Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Da língua geral ao talian e pomerano

 Por ter chegado ao Brasil através de colonizadores, o português demorou a alcançar um status predominante no país. Houve época em que a língua geral paulista – língua crioula introduzida pelos bandeirantes à época do Brasil Colônia baseada na língua tupinambá – era o idioma mais utilizado. O Português só viria a se tornar hegemônico a partir do século XVII e XVIII, quando seu uso e ensino foram instituídos, visando ao fortalecimento de uma unidade nacional.

Apesar do óbvio domínio de um idioma oficial, o país apresenta hoje uma variedade de línguas que são faladas ao longo da sua extensão.  Essa diversidade é resultado da entrada de grupos, de alemães e italianos, inicialmente, que começaram de forma tímida, ainda no Império, e foram se expandindo até 1930.
Para o crescimento do número de imigrantes, um dos fatores contribuintes foi a crise pela qual a Europa atravessava. Enquanto o Velho Mundo sofria com as suas  condições socioeconômicas, o Brasil buscava mão de obra para suprir a lacuna deixada pelos escravos libertos.

Além do alargamento do quantitativo, houve um aumento das nacionalidades que buscavam o Brasil. O país passou a receber imigrantes oriundos também da Ásia. Como fruto dessas chegadas, é possível encontrar diversas cidades que carregam um passado ainda bastante vivo devido aos seus moradores que, assim como seus ascendentes, são falantes de alemão, árabe, espanhol, holandês, italiano, japonês e, dentre os menos conhecidos, o talian e o pomerano.
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Um exemplo é a comunidade de Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo. Por ter recebido um alto número de imigrantes que vieram da Pomerânia, região situada entre a Alemanha e a Polônia, a cena da cidade é composta por falantes do pomerano. Para preservar sua tradição e história, autoridades locais implantaram nas escolas o ensino da língua. Essa medida também tinha como objetivo a diminuição da exclusão daqueles que não dominavam o português. Agora as crianças aprendem tanto o idioma oficial, quanto a língua materna de seus pais e avós.

A necessidade de preservação também foi percebida no município de Serafina Corrêa com o talian. Originado dos italianos descendentes radicados no Rio Grande do Sul, o dialeto foi declarado como parte do patrimônio histórico e cultural gaúcho, sendo a língua co-oficial do município. O idioma é tão influente na região que o português ganhou expressões italianas, além de outros traços que podem ser vistos na fonologia, no léxico e nos provérbios que misturam as duas línguas.

Na conjuntura nacionalista dos anos 30, o uso das línguas imigrantes diminuiu de forma significativa. Sua prática foi reduzida no domínio público, consequentemente, essa repressão, enfraqueceu o uso na esfera privada. Porém, ainda que nesse contexto de sufocamento, as línguas imigrantes conseguiram se preservar. Graças à organização dos seus falantes, que se mantiveram em grupos pequenos e coesos, e ao isolamento em comunidades agrícolas, a tradição sobreviveu.

O Brasil tem uma densa história quando se fala sobre imigrantes. Essa complexidade deve-se, além de outros fatores, às imigrações clandestinas e a sigilos políticos. Com isso, a tarefa de encontrar uma estatística mais real quanto ao número de falantes de outras línguas é mais onerosa. Porém, isso não impede que a nossa percepção capte os inúmeros idiomas que circulam pelo país. Usar expressões estrangeiras vai ser sempre cool,koel, frais…

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