. Isso fez com que a tradição da língua fosse se perdendo com o tempo.

Mas nem tudo está acabado para as novas gerações. Para Jaciano Eccher, que tem um blog sobre tradições italianas, o "Italiani in Brasile", e produz programas em talian para rádios, o reconhecimento do dialeto fez bem para a cultura no Brasil.

"Depois que foi reconhecido, a procura entre jovens pelo dialeto aumentou. Eles têm entre 17 e 29 anos e querem manter a tradição. Se nós não batalharmos pelo talian, poderemos ser a última geração a usar o dialeto", destacou Eccher.

De acordo com Ubiratan Souza, professor de italiano e especialista em dialetos, o reconhecimento também é uma "relevante notícia que apareceu em um momento oportuno".

"Vivemos um momento em nosso país que as minorias étnicas tem recebido atenção especial do governo nos últimos anos. É um modo de dar visibilidade ao talian", ressaltou.

Tanto Souza como Zanella destacam, porém, que é preciso que o dialeto seja colocado na grade curricular de escolas para conscientizar as pessoas da importância dessa língua falada pelos imigrantes.

"É preciso um esforço maior entre o governo e as instituições brasileiras e italianas para não perder esse pedaço importante da história entre os dois países", destacou Souza.

Segundo o presidente da Feibemo, atualmente "são mais de 300 programas de rádio que transmitem a língua e a cultura talian".

Uma das dificuldades para ensinar o talian é que o dialeto não tem uma única grafia. No entanto, segundo Eccher, os líderes dos grupos que querem preservar a língua têm tentado compilar em dicionários todos os verbetes. Ele mesmo está escrevendo um exemplar que inclui a versão do italiano gramatical para cada palavra.

"O dialeto cria o sentimento de pertencimento, identifica e coloca o indivíduo na dimensão precisa de sua história pessoal. É um patrimônio cultural para ser defendido", ressaltou o professor Souza.

Ele ainda conta uma curiosidade sobre uma das palavras mais usadas por todos os brasileiros.

"A palavra "tchau" usada em português se refere ao "ciao" usado pelos descendentes do vêneto quando eles eram rejeitados pelos brasileiros", disse.

E a luta que levou ao reconhecimento do talian pelo MinC pode ser a porta para o reconhecimento de outros dialetos. Segundo a Unesco, no Brasil são falados 210 idiomas por minorias, sendo que 70 deles têm alguma relação com os imigrantes de vários países que vieram para o Brasil ao longo dos séculos. 

Fonte: ANSA Brasil

domingo, 14 de dezembro de 2014

Abertas inscrições de trabalhos para o Simpósio "Educação Intercultural e Diversidade Linguística"

Abertas inscrições de trabalhos para o Simpósio "Educação Intercultural e Diversidade Linguística" 

Estão abertas as inscrições de trabalhos para o Simpósio "Educação Intercultural e Diversidade Linguística", a ser realizado no III Encuentro de las Ciencias Humanas y Tecnológicas para la integración de la América Latina y el Caribe, a se realizar nos dias 07 a 09 de maio de 2015, em Goiânia-GO.

Coordenado pelos professores Erineu Foersteb (UFES), Rainer Enrique Hamel (Universidade Autônoma Metropolitana do México) e Rosângela Morello (coordenadora-geral do IPOL), o simpósio tem como data limite de postagem dos resumos o dia 01º de janeiro e de postagens dos trabalhos completos o dia 31 de janeiro. O endereço para postagem tanto dos resumos quanto dos trabalhos completos é simposiogoiania2015@yahoo.com.br 

Simpósio 40 – Educação Intercultural e Diversidade Linguística (ver pdf aqui)

RESUMO: A América Latina e Caribe apresentam indiscutível diversidade de culturas e línguas. Tal fenômeno remete-nos aos Povos Tradicionais e seus respectivos territórios, como: indígenas, quilombolas, ciganos, pomeranos etc. Em suas lutas históricas de resistência, criaram condições concretas para a preservação do seu capital linguístico. Desse processo de resistência popular, construíram-se pedagogias alternativas, através das quais as culturas puderam ser aos poucos reconhecidas e mantidas. A educação escolar oficial pouco trabalhou esta problemática. Esforços teóricos e práticos dialéticos inovadores e transformadores foram produzidos, porque acadêmicos problematizam, juntamente com os Povos Tradicionais, a ausência de políticas culturais e linguísticas referenciadas às etnias e grupos minoritários. Promove-se educação intercultural bilíngue. Trata-se de favorecer diálogo entre as culturas (Paulo Freire e Enrique Dussel), para fortalecer processos emancipatórios que contribuem à organização política coletiva de todos como sujeitos de direitos na diversidade. Neste simpósio, em um eixo, discute-se interculturalidade como práxis, pois fundamenta, entre outros aspectos: a) lutas coletivas por direitos sociais dos excluídos; b) processos de resistência coletivos ao projeto hegemônico internacional de progresso e desenvolvimento das elites econômicas; c) produção coletiva de outra hegemonia (Gramsci), como práticas educativas diferenciadas, que promovem transformações da sociedade de classes. Em outro, discute-se o recente reconhecimento da diversidade linguística no Brasil como abertura para questões de ordem política e pedagógica ligadas ao ensino bi e plurilíngue. Experiências ligadas ao Ensino do P´urhepecha, Michoacán, México, do Pomerano no Espírito Santo, Brasil, e em Escolas das Regiões de Fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia, fornecem aportes para essa discussão.

Palavras-chave: educação bilíngue; diversidade linguística; interculturalidade.

Para maiores informações, acesse o site http://www.dialogosenmercosur.org/.

Fonte: e-Ipol

domingo, 7 de dezembro de 2014

Projeto de Valorização da Produção Tradicional da Rota do Enxaimel em Pomerode

Projeto de Valorização da Produção Tradicional da Rota do Enxaimel em Pomerode

O pão de cará, a torta de aipim, o café local do tipo arábica, o Kochkäse (queijo cozido), a gengibirra ou cerveja de gengibre (Ingwerbier ou Spritzbier) e o melado de cana, foram os produtos escolhidos pelos produtores rurais de Testo Alto e demais localidades do município de Pomerode para o desenvolvimento do projeto de valorização da produção tradicional relacionada com a paisagem cultural da Imigração em Santa Catarina.

O lançamento oficial da marca e embalagens aconteceu no dia 4 de dezembro, no Salão Belz, que é um dos bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, inserido no Conjunto Rural de Testo Alto. A ação faz parte do projeto Roteiros Nacionais de Imigração e foi desenvolvida com recursos do IPHAN através de convênio com a Fundação Cultural de Pomerode, que buscou o conhecimento e a experiência do Eng. Agrônomo Otto Walter Schmiedt, da empresa KAS Assessoria e Consultoria Ltda, para sua realização. O projeto conta ainda com a parceria da Associação Rota do Enxaimel e também com a participação da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri.

Ao longo de quatro meses de trabalho, uma série de reuniões e oficinas foram realizadas junto com os produtores, com o objetivo de resgatar receitas e selecionar os primeiros produtos que receberiam certificação de “produto original”. Cerca de 120 produtores rurais de Pomerode participaram das oficinas de planejamento inicial e de qualificação

Os Produtos Originais são produzidos com matérias primas locais, recheados de muita cultura e amor às tradições, cultivadas pelos moradores das comunidades rurais. O pão de cará, a torta de aipim, o café, o Kochkäse, a gengibirra e o melado de cana fazem parte de uma ampla gama de produtos locais que fazem parte da tradição alimentar e da culinária das regiões de imigração no sul do Brasil, especialmente no Vale do Itajaí em Santa Catarina.

Histórico do projeto
O convênio com a Fundação Cultural de Pomerode foi assinado pelo Iphan em 2012 e tem como objetivo o desenvolvimento de ações previstas pelo projeto Roteiros Nacionais de Imigração em Santa Catarina, por meio da consolidação e valorização da Rota do Enxaimel, da identificação e reconhecimento dos modos de fazer e demais manifestações de natureza imaterial e da conservação e manutenção de bens de valor cultural das áreas tombadas e de entorno do Conjunto Rural de Testo Alto, em Pomerode.

O projeto apontou ainda a necessidade e importância de estruturação de um espaço comunitário onde os produtores possam fazer e comercializar seus produtos, dentro das normas sanitárias e de forma cooperada, garantindo a continuidade e transmissão do conhecimento para as novas gerações. Esta é uma forma alternativa geração de renda que, aliada à visitação local que vem sendo estimulada pela Rota do Enxaimel, pode trazer uma nova oportunidade de sustentação econômica para a região.

Esta é uma ação prioritária para o IPHAN em Santa Catarina, que alia a preservação do patrimônio cultural com uma alternativa de desenvolvimento humano e econômico equilibrado e sustentável, dentro da proposta de reconhecimento da paisagem cultural da imigração.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Políticas públicas podem preservar 230 idiomas no Brasil

Políticas públicas podem preservar 230 idiomas no Brasil

Aline de Melo Pires

Foto: Marcello Casal Jr. - Agência Brasil
A herança cultural de um povo é preservada por sua língua. No Brasil, o idioma oficial é a Língua Portuguesa, mas existem, além dela, mais 230 línguas faladas no País. Desse total, 200 são de tribos indígenas e 30 de descendentes de imigrantes. Parece muito? Estima-se que, quando os portugueses atracaram por aqui, esse número chegava perto de 1 mil.

A falta de políticas públicas para preservar os idiomas e a característica cultural das suas comunidades está entre os principais motivos que levam à extinção de uma língua. A afirmação é da professora Ana Elvira Gebara, do curso de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo (SP). “As línguas estão muito ligadas à situação social e histórica em que as comunidades vivem. O que acontece com as línguas indígenas, por exemplo, é que, se você não tem uma política para essas comunidades, a língua morrer é um reflexo de como elas estão sendo tratadas dentro do País”, afirma.

Atualmente, alguns idiomas são dominados por comunidades pequenas, que envolvem poucos integrantes. É possível, portanto, que muitos sejam extintos no futuro. Segundo a professora, contudo, não se pode prever quantas línguas deixarão de existir, pois essa tendência depende do movimento da sociedade e do que seguirá importante, ou não, para ela. A língua, conforme Ana, é a possibilidade de interação que o ser humano tem. Se não há essa interação, se perde uma forma de olhar e entender o mundo.

Interação e otimismo
Apesar das estatísticas, há iniciativas em curso em prol da manutenção dos idiomas nas comunidades brasileiras. Um exemplo é um projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Recentemente, o órgão reconheceu três idiomas falados no Brasil como Referências Culturais Brasileiras. As línguas Talian, Asurini do Trocará e Guarani Mbya foram as primeiras a serem reconhecidas e passaram a fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Os representantes de suas comunidades foram homenageados durante o Seminário Ibero-americano de Diversidade Linguistica, em Foz do Iguaçu/PR, entre 17 e 20 de novembro.

O Talian é falado por uma parte dos imigrantes italianos nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O idioma começou a ser adotado quando os italianos chegaram ao País, no fim do século 19. Existem cidades em que ele é a língua co-oficial, como em Serafina Corrêa/RS, e tem tanta relevância quanto a Língua Portuguesa.

O Asurini do Trocará ou do Tocantins é a língua dos indígenas que vivem às margens do Rio Tocantins, na cidade de Tucuruí (PA). A língua faz parte da família linguística Tupi-Guarani. Já o Guarani Mbya é uma variedade moderna da Língua Guarani, junto com o Nhandeva ou Ava Guarani e o Kaiowa. A região dos povos que falam Guaranu Mbya compreende a faixa litorânea que vai do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul e ainda a fronteira entre Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Distribuídos por várias comunidades, os Guarani representam uma das maiores populações indígenas do País.

Mobilização das comunidades
O reconhecimento dessas três línguas como Referências Culturais Brasileiras foi um pedido das próprias comunidades ao Iphan e representam o começo do que pode ser um resgate cultural no País. “O Brasil não é um País de uma só língua - estão envolvidos muitos aspectos culturais que significam elementos de transmissão e não podem ser perdidos”, explica  Giovana Ribeiro Pereira, representante do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan.

Com o intuito de ser reconhecida e integrar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística, uma língua precisa ser falada em território nacional há, no mínimo, três gerações. O objetivo do Inventário é associar a expressão linguística a sua comunidade de referência e valorizar a expressão como aspecto relevante do patrimônio cultural brasileiro. Para fazer o pedido, os representantes das comunidades devem encaminhar a solicitação ao Iphan. Esse pedido é analisado por uma comissão técnica formada por representantes dos ministérios da Cultura, Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, Justiça e Planejamento.

Assim como o português, outros idiomas falados no Brasil estão em constante evolução. Mas manter a autonomia e as raízes também depende dos próprios representantes das comunidades. “Existe uma escola em Caraguatatuba que tem alunos índios. Quando é preciso mandar bilhete para os pais, eles são enviados para o chefe da tribo. Computador eles conhecem, mas chamam de ‘caixa do pensamento’, ou seja, estão integrados à influência externa, evoluem, mas mantêm sua essência”, conclui Ana.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Línguas regionais e de minorias na Alemanha

Línguas regionais e de minorias na Alemanha

Uma entrevista com o encarregado do governo alemão para questões relacionadas com Aussiedler e minorias nacionais, Hartmut Koschyk, sobre o papel das línguas regionais e de minorias na Alemanha.

Senhor Koschyk, como encarregado do governo alemão para questões relacionadas com Aussiedler e minorias nacionais, o senhor se interessa também pelo legado cultural de línguas regionais e de minorias na Alemanha. Quais dessas línguas são faladas na Alemanha?

Em virtude da Convenção do Concelho da Europa, as quatro minorias nacionais reconhecidas na Alemanha – a minoria dinamarquesa, os sorábios, os frísios, os Sinti alemães e os Roma alemães e as respetivas línguas – o dinamarquês, o alto e o baixo sorábio, o Nordfriesisch e o Saterfriesisch, bem como o romani - estão protegidas. Os membros de minorias nacionais na Alemanha cultivam costumes e hábitos seculares. A língua representa a sua identidade cultural, que transmitem aos filhos e netos. O mesmo se aplica aos falantes da língua regional Niederdeutsch/Platt. Essa língua regional está igualmente protegida na Alemanha.

Por que é importante promover essas línguas?

A proteção e a promoção das minorias com raízes históricas, das suas línguas, como também da língua regional Niederdeutsch contribuem para preservar e desenvolver a riqueza cultural na Alemanha. A diversidade cultural, por sua vez, promove a tolerância e a aceitação, elementos essenciais para uma democracia vivida de forma pluralista.

O reconhecimento de línguas regionais é certamente um importante gesto simbólico – qual é significado prático?

A atividade do meu departamento se estende, além das minorias nacionais, à proteção e à promoção da língua regional Niederdeutsch. Para os falantes de Niederdeutsch foi também criado um comitê consultivo no Ministério do Interior. Esse comitê assegura o contato dos falantes dessa língua regional com o Governo Federal, com o Parlamento Alemão e com os oito Estados onde se fala Niederdeutsch.

Mais, o grupo linguístico Niederdeutsch é apoiado financeiramente pela Encarregada do Governo Federal para Cultura e Mídias.

O que tenciona fazer para dar mais relevo às línguas?

A conferência “Charta-Sprachen in Deutschland - Ein Thema für alle!”* sob o patrocínio do Prof. Dr. Lammert, presidente do Parlamento, é o ponto de partida para uma intensa interação com os falantes das línguas regionais e de minorias. O objetivo da conferência é promover a proteção e o cultivo das línguas regionais e de minorias, sobretudo no âmbito parlamentar.

Em 1992 a Alemanha fez parte do grupo de primeiros países signatários da “Carta das Línguas Regionais e de Minorias” do Concelho da Europa. Qual foi, até agora, o efeito dessa Carta, e o que se pretende dela no futuro?

A finalidade da Carta é fazer com que as línguas regionais e de minorias tradicionalmente faladas em um determinado Estado contratante sejam protegidas e promovidas enquanto aspeto ameaçado do patrimônio cultural europeu. Em muitas regiões, as línguas regionais e de minorias são visíveis ao público. Aparecem em placas com nomes de cidades, e podem mesmo ser usadas em tribunais ou em contatos com a administração pública. Contudo, ainda há muito a fazer no futuro; uma das prioridades é convencer as novas gerações da necessidade de preservar e desenvolver as línguas regionais e de minorias.

Como são apoiados os membros das minorias nacionais na Alemanha?

As minorias nacionais recebem apoio financeiro tanto do governo federal, como dos governos estaduais e dos municípios. As minorias nacionais na Alemanha estão reunidas em um Conselho das Minorias em Berlim e mantêm, em conjunto, uma Secretaria das Minorias em Berlim. Paralelamente, existem vários organismos que apoiam as minorias nacionais. Por exemplo, o Governo Federal nomeou um encarregado para questões relacionadas com Aussiedler e minorias nacionais, que serve de interlocutor para todas as questões das minorias nacionais. No Parlamento Alemão existe um comitê consultivo, e o Governo criou um fórum para as minorias nacionais reconhecidas e para os falantes de Niederdeutsch.

Em que medida a Alemanha colabora com outros países em matéria de minorias?

A Alemanha apoia as iniciativas do Concelho da Europa, da União Europeia (UE) e da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), mantendo assim vários contatos bilaterais com outros países. Nas minhas viagens para encontrar as minorias alemães no estrangeiro, marco sempre encontros com membros do governo e deputados responsáveis por questões relacionadas com minorias. No caso da Ucrânia, por exemplo, este ano intensifiquei os contatos no âmbito da proteção de minorias.

*Conferência “Charta-Sprachen in “Deutschland – Ein Thema für alle!”, dia 26 de novembro de 2014 em Berlim

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Comunidade Hunsriqueana comemora a aprovação do Projeto para Inventário de sua Língua

Comunidade Hunsriqueana comemora a aprovação do Projeto para Inventário de sua Língua

Cleo Vilson Altenhofen
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) divulgou no mês passado (ver notícia aqui) o resultado da habilitação e avaliação das propostas do Edital de Chamamento Público 004/2014 – Identificação, Apoio e Fomento à diversidade linguística no Brasil – Línguas de Sinais, Línguas de Imigração e Línguas Indígenas. Dentre as propostas aprovadas estão duas parcerias com o IPOL: o Inventário da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e o Inventário do Hunsrückisch (hunsriqueano) como língua brasileira de imigração. Este último será desenvolvido pelo IPOL e pela UFRGS, e tem por base o Projeto ALMA, coordenado pelo prof. Cleo Vilson Altenhofen, o qual será ampliado desde a perspectiva do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), abrangendo novas comunidades linguísticas, especialmente no Espírito Santo. 

A notícia da aprovação do Projeto do Inventário do Hunsrückisch foi comemorada euforicamente pela comunidade Hünsriqueana. Como exemplo dessa celebração apresentamos a seguir a correspondência do prof. Cleo Vilson Altenhofen destinada àquela comunidade e demais parceiros envolvidos no Projeto.

Querid@s amig@s do Hunsrückisch e demais parceir@s da diversidade de línguas,

Gostaria de agradecer a vocês pelo apoio dado ao nosso projeto "Inventário do Hunsrückisch (hunsriqueano) como língua brasileira de imigração", que no início deste mês encaminhamos junto com o IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística - http://e-ipol.org/sobre-o-ipol/) a um edital de Chamamento Público Nº 04/2014 - Identificação, Apoio e Fomento à Diversidade Linguística no Brasil, do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=18657&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia).

Estava apenas aguardando o resultado final, recém publicado no dia 27/10 passado (http://www.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=4825), para comunicar que o projeto, para nossa alegria, foi aprovado, na modalidade de línguas de imigração, com a nota máxima. Dentro do possível, queremos deixá-los a par do desenvolvimento deste projeto, como sinal de respeito e consideração, pois uma língua não pertence a ninguém em particular, e sim é fruto de uma coletividade. É por isso em conjunto com as comunidades de falantes que queremos desenvolver este inventário do Hunsrückisch. Uma amostra de que essa parceria pode render muitos bons frutos, sobretudo em prol de uma consciência da importância de saber línguas diferentes, incluindo aí sobretudo a língua de nossos pais e avós, foi dada durante o envio das declarações de anuência, em que muitos de vocês expressaram sua confiança e aprovação à nossa proposta de trabalho. Chegamos a mais de cem declarações dos mais diferentes lugares. Esse número teria sido maior se tivéssemos tido mais tempo. O mais co-movente, porém, foi ver a mobilização por meio da língua e pela língua, e que lembrou um poema de João Cabral de Melo Neto, Tecendo a Manhã, o qual vai aqui traduzido para o Hunsrückisch, com o intuito de agradecer o apoio recebido e dar voz e ouvidos a ainda mais falantes que, em virtude da urgência do pedido e do enorme trabalho que envolveu a montagem do projeto, não conseguimos atingir desta vez. 

Tecendo a Manhã
(Poema de João Cabral de Melo Neto)

  Um galo sozinho não tece uma manhã:
  ele precisará sempre de outros galos.
  De um que apanhe esse grito que ele
  e o lance a outro; de um outro galo
  que apanhe o grito que um galo antes
  e o lance a outro; e de outros galos
  que com muitos outros galos se cruzem
  os fios de sol de seus gritos de galo,
  para que a manhã, desde uma teia tênue,
  se vá tecendo, entre todos os galos.

  E se encorpando em tela, entre todos,
  se erguendo tenda, onde entrem todos,
  se entretendo para todos, no toldo
  (a manhã) que plana livre de armação.
  A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
  que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Der Moint om Stricke
 (Tradução para o Hunsrückisch: Cléo V. Altenhofen)

  En Hoohn alleen strickt noch net en Moint:
  Der braucht immer annre Hoohne.
  Von enne, wo sein Krehe gappscht, wo der
  unn en annre weiter langt; von‘en annre Hoohn,
  wo sein Krehe gappscht, wo en Hoohn ewe
  unn en annre weiter langt; unn von annre Hoohne,
  wo mit en Haufe annre Hoohne sich die Sunnfedme
  von denne sein Hoohnekrehe iwerziehe,
  fo dass der Moint, bis von en dinn Spinneweb
  sich langsam stricke lesst, unnich de ganze Hoohne.

  Unn beim Sich Sterkre in en Tuch, unnich all,
  beim Uffstelle von en Hitt, wo die renngehn all,
  beim Sich Vegniese fo se all, om Dach
  (der Moint) wo frei von Gestell in der Luft schwebt.
  Der Moint, Dach von en so liftiche Stoff,
  wo, Stoff, von selebst uffsteiht: Licht Balong.



Tal como os galos anunciando manhãs, esperamos ouvir muitas vozes em Hunsrückisch, exprimindo sem medo a sua cultura e história, em solo brasileiro. Nos próximos dois anos (2015-2016) de vigência do projeto, não faltarão oportunidades de inter-ação. Um canal de comunicação importante, neste sentido, será o blog do Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração (http://forlibi.blogspot.com.br/). Fiquem atentos e, por favor, encaminhem este e-mail a pessoas de contato e, principalmente, informem sobre a aprovação do projeto àqueles que não possuem endereço eletrônico e que tenham colaborado com as cartas de anuência. Pelas pontes, muito obrigado.

Obrigado, por fim, também ao IPHAN pelo apoio e confiança no "Inventário do Hunsrückisch (pt. hunsriqueano) como língua brasileira de imigração".

En fosche Abrass unn vielmols danke scheen

--- 

Cleo Vilson Altenhofen
cvalten@ufrgs.br
Coordenador da Pesquisa

Rosângela Morello
dandarim@gmail.com
Coordenadora Geral pelo IPOL

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Línguas Guarani Mbya, Asurini do Trocará e Talian recebem certificação de Referência Cultural Brasileira em cerimônia

Três línguas são reconhecidas pelo Iphan como Referência Cultural Brasileira

Rosângela Morello, coordenadora geral do IPOL, na entrega do diploma
 de reconhecimento da língua indígena Guarani Mbya -
Foto: Facebook de Maria Ceres Pereira
As línguas foram apresentadas em encontro ibero-americano que debater políticas públicas para a preservação da diversidade linguística.

Talian, Asurini do Trocará e Guarani Mbya são as primeiras línguas reconhecidas como Referência Cultural Brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e que agora passam a fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), conforme dispõe o Decreto 7387/2010. Essas línguas e os representantes de suas comunidades foram homenageados durante o Seminário Ibero-americano de Diversidade Linguística, que acontece em Foz do Iguaçu (PR), até o dia 20 de novembro.

Representantes da comunidade falante de Talian recebem o título
 de referência cultural brasileira das mãos da Sra. Jurema Machado,
 presidente do Iphan - Foto: Facebook Diversidade Linguística.
Na última terça-feira, dia 18, as comunidades receberam da presidenta do Iphan, Jurema Machado, o certificado do registro das línguas, que ocorreu em 09 de setembro de 2014. Segundo ela, este é “de fato o primeiro resultado de uma política que se pretende muito ampla de proteção da diversidade linguística. Esses três primeiros ocorrem porque eram estudos mais adiantados, mas o que se pretende é estender ao maior número possível de línguas, de forma que elas tenham direitos e, enfim, a proteção do Estado."

O Talian é utilizada por uma parte da comunidade de imigração italiana, na Região Sul do Brasil, sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A língua é falada desde que os italianos começaram a chegar ao país, no final do século XIX. Há municípios desses estados nos quais o Talian é língua co-oficial. Ou seja, detém relevância tanto quanto a língua portuguesa.

Asurini do Tocantins na cerimônia de titulação
de sua língua - Foto: Facebook Diversidade Linguística.
Asurini do Trocará ou Asurini do Tocantins é a língua falada pelo povo indígena Asurini, que vivem as margens do Rio Tocantins, no município de Tucuruí (PA). A língua pertence à família linguística Tupi-Guarani.

Guarani Mbya é uma das três variedades modernas da Língua Guarani, juntamente com o Nhandeva ou Ava Guarani e o Kaiowa. A língua Guarani Mbya é uma das línguas indígenas faladas no Brasil, ocupando uma grande faixa do litoral que vai do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, além da fronteira entre Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Os Guarani representam uma das maiores populações indígenas do Brasil. Estão distribuídos por diversas comunidades.

Guarani na cerimônia de titulação -
 Foto: Facebook Diversidade Linguística.
Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística 
O evento vai discutir políticas públicas para a preservação e promoção da diversidade linguística dos países Ibero-americanos.  O objetivo do encontro é possibilitar a reflexão sobre as experiências e iniciativas desenvolvidas pelos países, como a política brasileira para a diversidade linguística, além de propiciar um espaço de levantamento, sistematização e análise de experiências e iniciativas voltadas à promoção do espanhol e do português como segundas línguas dos países Ibero-americanos, assim como nos Estados Unidos, Canadá, Caribe e África Lusófona.

Durante o Seminário vão ocorrer ainda os seguintes eventos:  Encontro de Autoridades Ibero-Americanas sobre Políticas Públicas para a Diversidade Linguística, reunindo representantes de todos os países que integram a comunidade ibero-americana, e o Fórum Línguas, Culturas e Sociedades, organizado pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

O evento é uma parceria do Iphan e do Ministério da Cultura com a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Essa é primeira edição do encontro. A cidade de Foz do Iguaçu foi escolhida para sediar o evento por estar na fronteira do território linguístico do português, espanhol e das línguas minoritárias faladas no espaço ibero-americano.

INDL
Para que uma língua seja reconhecida e passe a fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) ela precisa ser falada em território nacional há, pelo menos, três gerações, o marco temporal é em torno de 75 anos. O objetivo do Inventário é associar a expressão linguística à sua comunidade de referência e valorizar a expressão enquanto aspecto relevante do patrimônio cultural brasileiro.

Para fazer é solicitação, é necessário que a comunidade encaminhe o pedido de inclusão no INDL para o Iphan. O pedido é analisado por uma comissão técnica formada por representantes dos seguintes ministérios: Ministério da Cultura, Educação, Ciência Tecnologia e Inovação, Justiça e Planejamento. Se esses representantes decidirem pelo reconhecimento, o processo segue para a sanção da Ministra da Cultura.

Saiba mais sobre a Política da Diversidade Linguística clicando aqui.

Veja, clicando aqui, o certificado de registro da língua Talian
Veja, clicando aqui, o certificado de registro da língua Asurini do Trocará
Veja, clicando aqui, o certificado de registro da língua Guarani Mbya

Serviço: 
Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística
Data: 17 a 20 de novembro de 2014
Local: Foz do Iguaçu (PR)

Página Diversidade Linguística no Facebook.

FEIBEMO - Federação de Entidades Ítalo-Brasileiras no Meio-Oeste e Planalto Catarinense

FEIBEMO - Federação de Entidades Ítalo-Brasileiras no Meio-Oeste e Planalto Catarinense

A FEIBEMO foi fundada em 17/08/1996, com sede e foro no município de Caçador-SC, sendo uma sociedade civil, com personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos e com duração indeterminada. É de caráter apolítico e seu quadro social é composto por Entidades Ítalo-Brasileiras. Sua abrangência territorial vai da Serra lageana ao Município de Seara-SC entre os limites do Estado com o Rio Grande do Sul e do Paraná. Possui atualmente trinta associadas dos mais diversos municípios de sua abrangência. Expande-se com a língua italiana na rede municipal para o Oeste do Estado.

Tem por finalidade coordenar, orientar e facilitar a operacionalização dos objetivos de suas associadas, visando ao resgate da cultura italiana e favorecer intercâmbios.

Seus principais objetivos são o de promover a língua italiana, resgatar a cultura, a tradição, a memória e os costumes dos imigrantes italianos e introduzir novos mecanismos da cultura italiana, dentre outros.

Cada associada da FEIBEMO promove e desenvolve anualmente um calendário de eventos com atrações específicas com intuito de cultuar e divulgar a cultura italiana trazida pelos imigrantes. A Federação incentiva e apóia essas iniciativas. Favorece também intercâmbios, através da divulgação e devidas orientações para o seu encaminhamento, em especial de estudos, promovidos por diversas Regiões da Itália.

Para maiores informações, acesse aqui o site da FEIBEMO.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Encontro Nacional de Revitalização do Ensino da Língua Ucraniana no Brasil

Encontro Nacional de Revitalização do Ensino da Língua Ucraniana no Brasil

Dia 22 de novembro de 2014 (sábado)
Inicio às 13:00 horas
Rua Augusto Stellfeld, 799 – Curitiba – Sociedade Ucraniana do Brasil - SUBRAS 

São convidados todos os professores de língua ucraniana, os responsáveis pelo ensino da língua nas universidades e sociedades ucranianas civis e religiosas e os interessados em ampliar o ensino da língua ucraniana . 

O objetivo é analisar a atual situação do ensino da língua no Brasil, verificar os projetos existentes, identificar os entraves e apontar linhas de ação para a revitalização do ensino da língua ucraniana no Brasil. 

Confirme a sua presença ! 

Informações : Representação Central Ucraniano Brasileira
E-mail: rcucranianobrasileira@gmail.com | Fone: (041) 9981 5402

Fonte: Representação Central Ucraniano Brasileira

Moradores da Serra Gaúcha tentam salvar o dialeto talian da extinção

Moradores da Serra Gaúcha tentam salvar o dialeto talian da extinção

Os adultos da família Isotton se comunicam em dialeto,
 mas as crianças, apesar de entenderem, resistem em falar.
O reconhecimento da língua como Patrimônio Imaterial do país traz a esperança de que ela renasça do declínio

Por Luísa Martins
Fotos: Anderson Fetter/Agencia RBS

Ainda gritado pelos nonos e nonas mas cada vez mais ausente do repertório das crianças, o dialeto talian, falado por mais de 500 mil descendentes da imigração italiana ao Brasil, está prestes a ser promovido ao status de idioma. No próximo dia 18, um certificado expedido pelo Ministério da Cultura (MinC) vai classificá-lo, em um movimento inédito, como Referência Cultural Brasileira —um título que sinaliza o percurso contrário ao silêncio e traz a esperança de que a língua, em declínio nas últimas décadas, se salve da morte.

A 95 quilômetros de Bento Gonçalves, Serafina Corrêa é a única cidade brasileira em que o talian é idioma co-oficial (lei municipal em vigor desde 2009). Ainda assim, a ritmada língua de erres acentuados e vogais bem pronunciadas está praticamente restrita aos ambientes domésticos. Os mais velhos falam, os adultos respondem e a gurizada, em geral, apenas entende.

— Eu tenho um pouco de vergonha de falar — confessa em português o estudante Enzo Isotton, oito anos.  

Dentro de casa, ele e o irmão Guido, seis anos, conseguem acompanhar o diálogo dos pais e dos avós. Moram todos juntos e, diariamente, dividem a mesma mesa de café da manhã, em um sobrado perdido na zona rural do município, a 10 quilômetros do Centro. Já ouviram, em talian, seu Jeronimo e dona Odila, ambos com 82 anos, contarem sobre o passado de lida no campo, rezarem a novena e reclamarem de uma época em que o acesso à educação era difícil. Na hora de parlar, porém, os meninos emudecem. A mãe, Daniela Ferrari, não tem dúvidas sobre o motivo.

— No colégio, os colegas debocham, riem, fazem piada. É o que acaba os intimidando cada vez mais — diz ela, com a propriedade de quem convive com a situação todos os dias, já que dirige uma escola de Ensino Fundamental.

A palavra para isso não tem origem italiana nem brasileira. O bullying se expressa sem que as crianças sequer tenham consciência de que o Brasil não é feito só da língua portuguesa (a Unesco calcula que, em todo o país, sejam falados 210 idiomas minoritários, 70 deles estabelecidos por imigrantes). Assim, quando algum aluno diz “zeito” em vez de “jeito”, logo começa o cochicho: está errado.

Em vídeo, veja o retrato do Talian:


— Acho que é um tipo de preconceito — afirma Daniela. — Ultimamente, as pessoas têm valorizado tanto quem sabe falar duas línguas clássicas, como português e inglês, por exemplo. Por que conhecer o português e o talian é visto de uma forma diferente?

Não há resposta certa, mas existem desconfianças. A suposição da ex-pesquisadora da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Marley Pértile, doutora em Letras e especialista em Linguística Aplicada, com ênfase na área de Bilinguismo e Línguas de Imigração, é a de que, como há o italiano oficial, o talian é frequentemente tachado de língua falsa, um “dialetão de colono”. Visão equivocada, segundo ela:

— Se você se comunica através de uma linguagem, ela é legítima.

O escritor e professor Darcy Loss Luzzatto é o autor do dicionário
português-talian, uma das únicas obras disponíveis para
consulta ortográfica do idioma de imigração.
O receio em falar o talian, afirma o escritor e professor Darcy Loss Luzzatto, também pode ser um resquício da política de nacionalização implementada por Getúlio Vargas durante o Estado Novo, na década de 1940, em uma tentativa de silenciar qualquer língua que não fosse o puro português. Regiões de colonização estrangeira podiam ser secretamente inspecionadas — e não raro quem fosse flagrado conversando em talian, também chamado vêneto brasileiro, ia preso. Àquela época, Luzzatto, ao ajudar a atender um cliente do bar que o pai havia aberto na minúscula Pinto Bandeira (onde nasceu e hoje reside), ouviu:

— Ceo, dame un cichet de caciassa col fernet (Menino, me dá um traguinho de cachaça com fernet).

O homem foi levado pela polícia — uma memória latente até hoje para o escritor. Também não sai da lembrança o dia em que uma professora, na escola, disse que o talian era um dialeto de gente estúpida e ignorante.

— É aquela história: depois que o cara é massacrado, vira brigão — brinca ele, que do desrespeito à lingua-mãe fez nascer as três únicas obras da gramática taliana (Noções de Gramática, História e Cultura, Dissionàrio Talian-Portoghese e Dicionário Português-Talian) e que, toda segunda-feira, encara 100 quilômetros de estrada, ida e volta, para dar uma só aula de talian a um grupo de alunos de Serafina Corrêa, a maioria professoras do ensino básico.

A bibliografia elaborada pelo escritor foi uma das consultadas para a elaboração de um grosso relatório que, enviado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sob a coordenação de Marley, então docente da UCS, radiografa a situação do talian no Brasil. A pesquisa realizada em 2009 aponta, por exemplo, que a perda linguística do talian de uma geração para outra pode chegar a 36% — uma queda significativa se comparada ao fim da década de 1980, em que um levantamento demonstrou perda inferior a 1%.

O documento foi a principal etapa de uma epopeia pelo reconhecimento. Começou em 2001, nove anos antes de o órgão criar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Entusiasta do talian, o escritor, poeta e hoje blogueiro em Erechim Honório Tonial, 88, descobriu que existia uma coisa chamada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Ouviu sobre isso no rádio, durante a Voz do Brasil — noticiário tornado obrigatório, ironicamente, pelo mesmo Vargas que tentou encolher a italianice dos descendentes. Então, por meio da Federação das Associações Ítalo-Brasileiras do Rio Grande do Sul (Fibra/RS), enviou um ofício ao Iphan, que acolheu o pedido e indicou o dialeto como objeto para o projeto-piloto de inventário — com um aporte de R$ 150 mil do MinC. A esperada cerimônia de condecoração será em Foz do Iguaçu (PR), dia 18, durante o Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística.

Para Paulo Massolini, presidente da Fibra, a oficialização do talian como idioma brasileiro — e primeira língua de imigração a ser reconhecida Patrimônio Imaterial do Brasil — abre precedente para que, finalmente, se reformule o programa de ensino das séries escolares iniciais. Atualmente, do primeiro ao quarto ano do Ensino Fundamental, os alunos têm aulas de italiano regular.

— Que nem de longe é o que representa a nossa cultura — afirma Massolini.

É que o talian surgiu de uma mistura. No século 19, a Itália era dividida por regiões, cada uma com seu dialeto particular. Recém-chegados ao Brasil em busca de um pedaço de terra em um país novo e ainda pouco desbravado, imigrantes de várias regiões (Lombardia, Trentino-Alto Adige, Friuli-Venezia Giulia, Piemonte, Toscana, Ligúria e, principalmente, Vêneto) foram postos em convivência pelos donos das colônias. Precisavam constantemente adaptar seus múltiplos falares para que conseguissem se entender.

— Aos poucos, palavras brasileiras foram sendo inseridas no vocabulário, mas com uma sintaxe veneta — explica o professor Luzzatto.

A palavra “tamanco”, por exemplo, em italiano fala-se “zoccolo”. No talian, acabou virando “tamanchi”.

No entanto, o que Luzzatto tem como grande trunfo do talian pode ser justamente o que, para a professora Marley, é o desafio de inserir o ensino do idioma na grade curricular do ensino básico:

— El talian se lo scrive come se lo parla e se lo parla come se lo scrive (O talian se escreve como se fala e se fala como se escreve).

— E, por isso, é difícil de ensinar — aponta Marley.

O talian é uma linguagem que ainda não está sistematizada gramaticalmente. Muito porque, até a década passada, existia apenas na fala. Era, em suma, uma língua oral, com palavras que, até hoje, permitem duas ou mais pronúncias diferentes.

Está com as famílias, portanto, o poder de resgatar o talian da queda, uma vez que fora de casa quem prevalece é o português. Segundo Marley, alguns fatores favorecem o sumiço gradual do dialeto — o mais importante deles: os pais estão deixando de falar a língua com seus filhos. Algo impensável na casa dos Ziliotto, também em Serafina Corrêa.

Albino e Zelinda Ziliotto culpam a tecnologia pelo
 desinteresse das crianças em valorizar o talian.
Seu Albino, aos 74 anos, não vai carregar qualquer parcela de culpa por deixar o dialeto esmorecer. Não só insiste no talian com seus quatro filhos, 13 netos e quatro bisnetos, mas também na manutenção dos costumes que herdou dos avós italianos. Cita alguns:

— L’è bisogno darghe un bon di, farghe na vìsita ai maladi, cognosser la colònia. Ghe ze gente che vien del paese che no sà gnanca cossa che sia un fogon a legna (Tem que dar bom dia, visitar os doentes, conhecer a roça. Tem gente que vem lá da cidade e não sabe nem o que é um fogão a lenha).

Ele e a mulher, Zelinda, presenças assíduas nos filós (encontros de famílias italianas, cheios de comes, bebes, cantorias e causos), tiram o sustento com a produção de queijos, salames e vinhos, entre outras iguarias tradicionais, e têm uma ideia fixa sobre quem é a verdadeira destruidora do talian: a tecnologia.

— A gente até tenta conversar com as crianças, mas depois que veio a tevê e o tal de computador, ninguém mais consegue a atenção da piazada — diz Albino, com a anuência de Zelinda.

O locutor e animador Edgar Marostica tenta ir na contramão. Palestras e programas de rádio posicionam o talian de uma maneira engraçada, mas no contexto da história dos imigrantes italianos na região.

— É uma maneira de, através de uma brincadeira, despertar as crianças para a importância da sua origem. O meu filho de dois anos entende tudo o que eu digo e já ensaia as primeiras palavras em talian — relata o humorista.

Do convívio com a avó, Simone se tornou fluente em talian,
 mas depois de ir para a escola, foi se aquietando: hoje, só fala o básico.
Algo que também aconteceu com a pequena Simone Bedin, seis anos. Está sendo alfabetizada em português, mas em casa, só fala o talian.

— É que a minha nona não entende outra língua — se explica.

Os avós da nona chegaram da Itália ao Brasil na virada para o século 20. Como não foi à escola e passou boa parte da vida ajudando os parentes a cuidar de um pedacinho de terra em Guaporé (cidade da qual Serafina Corrêa fazia parte antes de se emancipar), Antonia Bedin, 81 anos, não aprendeu uma palavrinha sequer em português. Dos diálogos em talian sobre o cotidiano das lidas campeiras, fez-se uma neta fluente no idioma imigrante.

Quando entrou na escola, dois anos atrás, a menina era uma tagarela do talian, conta a professora Isabel Bazza. Foi se aquietando ao longo do tempo e, hoje, fora do convívio familiar, só fala o bê-á-bá: nome, idade, comida preferida. Às vezes, como se um botão fosse acionado dentro dela, desata a falar, normalmente após o estímulo de um questionamento feito em dialeto. Se Simone ouvir alguém perguntando, em talian, quais bichos ela tem em casa, virá a resposta rápida (e um sopro de esperança aos que querem ver o talian renascer):

– Gat, can, galina, porco, vaca, beco (Gato, cachorro, galinha, porco, vaca, cabrito).

Fonte: Zero Hora

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Lançado o livro "Fá d’ambô: herança da Língua Portuguesa na Guiné Equatorial"

Lançado o livro "Fá d’ambô: herança da Língua Portuguesa na Guiné Equatorial"

Rosângela Morello e Gilvan Müller de Oliveira
Em 15 de outubro de 2014, durante o Colóquio A Língua Portuguesa, o multilinguismo e as novas tecnologias das línguas no século XXI, realizado em Belo Horizonte no Campus II do CEFET de Minas Gerais, foi lançado o livro Fá d’ambô: herança da Língua Portuguesa na Guiné Equatorial

O livro assinado por Armando Zamora Segorbe (Linguista e professor da Universidade Nacional da Guiné Equatorial), Gilvan Müller de Oliveira (Linguista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina) e Rosângela Morello (Linguista e Coordenadora Geral do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística) é resultado de pesquisas realizadas em campo, em 2012, como parte de um protocolo de cooperação entre o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e o Governo da Guiné Equatorial.  As temáticas abordadas pelos autores promovem uma visibilização das relações histórico-culturais do fá d’ambô com a língua portuguesa na Guiné Equatorial e situam questões para a gestão dessas e outras línguas no país.  A publicação do livro dialoga, ainda, com as ações em torno da promoção da língua portuguesa no país decorrente de sua oficialização ocorrida no final de 2011. Conforme Oliveira, a Guiné Equatorial é hoje o único país do mundo cujos idiomas oficiais são as três grandes línguas românicas (o espanhol, o francês e o português). 

A República da Guiné Equatorial, que desde julho de 2014 faz parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), situa-se no oeste da África Central e seu território é constituído por províncias continentais e insulares. Dentre as províncias insulares da Guine Equatorial encontra-se a ilha de Ano Bom, onde atracaram os portugueses em 1471, período das grandes navegações, deixando nesse lugar sua herança linguística hoje verificada no fá d’ambô, crioulo de base lexical portuguesa. 

O livro expõe um breve panorama histórico da ilha de Ano Bom em sua relação com a língua portuguesa, situa a história do fá d’ambô, descreve diversos aspectos linguísticos da ‘língua annobonesa’, nas palavras de Segorbe, bem como analisa o fá d’ambô no contexto plurilíngue da Guiné Equatorial a partir de dados coletados por meio de um intenso trabalho em campo realizado segundo a metodologia de diagnósticos linguísticos e sociolinguísticos. As pesquisas de campo foram desenvolvidas em março de 2012 em Malabo (capital do país) e entorno entre comunidades annobonesas e na pequena ilha de Ano Bom, sob a coordenação da Profa. Dra. Rosângela Morello.

Conforme as palavras de Oliveira, então Diretor Executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o livro contribui para “a compreensão das regiões onde o português é usado, ou onde fenômenos linguísticos que tiveram sua origem no português ocorrem”.

Em entrevista realizada com Morello por ocasião do lançamento do livro, a autora relaciona o crescimento de interesse pela língua portuguesa com a renovação de pesquisas sobre os crioulos de base lexical portuguesa: “Esperamos que esse livro possa continuar dando abertura para a reflexão sobre o que é a Língua Portuguesa no mundo. Compreendemos que tem havido um crescimento no interesse do Brasil pelos demais países africanos, onde a língua portuguesa também é falada. Espero que esse livro possa subsidiar novas pesquisas e esse trabalho possa gerar novos interesses”. 

O livro foi publicado pelo IILP com aporte do Programa de Apoio às Iniciativas Culturais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PAIC-PALOP) dos Fundos ACP (África-Caraíba-Pacífico) e, principalmente, com a contribuição do Governo da Guiné Equatorial.

Fonte: e-Ipol.org

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Libras e Hunsrückisch serão línguas inventariadas no âmbito do INDL

Libras e Hunsrückisch serão línguas inventariadas no âmbito do INDL

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) divulgou o resultado da habilitação e avaliação das propostas do Edital de Chamamento Público 004/2014 – Identificação, Apoio e Fomento à diversidade linguística no Brasil – Línguas de Sinais, Línguas de Imigração e Línguas Indígenas.

Entre as propostas aprovadas estão o Inventário da Língua Brasileira de Sinais e o Inventário do Hunsrückisch (hunsriqueano) como língua brasileira de imigração, ambas com parceira do IPOL.

O Inventário da Libras é uma parceria entre o IPOL e a UFSC, e terá por foco a sistematização de dados sociolinguísticos dessa língua utilizando a produção acadêmica e a população envolvida em cursos de formação à distância da UFSC coordenados pelos profs. Ronice Quadros e Tarcisio Leite e uma coleta específica na região da grande Florianópolis.

O Hunsrückisch (hunsriqueano) será desenvolvido pelo IPOL e pela UFRGS, e tem por base o Projeto ALMA, coordenado pelo prof. Cleo Altenhofen, o qual será ampliado desde a perspectiva do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Além disso, abrangerá novas comunidades linguísticas, especialmente no Espírito Santo.

As pesquisas serão desenvolvidas por pesquisadores do IPOL e das instituições parceiras, em estreito diálogo com as comunidades de falantes, e com o IPHAN. O objetivo é que ambas as línguas sejam reconhecidas como referência cultural brasileira, como está previsto no âmbito da política do INDL.

Para a Coordenadora Geral do IPOL, Drª Rosângela Morello, "a realização desses projetos são importantes ações na direção da implementação do INDL e podem aportar novas contribuições tanto do ponto de vista metodológico quando das articulações políticas seja com os falantes, seja com instâncias do poder público, visando a plena instalação da política do INDL".

O INDL foi criado pelo Decreto federal nº 7.387, de 09 de dezembro de 2010. De acordo com o relatório do Grupo de Trabalho que instituiu as diretrizes para o INDL,

O Inventário permitirá ao Estado e à sociedade em geral o conhecimento e a divulgação da diversidade linguística do país e seu reconhecimento como patrimônio cultural. Esse reconhecimento e a nomeação das línguas inventariadas como referências culturais brasileiras constituirão atos de efeitos positivos para a formulação e implantação de políticas públicas, para a valorização da diversidade linguística, para o aprendizado dessas línguas pelas novas gerações e para o desenvolvimento do seu uso em novos contextos.

Ao todo foram aprovados seis projetos nas três categorias. Quanto aos projetos propostos pelo IPOL e parceiros, o Libras foi classificado em 1º lugar na categoria Línguas de Sinais e Hunsrückisch foi o único a ser aprovado na categoria Línguas de Imigração.

Para maiores detalhes, baixe aqui o arquivo com o resultado da habilitação e avaliação de propostas do IPHAN.

Fonte: e-Ipol.org

sábado, 18 de outubro de 2014

Viana do Castelo, Portugal: Relançamento de património imaterial Galego-Português

Viana do Castelo, Portugal: Relançamento de património imaterial Galego-Português

O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo e presidente da Rede Internacional de Entidades Transfronteiriças - RIET, José Maria Costa, marcou ontem presença no décimo aniversário da apresentação da Candidatura do Património Imaterial Galego-Português da UNESCO, na sede do Conselho da Cultura Galega, em Santiago de Compostela.

A sessão, organizada pela Associação Cultural e Pedagógica Ponte…nas ondas! com o apoio de instituições da Galiza e de Portugal, integrou intervenções de representantes de várias entidades como do Museu do Povo Galego, da Secretaria de Política Linguística da Xunta da Galicia, Direcção Geral de Relações Exteriores e da União Europeia e do Presidente do Conselho da Cultura Galega.

De lembrar que, há dez anos, um grupo de professores da Associação entregou na sede da UNESCO em Paris a Candidatura do Património Imaterial Galego-Português, sendo a primeira a ser promovida por escolas dos dois países da União Europeia. A candidatura, que suscitou grande adesão na Galiza e em Portugal, defende a identidade história dos dois países: para além dos castelos, conventos e monumentos, também os sons, os gestos, os dizeres e a língua mostram uma identidade história para preservar enquanto elementos culturais delicados, postos em causa muitas vezes pela História.

A sessão comemorativa de ontem serviu para reavivar todo o processo de candidatura, que renasce agora com uma nova campanha.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Seminário no IPOL desvenda histórias da imigração no Brasil

Seminário no IPOL desvenda histórias da imigração no Brasil

Peter Lorenzo, Cíntia Vilanova e Alberto Gonçalves
Na sede do IPOL em Florianópolis, realizou-se no dia 02 de outubro o seminário “Histórias da Imigração no Brasil”. Apresentado por Alberto Gonçalves, contou com a presença da coordenadora do IPOL, Rosângela Morello, além de Peter Lorenzo e Cíntia Vilanova. No seminário, apresentou-se um levantamento sobre a heterogeneidade de histórias referentes aos imigrantes europeus e asiáticos no Brasil, abrangendo o recorte temporal desde o início do século XIX até as primeiras décadas do séc. XX.

As informações apresentadas no seminário fomentaram novas questões e encaminhamentos ao projeto “Receitas da Memória, os sabores da imigração em Documentário”, convênio financiado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – e executado pelo IPOL, através de Edital PNPI/2013.

Alberto Gonçalves e Rosângela Morello
O projeto, como seu título indica, prevê a realização de um documentário que abordará o caminho de sabores e memórias da imigração no Estado de Santa Catarina, apresentando ao público brasileiro a história de imigrantes e suas referências identitárias.

A condução do trabalho pretende dar relevância a aspectos da história, da memória e da língua dos imigrantes, tendo como principal fio condutor as receitas culinárias e seus pratos, os ingredientes, sabores e costumes, com o objetivo de contar a história na perspectiva do grupo de imigrante e assim valorizar e legitimar seus saberes e os modos pelos quais se transformaram de geração em geração na interação com outras culturas no Brasil.

A equipe do projeto “Receitas da Memória, os sabores da imigração em Documentário” procura, desse modo, contribuir para a promoção das comunidades de imigração, dando sustentabilidade às suas práticas culturais e linguísticas.


Fonte: e-Ipol.org