Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Brasil é 3º país em número de línguas em risco de extinção

 O Brasil é o terceiro país do mundo com o maior número de línguas ameaçadas de extinção, segundo a nova edição do Atlas Interativo de Línguas em Perigo no Mundo, apresentado pela Unesco.

 O Atlas, acessível a partir no site da Unesco, reúne 2,5 mil línguas ameaçadas no mundo, que podem desaparecer até o final deste século.

Segundo o levantamento, feito por 25 linguistas, 190 línguas indígenas correm risco de desaparecer no Brasil, sendo que 45 delas foram classificadas na categoria de risco mais elevado.

 Dois exemplos são o kaixána, falado por apenas 1 pessoa em Japurá, no Amazonas, e o mawayana, preservado por somente 10 indígenas, na fronteira com a Guiana.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Da língua geral ao talian e pomerano

 Por ter chegado ao Brasil através de colonizadores, o português demorou a alcançar um status predominante no país. Houve época em que a língua geral paulista – língua crioula introduzida pelos bandeirantes à época do Brasil Colônia baseada na língua tupinambá – era o idioma mais utilizado. O Português só viria a se tornar hegemônico a partir do século XVII e XVIII, quando seu uso e ensino foram instituídos, visando ao fortalecimento de uma unidade nacional.

Apesar do óbvio domínio de um idioma oficial, o país apresenta hoje uma variedade de línguas que são faladas ao longo da sua extensão.  Essa diversidade é resultado da entrada de grupos, de alemães e italianos, inicialmente, que começaram de forma tímida, ainda no Império, e foram se expandindo até 1930.
Para o crescimento do número de imigrantes, um dos fatores contribuintes foi a crise pela qual a Europa atravessava. Enquanto o Velho Mundo sofria com as suas  condições socioeconômicas, o Brasil buscava mão de obra para suprir a lacuna deixada pelos escravos libertos.

Além do alargamento do quantitativo, houve um aumento das nacionalidades que buscavam o Brasil. O país passou a receber imigrantes oriundos também da Ásia. Como fruto dessas chegadas, é possível encontrar diversas cidades que carregam um passado ainda bastante vivo devido aos seus moradores que, assim como seus ascendentes, são falantes de alemão, árabe, espanhol, holandês, italiano, japonês e, dentre os menos conhecidos, o talian e o pomerano.
http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/media/upload/PU27_anteriores.jpg

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

As marcas da repressão lingüística contra imigrantes durante o Estado Novo

O talian, entre outras línguas de imigração do Brasil, foi fortemente combatido pela Campanha de Nacionalização do Ensino Primário, durante o Estado Novo (1937-1945). Nesse período, falantes de talian das regiões brasileiras que receberam imigrantes eram perseguidos e militarmente punidos por utilizarem sua língua materna. Essa repressão tinha origens nacionalistas: visava a “unificação lingüística” do país, com base no ensino de português como língua oficial e nacional do Brasil e no combate às línguas maternas, à cultura e aos costumes dos imigrantes e seus descendentes. O efeito dessa política de opressão lingüística é ponto central para a compreensão da atual atitude lingüística de falantes de talian e para a compreensão da perda lingüística que sofreu o Brasil, em especial o Sul, em nome da orientação ditatorial Revista Língua & Literatura para o monolingüismo. A opressão às línguas de imigração se iniciou nas escolas, ambiente social no qual crianças vivenciavam as práticas pedagógicas em sua língua materna (nas línguas herdadas de
seus ascendentes). 

Nesses ambientes, a brasilização tornou obrigatório o ensino do Português, assim como o de História e Geografia do Brasil e o de Educação Moral e Cívica, na mesma marcha em que proibia as línguas e as manifestações culturais que considerava estrangeiras. A essa época, com a violenta proibição do uso da língua ‘estrangeira’ nas escolas, nos serviços públicos e militares e até mesmo nas lápides e nas práticas religiosas, a campanha de nacionalização já havia criado nos imigrantes e descendentes a atitude lingüística que em pouco tempo acarretaria a perda do espaço político-cultural e social que suas línguas possuíam na região de colonização. 

  

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Contextualizando a Língua talian



Língua de imigrantes italianos, muito falada atualmente no Brasil. Os falantes do talian se concentram na Região Sul, distruibuindo-se em diferentes cidades de cada Estado, por exemplo: Caxias do sul, Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Veranópolis, Erechim, Carlos Barbosa - no Rio Grande do Sul; Joaçaba, Caçador, Chapecó, Concórdia – em Santa Catarina; Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltrão, Medianeira, Toledo - no Paraná). É pela relação com o movimento de imigração de italianos para o Brasil no fim do século XIX e início do XX que podemos compreender a emergência do talian como uma língua. Quando chegavam ao Brasil, os imigrantes eram conduzidos a fazendas ou a áreas ainda não habitadas nem cultivadas.

Disso resultavam as colônias de imigrantes, vinculadas ao  processo de colonização dessas áreas. No caso da região sul, de modo geral, dividiam-se essas novas áreas em linhas e travessões e nelas se estabeleciam os imigrantes, aleatoriamente agrupados. Dos imigrantes italianos que se dirigiram ao Sul do país, em finais do século XIX,  95% eram provenientes do Vêneto e da Lombardia. Destes, 60% tinham língua e cultura vênetas, o que fez com que formas dessa língua predominassem nas situações de conversa entre eles, resultando no talian.

 http://www.nordestealimentos.com.br/userfiles/noticias/c246c4aa6bf361af6bce20e4b4f68758.JPG

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Plattdeutsch: dialeto remanescente

O pomerano é um dialeto alemão que se define como uma variedade do Plattdeutsch. Interessante notar que este dialeto sobrevive unicamente no Brasil, uma vez que na Alemanha, com o fim da Pomerânia (Pommernland), que hoje tem seu território dividido entre Alemanha e Polônia, não se tem mais notícias dele.

Uma particularidade do Plattdeutsch é de que as vogais são prolongadas, se comparado com o Hochdeutsch, tornando-se até mesmo ditongos. Por exemplo, em vez de se dizer dewohnen (morar), diz-se wounen. Ao invés de se dizer Kuh (vaca), diz-se Kou e, às vezes, até mesmo Kau (como em inglês). Outros exemplos de particularidades deste dialeto são: Haus (casa), se torna Huus, e Schwein (porco) se torna Swien.