Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

IPOL lança o livro “Receitas da Imigração”

Foto: Peter Lorenzo
Acaba de sair do forno nossa mais nova publicação: o livro “Receitas da Imigração”, resultado final do Projeto Receitas da Imigração – Língua e Memória na Preservação da Arte Culinária (ver blog aqui), realizado através de Convênio com o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O livro ora lançado pelo IPOL é uma edição plurilíngue – em português e em línguas de imigração – contemplando, além de receitas culinárias trazidas, transformadas e realizadas pelas comunidades de imigrantes, também memórias e histórias da adaptação dessas populações na Região do Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina, no sul do Brasil.

Produzida a oito mãos: Ana Paula Seiffert, Mariela F. da Silveira, Peter Lorenzo e Rosângela Morello, a publicação sai pela Editora Garapuvu e conta também com a inestimável participação de falantes das línguas de imigração que compartilharam nas entrevistas do Projeto, além de receitas consideradas fundamentais no estabelecimento dos imigrantes na Região, também um pouco da história de vida das famílias.

O material, com textos em português e receitas traduzidas nas línguas de imigração faladas na região abarcada pela pesquisa, a saber, variedades de alemão, polonês e italiano do Vale do Itajaí, será inicialmente distribuído gratuitamente às comunidades envolvidas e aos parceiros. Caso um membro da comunidade linguística, professor ou pesquisador queira receber um exemplar, é preciso entrar em contato pelo e-mail ipol.secretaria@gmail.com, solicitando o envio. As despesas de correio são por conta do solicitante.

Está prevista, ainda, para fevereiro de 2016, uma cerimônia de lançamento com mesa-redonda que abordará o processo de pesquisa e de construção do material, além dos resultados alcançados. Em breve será divulgado o convite com todas as informações necessárias sobre o evento, o qual ocorrerá na Região do Médio Vale do Itajaí. Confira mais abaixo o sumário da publicação.

Dando continuidade a esse trabalho, a equipe do IPOL executa outro projeto para aprofundar as discussões realizadas no Receitas da Imigração: Receitas da Memória, os sabores da imigração em Documentário, também através de convênio com o IPHAN. Essa parceria prevê a realização de um documentário abordando o caminho de sabores e memórias da imigração no Estado de Santa Catarina, apresentando ao público a história de imigrantes e suas referências identitárias.

E, mais recentemente, com objetivo específico de promover a discussão local sobre políticas públicas de fomento e salvaguarda de línguas como  patrimônio imaterial, sob a orientação dos preceitos da educação patrimonial,  foi aprovado o projeto: Línguas de Imigração como Patrimônio: (Re)conhecendo a Diversidade Linguística no Sabor da Herança Culinária. A iniciativa será fomentada por meio do Prêmio Elisabeth Anderle de estímulo à  Cultura – 2014, contemplando a execução de oficinas com o objetivo de discutir e refletir com as comunidades  linguísticas abarcadas o lugar das línguas de imigração, na comunidade e na política nacional de salvaguarda. O público-alvo previsto contempla gestores locais (representantes de Secretaria de Cultura, Secretaria de Educação, representantes de associações, professores, lideranças locais e a comunidade em geral e as oficinas serão realizadas no município de Blumenau durante o ano de 2016. Em breve o cronograma completo será divulgado.

Foto: Peter Lorenzo
Ficha Técnica
Receitas da Imigração
Ana Paula Seiffert,
Mariela Felisbino da Silveira,
Peter Lorenzo e
Rosângela Morello
Florianópolis: IPOL : Editora Garapuvu, 2015. 104p.
ISBN – 978-85-86966-85-9


Sumário da Publicação
Apresentação
Prefácio
Introdução
Capítulo 1 – Memória & História
Coração de boi recheado | Gefülltes Rinderherz | Nadziewane serca wołu | Cuore di manzo ripieno – Petronília Baader
Experimente também!
Capítulo 2 – As imigrações
Sopa de vagem | Zupa z zielonej fasolki | Zupa di fagiolino | Grüne Bohnen Suppe – Vendolin, Verônica e Helena Malkowsky
Experimente também!
Capítulo 3 – Identidades
Broa de cará na folha de bananeira | Brot aus Cará und Süßkartoffeln | Pane di cará e patata dolce | Chleb z “cará” i słodkie ziemniaki – Rovena Knoop
Experimente também!
Capítulo 4 – História das adaptações
Chuchu na manteiga queimada | Chuchu in gebräunter Butter | Kolczoch jadalny w palonego masła | Chuchu nel burro bruciato – Edith Manke
Experimente também!
Capítulo 5 – Territorialidade e estabelecimento de redes
Nhoque de colher | Nhoque di cucchiaio | Löffelgnochi | Gnocchi – Vilma Ida e Osório Vicenzi
Experimente também!
Capítulo 6 – Redes de sociabilidade e solidariedade
Minestra | Minestra | Minestra | Minestra – Matilde e Hercílio Bertoldi
Experimente também!
Capítulo 7 – Usos e representações das línguas de imigração
Pagibroda | Pagibroda | Pagibroda | Pagibroda – Helena Tarnowsky
Experimente também!
Capítulo 8 – Papel das instituições e festividades na manutenção
de práticas culturais e linguísticas
Polenta com fortaiote | Polenta + fortaiote | Polenta + fortaiote | Polenta + fortaiote – Oliva e Mario DaRui
Experimente também!
Capítulo 9 – Força de trabalho e o papel da mulher
Pudim de banana | Bananenpudding | Budyń bananowy | Budino di banana – Hannah Lohre Dahlke
Experimente também!
Capítulo 10 – Futuro das receitas, das línguas
Repolho recheado | Cavolo ripieno | Gefüllter Weißkohl | Gołąbki – Amélia Campestrini
Experimente também!
Considerações Finais
Notas
Referências

Leia também:

Fonte: e-IPOL

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Lançado livro “Pomeranos no Brasil: olhares, vozes e histórias de um povo”

Livro “Pomeranos no Brasil” é lançado no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

Os pomeranos, que chegaram ao Brasil a partir da segunda metade do século XIX, têm hoje a sua língua oficializada, junto ao português, em cinco municípios capixabas. Para abordar a saga desse grupo de imigrantes europeus que escolheu o país em busca de novas oportunidades, foi lançado no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, nesta quarta-feira (02), às 19h, o livro “Pomeranos no Brasil: olhares, vozes e histórias de um povo”.

A obra é uma iniciativa dos doutorandos do curso de Sociologia do Instituto de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e contou com a participação dos seguintes especialistas e estudiosos: Ismael Tressmann, Joana Bahia, Patrícia Weiduschadt, Regina Rodrigues Hees, Rosemeire Silva de Souza, Ivan Seibel, Maria Verônica Aguilera e os organizadores Sandra Márcia de Melo e Marcos Teixeira de Souza. Nela, os autores discorrem sobre temas como os aspectos da fala, as categorias lexicais e o cotidiano, a cultura, história e identidade dos pomeranos no Espírito Santo, com destaque ao município de Santa Maria de Jetibá e o Rio Grande do Sul.

Pomeranos no Brasil
Na apresentação da obra o professor Jacques d’Adesky destaca que a falta de terras, o excesso de trabalho e a precariedade de direitos foram alguns dos motivos que levaram pessoas da Pomerânia Oriental a buscarem no Brasil uma nova vivência. Entretanto, as condições de pobreza e as dificuldades que encontraram na “terra dos sonhos” não diferiam muito da servidão feudal em que viviam no velho continente.

Segundo d'Adesky o conjunto dos textos presente no livro permite ao leitor observar o assunto através de olhares e ângulos diversos. “Cada uma dessas abordagens levanta questões que se fundem e se complementam. O cruzamento desses trabalhos possibilita desmistificar alguns clichês e estereótipos que persistem como voz corrente até os dias de hoje de que a interação dos migrantes pomeranos foi cordial e harmoniosa com os locais” comenta. 

Informações à imprensa:
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
Jória Motta Scolforo
3636-6117/99633-3558
comunicacao@ape.es.gov.br
Instagram: ArquivoPublicoES

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Bento Gonçalves-RS sediou o 19º Encontro dos Difusores do Talian e V Fórum da Língua Talian

Nos dias 13, 14 e 15 de novembro de 2015, o município de Bento Gonçalves sediou a 19ª edição do Encontro Nacional dos Difusores do Talian e V Fórum Brasileiro da Língua Talian. Os eventos foram promovidos pela Associação dos Difusores do Talian (ASSODITA) e pela Federação das Associações Ítalo-Brasileiras do Rio Grande do Sul (FIBRA/RS) e reuniram entidades italianas, radialistas e difusores do Brasil.

Na sexta-feira, 13, as palestras foram proferidas por Ana Paula Seiffert, do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística – Florianópolis – SC; e José Clemente Posenato - da Universidade de Caxias do Sul – RS.

O sábado, 14 de novembro, teve a participação de diversos profissionais: 
- Talian come se scrive e se parla.  Darcy Loss Luzzatto - Pinto Bandeira – RS,   Júlio Posenato – Porto Alegre – RS.
- Talian ensino na rede privada  Aladir Ferro – Serafina Corrêa – RS.
- Talian Língua Cooficial ao Português – Experiência Municipal,  Morgana Rech – Serafina Corrêa – RS.
- Talian na Diversidade Linguística Nacional, Paulo Massolini – Pres. FIBRA  -Língua Talian como Comunicação. Representando (AGERT) Roberto Cervo – Porto Alegre – RS.
- O Jovem e a Língua Talian,  Alex Eberle – Flores da Cunha – RS.
- Diversidade Linguística e Governo, João Tonus – Caxias do Sul.
- Lançamento do livro “Croniche de un Talian”

20:30 - JANTAR FESTIVO    
- SECONDA NOTE VÈNETA.
- ENTREGA TROFÉU E DIPLOMA MÈRITO TALIAN E 140 ANOS DA IMIGRAÇÃO ITALIANA.
- BAILE COM MUSICAL GIRAMONDO.
- Local: Sociedade Educativa Barracão.

No dia 15 (domingo):
09:00H - Fé e religiosidade Dei Nostri Taliani – Ato Religioso com Pe Alberto Treméa
- Temas livres
- Microfone aberto.
- Meios de Comunicação e Site da ASSODITA.
- Carta de Bento Gonçalves.
- Assuntos Gerais.

O encerramento aconteceu no almoço na Comunidade Linha Paulina e na oportunidade foi decidido que o próximo encontro será em São Miguel D'Oeste – SC.

Agradecemos a presença de todos os participantes, Radialistas, palestrantes, difusores, imprensa e a todos que contribuíram para o sucesso deste evento.

Fonte: ASSODITA

terça-feira, 3 de novembro de 2015

19° Encontro Nacional dos Difusores do Talian e V Fórum Brasileiro da Língua Talian

O IPOL irá participar do 19° Encontro Nacional dos Difusores do Talian e do V Fórum Brasileiro da Língua Talian, que serão realizados nos dias 13, 14 e 15 de novembro de 2015, na cidade de Bento Gonçalves-RS, Brasil. Ambos os eventos são promovidos pela Associação dos Difusores do Talian (ASSODITA) e pela Federação das Associações Ítalo-Brasileiras do Rio Grande do Sul (Fibras-RS). Para maiores informações, contactar Ademir Bacca pelo número: (54)9969.0034.

Confira abaixo a programação.

Programação

13 de novembro (sexta)
20:30h - Palestra a cargo do IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística).
- Leis municipais, ensino e língua Talian.
- Talian Patrimônio Imaterial e Língua de Referência Nacional.

14 de novembro (sábado)
08:00h - Credenciamento e inscrição.
08:30h - Solenidade de abertura.
09:00h - Mesas redondas
- Talian come se scrive e se parla.
- Talian experiência de ensino na rede privada.
- Talian Língua Cooficial ao Português – Experiências Municipais.
- “Janelas Abertas” - Talian numa experiência regional.
- Talian na Diversidade Linguística Nacional.
- Talian e comissões no IPHAN e MINC.
- AGERT e Língua Talian como comunicação.
- Talian como transmissor de fé e Deus.
20:30h - Jantar festivo
- Troféu e Diploma Mérito Talian e 140 Anos da Imigração Italiana.

15 de novembro (domingo)
08:30h - Ato religioso - Fé e religiosidade dei nostri Talian.
- Temas livres.
- Microfone aberto.
- Apresentação do site da ASSODITA.
- Carta do Encontro.
- Assuntos Gerais.
- Encerramento com Almoço Talian.             


Fonte: e-IPOL

domingo, 25 de outubro de 2015

Talian: protagonismo na luta pelo reconhecimento cultural e fortalecimento pela lei de cooficialização

Representantes da comunidade falante de Talian recebem o título de referência cultural brasileira das mãos da Sra. Jurema Machado, presidente do IPHAN, em 2014 – Foto: Facebook Diversidade Linguística.

Talian: protagonismo na luta pelo reconhecimento cultural e fortalecimento pela lei de cooficialização

Rosângela Morello, coordenadora-geral do IPOL


O Talian, que recebeu do IPHAN/MinC o Certificado de Referência Cultural Brasileira (juntamente como o Guarani Mbya e o Assurini) ano passado, é língua cooficial em Serafina Correa-RS desde 2009 e este ano até agora foi cooficializado em mais quatro municípios: Flores da Cunha-RS, Paraí-RS, Nova Erechim-SC e Nova Roma do Sul-RS. Em Bento Gonçalves-RS, tramita projeto a ser votado em breve.

No cenário das lutas pelo reconhecimento das línguas brasileiras, vários municípios vêm se mobilizando com a iniciativa de cooficializar as línguas de grande parte de seus cidadãos. Temos hoje, 19 municípios com línguas cooficiais, sendo 7 indígenas e 4 alóctones (ver relação abaixo). No caso da língua talian, Serafina Corrêa-RS foi o primeiro município a cooficializá-la pela Lei Municipal nº 2615 de 13/11/2009, após audiência pública e um conjunto de ações que tematizaram sua importância, nas reuniões da Câmara Legislativa do referido município, na pessoa do então prefeito Ademir Antônio Presotto. 

O processo de cooficialização do Talian foi seguido, este ano, por mais quatro municípios: Flores da Cunha-RS com a Lei Municipal nº 3180 de 27/04/2015, Paraí-RS com a Lei nº 3122 de 25/08/2015, Nova Erechim-RS com a Lei Municipal nº 1783 de 11/08/2015 e Nova Roma do Sul-RS, pela Lei Municipal nº 1310 de 16/10/2015. Já em em Bento Gonçalves-RS tramita projeto de cooficialização da língua talian a ser votado em breve. 

Além da cooficialização, é digno de nota o papel dos falantes, lideranças e instituições que têm atuado em prol do Talian também no âmbito do reconhecimento do patrimônio cultural a ele ligado. 

Através de seus líderes e instituições representativas, vale lembrar que o Talian teve um papel fundamental na abertura de uma política patrimonial para as línguas brasileiras, pleiteada também pelo IPOL, em 2004, ao encaminhar uma petição para a Criação de um Livro de Registro das Línguas à Comissão de Educação e Cultura do Congresso Nacional. O referido documento solicitava a abertura de um Livro de Registro para as Línguas Brasileiras como bem imaterial, ao modo do que o Ministério da Cultura já realizava com bens imateriais como os saberes, as celebrações, as formas de expressão e os lugares. O processo que então se desencadeou e que conduziu ao seminário legislativo e aos trabalhos do Grupo de Trabalho da Diversidade Linguística (GTDL) deu ressonância à demandas feitas ao IPHAN pelos falantes do talian, que haviam já solicitado a esta instituição o reconhecimento do patrimônio cultural ligado a sua língua. De acordo com o relatório do GTDL (2007), o reconhecimento de línguas como patrimônio havia se constituído em uma preocupação da comissão e do grupo de trabalho criados em 1998 pelo Ministério da Cultura para estabelecer as políticas do patrimônio imaterial. No entanto, dúvidas relacionadas a aspectos conceituais e técnicos sobre o registro e o reconhecimento de línguas levaram a um adiamento da decisão. Deixou-se, por isso, em aberto, a possibilidade de criação de novos livros. É este campo de diálogo que é reativado em 2004 e 2006 e que culminaria no Decreto Federal nº 7.387, de 09/12/2010, instituindo o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). 

O protagonismo dos falantes do Talian conduziu, em 2007, a escolha do Talian como língua que seria inventariada no âmbito dos projetos pilotos. Em 2014, em cerimônia durante o I Seminário Iberoamericano da Diversidade Linguística, em Foz do Iguaçu, o Talian, juntamente como o Guarani Mbya e o Assurini, recebeu o Certificado de Referência Cultural Brasileira (ver notícia aqui). 

Em âmbito estadual, Rio Grande do Sul e Santa Catarina reconhecem o Talian como patrimônio histórico e cultural, respectivamente pela Lei nº 13.178, de 10/06/2009 e Lei nº 14.951, de 11/11/2009

Com notável vitalidade cultural, o Talian é língua de milhares de brasileiros que hoje vivem principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Sobretudo no sul do país, não é raro ouvir o Talian em programas em rádios e nas produções de grupos teatrais e musicais. De acordo com informe do Sr.Vereador Paulo Massolin, a Câmara de Serafina Corrêa, por exemplo, acolhe o bilinguismo e há sessões especiais só na Língua Talian.

Relação de municípios e suas línguas cooficializadas
São Gabriel da Cachoeira-AM: Nheengatu, Baniwa e Tukano
Tacuru-MS: Guarani
Tocantínia-TO: Akwê Xerente
Bonfim-RR: Macuxi e Wapichana
Cantá-RR: Macuxi e Wapichana
Pancas-ES: Pomerano
Santa Maria de Jetibá-ES: Pomerano
Domingos Martins-ES: Pomerano
Laranja da Terra-ES: Pomerano
Vila Pavão-ES: Pomerano
Canguçu-RS: Pomerano
Serafina Corrêa-RS: Talian
Flores da Cunha-RS: Talian
Nova Erechim-SC: Talian
Paraí-RS: Talian
Nova Roma do Sul-RS: Talian
Antônio Carlos-SC: Hunsrükisch
Santa Maria do Herval-RS: Hunsrükisch
Pomerode-SC: Alemão

Fonte: e-IPOL

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Língua talian é cooficializada em Nova Roma do Sul-RS

O talian agora é a língua cooficial de Nova Roma do Sul!

Ficou estabelecido pela Lei municipal nº 1.310, de 16 de outubro de 2015, que o Município de Nova Roma do Sul-RS agora conta com o “talian” como língua cooficial. O talian é a formação linguística proveniente dos diversos dialetos falados pelos imigrantes italianos que aqui se estabeleceram.

A lei foi criada como um projeto de valorização da herança linguística e cultural para garantir a preservação do patrimônio imaterial de nosso povo. É uma forma de conscientizar a população a proteger o “talian” como forma de identidade de cidadania.

A partir de agora o trabalho será no sentido de incentivar o conhecimento da língua, em especial para as novas gerações, e como forma importante de implementar esse plano educacional a favor do “talian” é desenvolver mecanismos de aceitação cultural, fornecer material didático e instrumentalizar a formação de profissionais para o ensino da língua. Outro aspecto importante é os meios pelos quais irá ser desenvolvida a aprendizagem, a prioridade é ensinar através da construção de vivência local elaborada ao longo do tempo, ensinando, resgatando e preservando a cultura, usos, costumes e tradições familiares através do “talian”.

domingo, 18 de outubro de 2015

Divulgadas galerias de fotos do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP)

Detalhe da galeria "Miscelânea"; estas e demais fotos são de Alberto Gonçalves, Ana Paula Seiffert, Dayane Cortez, Edleise Mendes, Gilvan Müller de Oliveira e Peter Lorenzo.

Divulgadas galerias de fotos do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP)

Foram divulgadas em sua página na internet as galerias de fotos do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP), realizado de 23 a 25 de setembro, no Campus da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis-SC.

Para acessar as galerias de fotos, clique aqui.


O 1º ENMP foi uma realização do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL) em parceria com o Observatório de Políticas Linguísticas (GP CNPq/UFSC), o Macroprojeto ALMA-H (UFRGS), o Projeto Entrelínguas (UFSM) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e com apoio do Programa de Valorização das Línguas e Culturas Macuxi e Wapichana, do Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração (Forlibi) e da Prefeitura Municipal de Antônio Carlos-SC.

Fonte: e-IPOL

Lançada segunda edição do "Dicionário Português Talian"

Corag lança 2ª edição do Dicionário Português-Talian

Em cerimônia realizada no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, foi lançada a 2ª edição do "Dicionário Português-Talian", de autoria do professor Darcy Loss Luzzato e editado e impresso pela Corag. No evento ocorrido nesta quarta-feira, 14/10, estiveram presentes prefeitos, secretários estaduais e municipais, comitivas de diferentes cidades, além do governador José Ivo Sartori, primeira dama Maria Helena Sartori, presidente da Corag Vinicius Ribeiro e da diretora administrativa e de negócios da Corag, Eloá Nespolo. Na ocasião também ocorreu a apresentação do Filó de Vila Flores, importante divulgador das tradições italianas em solo gaúcho. Os eventos foram alusivos aos 140 anos da Imigração Italiana. 

Assista abaixo vídeo com reportagem sobre o lançamento (ou acesse aqui).


A publicação chegou à sua segunda edição devido ao grande sucesso e esgotamento dos exemplares da 1ª edição. Para Vinicius Ribeiro, uma empresa pública não deve apenas se preocupar em apresentar resultados fiscais e econômicos de eficiência e qualidade; o compromisso social deve ser parte fundamental em suas iniciativas. "A Corag tem esse caráter de apoio e incentivo à produção literária e legado cultural do Rio Grande do Sul. Investindo no resgate da identidade e história da imigração italiana, através do Dicionário Português-Talian, apenas provamos que, para que nossas ações sejam universais, devemos estar sempre próximos ao que faz parte de nossas origens", afirma.

O Talian é o dialeto falado pelos primeiros imigrantes italianos vindos ao Estado. Falado por mais de 500 mil descendentes da imigração italiana ao Brasil, é uma língua de origem neolatina, única no mundo, baseada em dialetos vênetos e formada no Brasil a partir dos imigrantes que aqui chegaram. O idioma foi reconhecido no ano de 2014 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e língua de Referência Cultural do país pelo Ministério da Cultura.

Fonte: Corag

sábado, 17 de outubro de 2015

Hunsrückisch é destaque em canal de televisão na Alemanha

Hunsrückisch é destaque em canal de televisão na Alemanha

A língua hunsriqueana falada no sul do Brasil foi apresentada no início do mês em programa transmitido pelo canal SWR Fernsehen, do estado Rheinland-Pfalz (Renânia-Palatinado), localizado no sudoeste da Alemanha. No vídeo divulgado na página do canal na internet, é exibida a entrevista com o professor Cleo Vilson Altenhofen (UFRGRS), lingusta e pesquisador do Hunsrückisch. Altenhofen também coordena o Inventário do Hunsrückisch (hunsriqueano) como língua brasileira de imigração, uma parceria do IPOL com o IPHAN e o Projeto ALMA-H da UFRGS. 

Clique aqui para assistir e baixar o vídeo com a entrevista.

Fonte: e-IPOL

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Projeto de Inventário da língua pomerana receberá apoio do CFDD/Ministério da Justiça


Língua pomerana é cooficial em cinco municípios do Espírito Santo: Vila Pavão, Pancas, Laranja da Terra, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins - Fonte: Wikipedia.


Projeto de Inventário da língua pomerana receberá apoio do CFDD/Ministério da Justiça

A proposta de inventariar a língua pomerana, uma língua brasileira de imigração, foi uma das 20 propostas selecionadas no resultado final do Edital de Chamamento Público CFDD (Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos) nº 01/2015 (acesse o edital aqui). O projeto será desenvolvido pelo IPOL em parceria com instituições e pesquisadores do Espírito Santo, estado onde estão concentradas as comunidades pomeranas focalizadas na proposta.

Segundo a página do Ministério da Justiça (ver aqui), foram inicialmente recebidas 897 propostas pela Secretaria-Executiva do CFDD, das quais foram selecionadas 458 propostas para análise de três Comissões de Avaliação compostas por Conselheiros do CFDD. Uma comissão responsabilizou-se pela Chamada I (Promoção da recuperação, conservação e preservação do meio ambiente) e selecionou 6 propostas. A segunda comissão ficou responsável pelas Chamadas II (Proteção e defesa do consumidor) e III (Proteção e defesa da concorrência), selecionando outras 6 propostas. Já a terceira comissão foi responsável pelas Chamadas IV (Patrimônio cultural brasileiro) e V (Outros direitos difusos e coletivos) e selecionou mais 8 projetos, dentre os quais a proposta do IPOL, de nº 022647/2015, cujo projeto intenta "realizar inventário da língua pomerana, língua de imigração brasileira (ILP), tomando por base o Guia para Pesquisa e Documentação do INDL". Há mais 6 propostas para composição de cadastro de reserva.

Confira aqui a relação completa com as propostas selecionadas como prioritárias e em cadastro de reserva.

Ainda segundo o informe da referida página, os projetos selecionados para as Chamadas IV e V, "envolvem as temáticas de valorização de línguas crioulas, de inventário nacional de sinais-termos do patrimônio histórico e artístico em linguagem brasileira de sinais (LIBRAS), da variedade e diversidade dos falares sergipanos virtuais, da modernização de conselhos tutelares da criança e do adolescente para o combate ao trabalho infantil e a promoção da igualdade racial, da restauração de ruínas históricas, da preservação de acervos históricos, do registro e publicação de linguagem de imigrantes africanos utilizada por comunidades remanescentes de quilombos, de inventário da língua pomerana, de restauração e revitalização de sítios arqueológicos, bem como da formação e ação cultural com base na preservação do patrimônio histórico-cultural dos pontos de vista humano/ambiental/arquitetônico".

O Edital de Chamamento Público CFDD nº 01/2015, uma iniciativa da União, por intermédio do Ministério da Justiça, representado pelo CFDD, teve por objetivo o chamamento público para apresentação de Propostas de Trabalho que versassem sobre "a promoção e reparação de bens e direitos relacionados ao meio ambiente; ao consumidor; ao valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; à ordem econômica e a outros interesses difusos e coletivos".

Fonte: e-IPOL

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

IPOL lança o livro “Leis e línguas no Brasil: o processo de cooficialização e suas potencialidades”

IPOL lança o livro “Leis e línguas no Brasil: o processo de cooficialização e suas potencialidades”

O livro Leis e línguas no Brasil: o processo de cooficialização e suas potencialidades, organizado por Rosângela Morello, foi lançado no 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP), realizado de 23 a 25 de setembro, em Florianópolis-SC. Publicação é também o primeiro título da Editora do IPOL.

Este livro foi concebido no momento em que imaginamos o 1ºENMP. Considerando o objetivo do Encontro de promover uma discussão multifacetada sobre a diversidade linguística e a política de cooficialização de línguas por municípios no Brasil, decidimos reunir, comentando, as leis e demais documentos ligados ao processo de cooficialização com o intuito de oferecer ao leitor uma compreensão histórica desse fato político e social.

Apesar de ser considerado um dos países mais multilíngues do mundo, a posição oficial do Estado Brasileiro foi a de reconhecer e dar visibilidade somente ao português, e não raro incorreu em ações de difamação e proibição das demais línguas, em flagrante desrespeito aos direitos humanos de parte dos seus cidadãos. A redemocratização do país e a Constituição de 1988 abriram espaço, timidamente, para o reconhecimento de direitos culturais e linguísticos e para a viabilidade de um Brasil Pluricultural e Plurilíngue, com uma cidadania que se expressa em muitas línguas.

Em 2002, o município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, cooficializou três das línguas faladas no seu território a partir de uma lei ordinária da Câmara de Vereadores: o baniwa, o nheengatu e o tukano, criando assim uma Via nova e uma tecnologia social para o reconhecimento do multilinguismo brasileiro.

A partir de então, 15 outros municípios de sete estados brasileiros seguiram os seus passos. Desse modo, além das 3 línguas de São Gabriel da Cachoeira, são também cooficiais, até o momento, o pomerano, o talian, o hunsrückisch, o guarani, o alemão, o xerente, o macuxi e o wapichana. A estes somam-se cerca de mais de cem municípios, em diversos estados, com maiorias ou amplas minorias de falantes de outras línguas que não o português, mas que ainda não as oficializaram. Temos, portanto, um cenário promissor para a proposição de políticas linguísticas de promoção das línguas brasileiras. Esse livro pretende servir de apoio e de impulso para essas políticas.

Pedidos de aquisição do livro Leis e línguas no Brasil: o processo de cooficialização e suas potencialidades podem ser realizados pelo e-mail ipol.secretaria@gmail.com

Apresentamos a seguir o Sumário da publicação.

Sumário
Apresentação. Rosângela Morello (IPOL)
Capítulo 1. Uma nova jurisprudência: a cooficialização das línguas nheengatu, tukano e baniwa. Rosângela Morello (IPOL)
Capítulo 2. A cooficialização de línguas em nível municipal no Brasil: direitos linguísticos, inclusão e cidadania. Gilvan Müller de Oliveira (UFSC/IPOL)
Capítulo 3. Cooficialização da língua pomerana no Município de Santa Maria do Jetibá-ES. A linguagem como patrimônio cultural imaterial. Competência do Município para legislar sobre proteção a bens culturais. Elementos para maior eficácia da lei. Evandro José Morello (CONTAG)
Capítulo 4. A cooficialização da língua pomerana no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul. Rosângela Morello (IPOL)
Capítulo 5. Talian: protagonismo pelo reconhecimento patrimonial e fortalecimento pela lei de cooficialização. Rosângela Morello (IPOL)
Capítulo 6. O Brasil se mostra multilíngue: vários municípios cooficializam suas línguas. Rosângela Morello (IPOL)
Capítulo 7. A Política de cooficialização de línguas no Brasil. Rosângela Morello (IPOL)
Capítulo 8. Censo, diagnóstico, inventário e observatório linguísticos: aspectos metodológicos e papel político-linguístico. Ana Paula Seiffert (IPOL)
Capítulo 9. O Brasil é um país bilíngue: a cooficialização da LIBRAS. Bruna Crescêncio Neves (UFSC)
Capítulo 10. Novos estatutos para as línguas brasileiras
Considerações finais
Índice de leis e demais documentações acerca de cooficializações

Fonte: e-IPOL

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

"Políticas de Gestão do Multilinguismo e Integração Regional" é tema do 3ºCIPLOM e 3ºEAPLOM

III CIPLOM - Congresso Internacional de Professores das Línguas Oficiais do MERCOSUL
III EAPLOM - Encontro Internacional das Associações de Professores das Línguas Oficiais do MERCOSUL

Políticas de Gestão do Multilinguismo e Integração Regional

Florianópolis - Brasil, 06 a 10 de junho de 2016

Para maiores informações acesse aqui a página do evento.

Baixe aqui a Primeira Circular.

Apresentação
À medida que avança o século XXI, vão se tornando mais claros os contornos das situações linguísticas e culturais que, em poucas décadas, condicionarão os países da América do Sul e de outras partes do mundo, no cruzamento entre a globalização da economia, a conformação de blocos e organizações internacionais (Mercosul, Unasul, Celac etc.), as migrações internacionais, as alterações no conceito de fronteira, a emergência de identidades antes minorizadas, a internacionalização das línguas, a comunicação em redes de alcance remoto via Internet, as reformas educacionais, entre outras. Todos esses cruzamentos culminam, não sem conflitos, em reformas do próprio conceito de Estado em direção a um Estado Pós-Nacional, de caráter plurinacional.

Nesse contexto multicultural e multilíngue, em que os Estados não se concentram mais em tornar os cidadãos monolíngues na língua oficial do país, como nos séculos XIX e XX, mas lentamente reveem os seus objetivos, cresce o papel das línguas segundas e estrangeiras, do multiletramento, e, consequentemente, do ensino e aprendizado das línguas.

Os professores de línguas e o sistema escolar dos países do MERCOSUL têm procurado discutir e redimensionar a sua atuação, tentando lançar mão de novas metodologias e tecnologias, no seio das muitas contradições colocadas pelo momento histórico que atravessamos. A formação do docente, inicial ou continuada, segue sendo um desafio para as instituições de ensino superior dos países no contexto regional, dada a defasagem dos currículos e a burocratização da gestão das escolas e universidades.

O CIPLOM tem tido uma responsabilidade histórica com o português, o espanhol e o guarani, as línguas oficiais do MERCOSUL Político, e com o seu ensino. Nesta terceira edição, pretende dar continuidade a este compromisso, e ainda trazer, de forma decisiva, para a discussão, também os professores e gestores das demais línguas oficiais do MERCOSUL Geográfico, tanto as línguas oficializadas em nível nacional, como as oficializadas em nível regional ou local. Aqui nos referimos muito especialmente às línguas de sinais, às línguas indígenas e às línguas de imigração, de modo a melhor representar o multilinguismo continental e ampliar as discussões e demandas em torno da gestão das línguas e da diversidade linguística.

Para além de uma ampliação da participação dos profissionais dos Estados Membros do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Bolívia (que aguarda as últimas providências para uma adesão plena ao bloco), o III CIPLOM pretende ainda ter uma presença ampliada de profissionais dos países associados ao Mercosul – Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname – e que já são membros da UNASUL – a União das Nações Sul-Americanas, diversificando, assim, as temáticas e os circuitos de discussão.

Santa Catarina é um dos estados mais multilíngues do Brasil e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) se orgulha de sediar o III CIPLOM, ao mesmo tempo em que acolhe o III Encontro das Associações dos Professores das Línguas Oficiais do MERCOSUL (III EAPLOM), com as pautas próprias do mundo associativista, e realiza, concomitantemente, a X Semana de Letras que, na sua décima edição, internacionaliza-se e abraça também os horizontes do MERCOSUL e da América do Sul.

Esperamos professores, pesquisadores, estudantes, gestores e demais interessados no amplo espaço de discussão propiciado pelos III CIPLOM e III EAPLOM, em Florianópolis, Ilha de Santa Catarina, Brasil, para avançar na construção do MERCOSUL Linguístico, Cultural e Educacional.

Público-alvo
O congresso está voltado a investigadores, professores, estudantes e profissionais da educação de modo geral, que atuam na área de ensino das línguas oficiais do MERCOSUL, o português, o espanhol e o guarani, como língua materna, estrangeira e segunda, e também no âmbito das línguas de sinais, das línguas indígenas e das línguas de imigração, crioulos e línguas de fronteira, no desenho de currículos e no desenvolvimento de políticas linguísticas e culturais para a educação na região. Além desses, o evento destina-se às instituições governamentais, às autoridades e gestores educativos, bem como às associações e federações de professores de línguas.

Eixos temáticos

  • Políticas de gestão do multilinguismo e a integração regional.
  • Formação de professores e ensino-aprendizagem de línguas em contextos multilíngues.
  • Perspectivas interculturais e críticas na formação de professores e no ensino das línguas oficiais do MERCOSUL.
  • As línguas de sinais e o seu ensino no Espaço Regional.
  • As línguas indígenas e as línguas de imigração no Espaço Regional e o seu ensino.
  • Experiências de fronteira e contato linguístico.
  • O lugar da prática tradutória nos trânsitos culturais no espaço Regional.
  • Projetos políticos e pedagógicos para o ensino e a aprendizagem de línguas.
  • Diversidade linguístico-cultural e patrimônio linguístico.
  • Práticas e projetos de letramento em diferentes níveis de ensino e aprendizagem.
  • Políticas editoriais para os materiais destinados ao ensino e à aprendizagem de línguas.
  • Avaliação e desenvolvimento de materiais para o ensino e a aprendizagem de línguas.
  • Cooficialização de línguas, direito linguístico e legislação linguística.
  • Avaliação de aprendizagem em línguas estrangeiras e segundas.
  • Exames de proficiência e certificação em línguas estrangeiras e segundas no espaço sul-americano.
  • Novas tecnologias no ensino-aprendizagem de línguas e no desenvolvimento de aplicativos e ferramentas para a promoção das línguas.
  • Projetos políticos e pedagógicos para a manutenção e a consolidação das línguas do MERCOSUL como línguas de herança das populações emigrantes.

Entidades promotoras
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOESTE)
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
SIPLE - Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira
IPOL - Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística
Casa do Brasil - Buenos Aires

Entidades organizadoras
Instituto de Enseñanza Superior en Lenguas Vivas “Juan R. Fernández”
Instituto Superior del Profesorado “Dr. Joaquín V. González”
Asociación Argentina de Docentes de Español
Asociación Argentina de Profesores de Portugués
Asociación de Profesores de Portugués de Misiones
Asociación de Profesores de Portugués del Chaco
Associação de Professores de Espanhol do Amazonas
Associação de Professores de Espanhol do Estado da Bahia
Associação de Professores de Espanhol do Estado do Espírito Santo
Associação de Professores do Estado de Goiás
Associação de Professores de Espanhol do Estado de Mato Grosso do Sul
Associação de Professores de Espanhol do Estado de Minas Gerais
Associação de Professores de Espanhol do Estado de Paraná
Associação de Professores de Espanhol do Estado de Piauí
Associação de Professores de Espanhol do Estado de São Paulo
Associação de Professores de Espanhol do Estado de Sergipe
Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro
Associação Paraense de Professores e Alunos de Língua Espanhola

Mais informações
e-mail: iiiciplom.iiieaplom@gmail.com

Fonte: e-IPOL

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Westfália-RS participa do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues

Sieben (e), Oliveira, Ahlert e Landmeier - Foto: Divulgação

Município participa do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues

A cultura de Westfália foi destaque no 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues, realizado em Florianópolis (SC), de 23 a 25 de setembro. Uma comitiva westfaliana esteve representada pelo vice-prefeito, Otávio Landmeier, secretário de Educação e Cultura, Gustavo Sieben, e professor Lucildo Ahlert, que enalteceram a tradição do dialeto sapato-de-pau e da língua alemã no Município. Na quinta-feira, dia 24, das 15 horas às 16h30min, no Bloco B do auditório Henrique Fontes, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Trindade - Florianópolis, o tema central foram as Políticas Linguísticas e Línguas de Imigração. 

Na oportunidade, o professor Lucildo Ahlert falou da cultura westfaliana: percepções sobre a sua realidade, importância e expectativas futuras no Município de Westfália. Como orador, ele enalteceu a língua do sapato-de-pau com o estudo do dialeto e resgate à cultura de origem alemã. ’Foi uma oportunidade importante para Westfália demonstrar seu potencial cultural. Há vários anos nos reunimos para o estudo do sapato-de-pau e ter essa notoriedade em um evento nacional é a certeza de que estamos no caminho certo. O professor Lucildo foi muito bem na explanação e pudemos trocar muitas experiências’, enalteceu Landmeier.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Debates importantes e trocas de conhecimento foram os principais destaques do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP)

Mesa redonda com a participação de representantes de municípios plurilíngues

Debates importantes e trocas de conhecimento foram os principais destaques do 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP) 

Realizado entre os dias 23 e 25 de setembro, no campus da UFSC em Florianópolis-SC, o 1º Encontro Nacional de Municípios Plurilíngues (1ºENMP) foi palco de importantes debates e trocas de conhecimentos sobre questões relacionadas às políticas linguísticas do plurilinguismo e dos processos de cooficialização de línguas nos municípios brasileiros.

Mesa de abertura com autoridades – Foto: IPOL

Na Mesa de Abertura do encontro estavam presentes as seguintes autoridades (da esquerda para a direita na foto acima): Susana Martelleti Grillo Guimarães (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC), Marcus Vinícius Carvalho Garcia (Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN), Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho (Reitoria e Secretaria de Relações Internacionais da UFSC), Felício Wessling Margotti (Centro de Comunicação e Expressão da UFSC), Altamiro Antônio Kretzer (Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Antônio Carlos-SC), Zilma Guesser Nunes (Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da UFSC), Gilvan Müller de Oliveira (Coordenação do ENMP pela UFSC e do Observatório de Políticas Linguísticas do CNPq) e Rosângela Morello (Coordenação do ENMP e do IPOL).

Muitos municípios e estados enviaram seus representantes. Alguns deles apresentaram em mesas-redondas o estado da arte das ações e os desafios de suas políticas de cooficialização.

Uma das 15 sessões coordenadas

Nas sessões de comunicação foram apresentados 56 trabalhos de pesquisadores de mais de 20 universidades brasileiras e de vários institutos federais e secretarias municipais.

Nas mesas temáticas foram debatidos tópicos como os direitos linguísticos, bem como as ações e as perspectivas para a gestão e o financiamento de políticas linguísticas.

Participantes fazem fila para apresentar sua proposta à Carta dos Municípios Plurilíngues

Foi também ofertado o minicurso "Metodologias e Políticas de Regulamentação e Implementação da Lei de Cooficialização", que será complementado com um um fórum on line, e a oficina "Registro e Documentação da Língua".

No último dia foi realizada a plenária para elaboração da Carta dos Municípios Plurilíngues, que contou com as sugestões dos participantes. O texto da Carta será disponibilizado na página do evento dentro de 15 dias para consulta pública, que poderá ser revista pelos participantes com correções ou acréscimos, para então ser publicada.

No encontro a equipe do IPOL registrou em vídeo depoimentos de falantes das línguas brasileiras

Nós do IPOL agradecemos a participação de todos que tornaram o 1ºENMP um grande sucesso e temos plena convicção de que as ações decorrentes dele trarão bons frutos para a manutenção e o fortalecimento do plurilinguismo brasileiro. 

Acesse aqui a página do 1ºENMP e aqui sua página no Facebook.

Fotos: IPOL

Fonte: e-IPOL

terça-feira, 22 de setembro de 2015

1ºENMP é destaque no Portal Galego da Língua


Gilvan Müller de Oliveira: «É importante preservar e reconhecer porque as línguas são recursos para o país»

Idealizador do Encontro de Municípios Plurilíngues defende intercâmbio entre Brasil e Galiza

Por José Carlos da Silva  

A capital catarinense, Florianópolis, receberá entre os dias 23 e 25 de setembro um evento que poderá causar estranheza em muitos brasileiros, trata-se do 1º Encontro Nacional dos Municípios Plurilíngues (ENMP), que ocorrerá no Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A estranheza fica por conta da ‘certeza’ de muitos de que o Brasil é um país monolíngue, ou seja, fala apenas a Língua Portuguesa.

E o O 1º ENMP propõe uma troca de experiências sobre a política de cooficialização das línguas no Brasil, além discutir o panorama, mapeamento e regulamentação da diversidade linguística no país. Desde a iniciativa do município amazonense de São Gabriel da Cachoeira em 2002, que deu caráter cooficial a três línguas indígenas, 16 municípios brasileiros já cooficializaram línguas. Em Santa Catarina, a língua alemã em Pomerode e o dialeto germânico Hunsrückisch em Antônio Carlos tornaram-se cooficiais em 2010.

Um dos principais pesquisadores e orientadores da causa dos municípios plurilíngues é o Professor Doutor Gilvan Müller de Oliveira, pesquisador do IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística.

O Portal Galego da Língua conversou com o pesquisador sobre o Plurilinguismo, a gestão da educação e da questão da Galiza, Precisamente, o professor afirma que a Galiza desenvolveu sistemáticas importantes para o acompanhamento da evolução demolinguística dos falantes que seriam muito úteis para o caso das línguas brasileiras.

Quantas línguas são faladas no Brasil?

O Brasil está entre os 10 países mais multilíngues do mundo, com um repertório de cerca de 240 línguas, das quais 180 línguas indígenas, 56 línguas de imigração, pelo menos duas línguas de sinais e pelo menos dois crioulos do francês na fronteira com a Guiana Francesa. No entanto, não é muito fácil determinar um número preciso, seja porque o Brasil não tem uma pergunta sobre as línguas faladas no país no censo demográfico, como outros países têm, seja porque o quadro é mutável. Veja, por exemplo, que hoje há dezenas de milhares de falantes de crioulo do Haiti, por causa da expressiva imigração de haitianos para o Brasil, língua que não estava representada no Brasil até há cerca de 8 anos.

Em quantos municípios estão distribuídas e qual a quantidade estimada de falantes dessas línguas (bilíngues ou plurilíngues)?

Esse é um dado que não temos, justamente pela ausência de censos linguísticos extensivos. Somente o censo de 1940 perguntou aos brasileiros que língua falavam no lar, mas como parte de uma política de repressão às línguas, em especial as de imigração, e depois novamente o censo de 1950, para ver se a repressão tinha surtido efeito. Temos tentado trazer de novo para o censo um interesse pelo repertório linguístico dos brasileiros desde a edição de 2010, mas com sucesso apenas parcial até agora: no censo de 2010 foi feita uma pergunta sobre as línguas faladas apenas para aqueles cidadãos que se auto-declararam indígenas, e não para a generalidade dos cidadãos, com o que se obtiveram dados sobre o conjunto das línguas que se conhece melhor, que são justamente as línguas indígenas ou ameríndias. A questão linguística seria estratégica para o censo de 2020, e precisaria ser incluída.

Dito isso, podemos considerar que há um conhecimento diferenciado das línguas: mais conhecimento das línguas ameríndias, já que os chamados indígenas sempre foram um segmento “administrados” por agências governamentais especializadas, como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), por exemplo, e  menos conhecimento das línguas de imigração, que na concepção do governo, até muito recentemente, deveriam desaparecer.

Por que aprendemos e é divulgado nos meios de comunicação e livros que o Brasil é monolíngue? É fruto do Estado Novo ou da Ditadura Militar?

O Estado-Nação tentou historicamente se legitimar pela identificação com um “povo” – unido e unificado, que na maioria das vezes foi invenção deste mesmo Estado. O Brasil, como outros Estados, apostou nesta equação “um Estado, um povo, uma língua” ao longo de praticamente toda a sua história e as políticas linguísticas foram conduzidas no sentido de invisibilizar as línguas e as diferentes culturas, ou de desmoralizá-las e finalmente extirpá-las do corpo da nação. O Estado Brasileiro, no entanto, apenas continuou as políticas coloniais já formuladas antes da sua independência, como foi o caso do Diretório dos Indios do Marquês de Pombal, de 1757, que visava a eliminação da Língua Geral, ou Nheengatu, da Amazônia, e a sua substituição pelo português. De modo que o projeto de tornar o “povo” monolíngue em português não é um empreendimento do século XX, e portanto, não foi inventado nem pelo Estado Novo (1937-45) nem pela Ditadura Militar (1964-85), embora ambos os regimes tenham dado continuidade a esta posição da longue durée na história do Estado Brasileiro. Só muito recentemente, após a Constituição de 1988, o Brasil tem entrado, lentamente, em uma nova fase, primeiro tolerando, e depois iniciando tímidos esforços no sentido de reconhecer e iniciar o processo de promoção das línguas brasileiras.

Qual a importância da preservação das línguas para a cultura e identidades brasileiras, uma vez que línguas estrangeiras também fazem parte desse contexto plurilíngue?

Em primeiro lugar, vamos esclarecer a sua pergunta sobre se as línguas estrangeiras fazem parte do contexto plurilíngue do Brasil.

O contexto plurilíngue brasileiro inclui todas as línguas brasileiras, isto é, aquelas línguas faladas por cidadãos brasileiros, em regime de comunidade, em território nacional, em especial aquelas aclimatizadas no país há mais de três gerações, como é o caso do alemão. Assim, o alemão, o italiano, o japonês, o polonês e tantas outras não são línguas estrangeiras, isto é, faladas por estrangeiros, mas línguas brasileiras, dos vários povos que ajudaram a construir o Brasil e integram a múltipla cidadania brasileira. Desse modo, começa a ser corrigida a ideia de que estas línguas são “estrangeiras”, ideia divulgada sobretudo pelo Estado Novo, que concebia que os brasileiros de outras origens étnicas que não os luso-brasileiros eram “quistos étnicos” e que podiam formar uma “quinta coluna” contra o país e que deviam ser “nacionalizados, à força se preciso, quando na verdade já eram “nacionais” ao seu modo e nas suas línguas, como mostra o fato de que o maior heroi de guerra do Brasil na Segunda Guerra Mundial no teatro de operações da Itália, lutando contra as forças nazistas, tenha sido justamente um teuto-brasileiro chamado Max Wolf Filho.

Naturalmente, estas línguas podem ser também estrangeiras quando ensinadas nas escolas ou cursos usando uma metodologia de língua estrangeira e focadas nos países que as falam em caráter oficial, mas não é o caso para as centenas de milhares de brasileiros que as falam no lar e as aprenderam como materna no contexto doméstico. É preciso diferenciar os contextos: quando o Goethe Institut ensina o alemão no Brasil se trata de uma língua estrangeira, mas quando o município de Pomerode, em Santa Catarina, oficializa o alemão através de uma lei ordinária da Câmara de Vereadores, se trata de uma língua brasileira, gerida com recursos brasileiros e materna para mais de 80% dos munícipes.

A preservação, e mais do que isso a promoção, das línguas brasileiras é importante, por um lado, porque as línguas são recursos para o país, recursos de conhecimento, para o estabelecimento de relações de vários tipos, para o acesso a conhecimentos históricos nelas gerados, mas também o seu reconhecimento é um importante fator de governança, de inclusão e justiça social. Assim como o Brasil costuma ser louvado porque o seu povo tem gente de todas as origens, é importante no futuro que sejamos louvados por falarmos diversas línguas e ainda por termos o português como língua que não ameaçará mais a existência e a reprodução das demais, como fez massivamente no passado.

Essas línguas faladas no Brasil configuram-se mais como fronteiras levantadas ou “pontes” de aproximação e compartilhamento de culturas?

Conforme disse acima, ainda é preciso uma longa caminhada até chegarmos a um uso mais público das 240 línguas brasileiras, ainda é preciso superar muita vergonha, medo e discriminação. Por enquanto elas estão meio escondidas, são faladas dentro das casas, em aldeias ou regiões rurais, onde os falantes estão entre si, ou em bairros etnicamente diferenciados, raríssimamente nos meios de comunicação, nas instituições. As pontes estão sendo ainda construídas, com muitas dificuldades.

Como pode (ou deve) ser uma gestão de línguas, de modo a contemplar a educação formal e desenvolver a cultura local e nacional?

Desde a Constituição de 1988 e mais fortemente desde o ano 2.000 há uma educação intercultural bilíngue em muitas línguas ameríndias em todas as regiões do país. Hoje cerca de 30 licenciaturas interculturais das universidades formam professores para estas escolas, uma sistemática totalmente inexistente antes de 1988. Isso acontece também com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), oficial em nível federal e que conta com a primeira licenciatura em Letras-Língua de Sinais do mundo, coordenada pela Universidade Federal de Santa Catarina, mas em execução em 10 Instituições Federais de Ensino Superior.

Porém, isso não acontece ainda com as línguas de imigração, de modo que se diz que o direito linguístico no Brasil é heterogêneo, está em busca de se afirmar como um direito geral da cidadania. A Cooficialização de Línguas em Nível Municipal e o Inventário Nacional da Diversidade Linguística são modos de gestão que ampliam as possibilidades para o ensino formal das línguas.

Como a oficialização de outras línguas pode ser fator determinante para uma população, como aconteceu com a cooficialização do Nheengatu, o Tukano e Baniwa em São Gabriel da Cachoeira (AM)? E como está a questão dos Pomeranos? (presentes em cinco estados brasileiros)

São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, é a região mais plurilíngue das Américas: uma região de 112 mil km2 onde se falam 25 diferentes línguas, de 5 famílias linguísticas diferentes. É lá que nasceu a política de cooficialização, em 2002. Seguiu-se a cooficialização nos municípios pomeranos do estado do Espírito Santo, em 2009, criando a sistemática de que também as línguas de imigração, e não somente as indígenas, podem ser cooficiais.

A partir daí uma série de municípios em todas as regiões do Brasil, com exceção do Nordeste, que é a mais monolíngue das regiões, cooficializaram as línguas talian, guarani, akwén-xerente, makuxi, wapixana, hunsrückisch e alemão (Hochdeutsch). Hoje são 16 municípios com línguas cooficiais ao português, de um total com potencial de oficialização de línguas que estimamos em mais 90, o que já se configura num movimento social que avança com suas próprias forças.

A oficialização de línguas têm três fases: 1) a declaratória da cooficialização, que é a lei da Câmara de Vereadores, 2) a regulamentação da lei, que é outra lei, feita posteriormente, depois de algumas audiências públicas específicas, e que aprofunda, delimita e detalha o que se entende por oficialização, e quais são as atuações que dela decorrem e, finalmente 3) a implementação da lei, momento em que se iniciam as ações concretas para a ampliação da presença e dos âmbitos de uso da língua cooficializada, sua preparação para novos usos, a formação de quadros, etc.

A cooficialização das línguas veiculares de São Gabriel da Cachoeira, feita em 2002 e regulamentada em 2006, possibilitou a criação, por parte da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da primeira licenciatura de formação de professores do Brasil que não usa o português como língua de instrução, mas as três línguas cooficiais do município, cada uma dentro do seu respectivo território linguístico. Ensino e pesquisa ocorrem nas línguas, e o português entra como língua auxiliar, dada a vasta bibliografia a que dá acesso, de modo que este curso talvez tenha possibilitado a realização das primeiras pesquisas formais, acadêmicas, em línguas indígenas brasileiras, com as respectivas publicações monolíngues nas línguas cooficiais. Para maior detalhamento desta iniciativa sugiro a leitura do artigo O ensino superior indígena bilíngue: princípios para a autonomia e a valorização das línguas na região do Alto Rio Negro, Amazonas, de Ivani de Faria e de minha autoria, disponível na Revista Platô, do IILP, n.1.

Muitas outras iniciativas podem ser levadas a cabo justamente por causa do arcabouço jurídico novo, inaugurado pelas leis de cooficialização, que permite e fomenta que as pessoas se reconheçam e que vivam a sua vida de modo bilíngue ou plurilíngue.

O que o minicurso de formação de gestores de políticas linguísticas oferecerá aos inscritos?

O minicurso tentará expor a sistemática da cooficialização, a partir da experiência histórica que já temos, no sentido de ajudar os novos municípios que queira, também, cooficializar as suas línguas.Tratará de cada fase do processo, seus problemas e metodologias, e também dos instrumentos que podem ser usados para compreender bem a presença e a circulação das línguas no município, como os levantamentos, os diagnósticos, os censos e os inventários linguísticos, instrumentos estes que o IPOL foi construindo e aprimorando nestes anos de assessoria a vários contextos, e que foram recentemente objeto da tese de doutorado de Ana Paula Seiffert, no Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC. Esperamos que seja uma oportunidade de diálogo com os interessados e, claro, que a sistemática da cooficialização de línguas possa se estender ainda mais por novos municípios.

Na Galiza luta-se para manter o uso e a disseminação do galego, ao mesmo tempo que tenta-se a reaproximação com a Lusofonia. Como as experiências brasileiras podem ajudar nesse processo?

É importante que possamos intercambiar experiências das tecnologias sociais para o fomento do multilinguismo societário, nesta época de grandes mudanças por que passamos. A Galiza tem muito a ensinar ao Brasil, e vice-versa. A Galiza desenvolveu, por exemplo, sistemáticas importantes para o acompanhamento da evolução demolinguística dos falantes que seriam muito úteis para o caso das línguas brasileiras. No Brasil, por outro lado, creio que há uma multiplicidade tão grande de soluções flexíveis para a gestão do multilinguismo, embora ela seja ainda incipiente, que poderia ajudar a Galiza a solucionar impasses que já são discutidos naquele contexto há muito tempo.

Por favor, fale um pouco sobre o Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL).

O IPOL é um Instituto especializado na gestão de línguas e políticas linguísticas no Brasil tais como Educação Bilíngue, Direitos Linguísticos, Diagnósticos Sociolinguísticos, Censos e Inventários Linguísticos, Provas para Concursos Públicos em línguas minoritárias brasileiras e Publicações nesta área especializada e afins.

É uma Instituição não-governamental que atua em variadas frentes de defesa e promoção de línguas ou grupos de línguas brasileiras. Foi criado em 1999, em Florianópolis, e desde então atuou, entre outros, no Projeto de Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira do Mercosul Educacional, nos projetos de cooficialização do nheengatu, tukano e baniwa em São Gabriel da Cachoeira, do pomerano em diversos municípios do Espírito Santo e do hunsrückisch em Antônio Carlos, Santa Catarina, no Inventário Nacional da Diversidade Linguística do IPHAN/Ministério da Cultura, tanto na proposição e desenvolvimento de concepções e instrumentos como no inventário da língua guarani mbya, no Observatório da Educação na Fronteira, da CAPES, atuando com escolas fronteriças entre o Brasil, a Bolívia e o Paraguai. Também produz, traduz e publica, em coeditoria, obras na área da Política Linguística para a formação de profissionais para atuação na área.

Atualmente desenvolve os inventários do hunsrückisch, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) com a Universidade Federal de Santa Catarina, a partir do programa do IPHAN/Ministério da Cultura, além de realizar o Censo Linguístico do Município de Antônio Carlos (SC), onde o hunsrückisch é cooficial, com recursos da FCC – Fundação Catarinense de Cultura.

Organiza, em setembro de 2015, o I Encontro Nacional dos Municípios Plurilíngues, em parceria com o Observatório de Políticas Linguísticas do CNPq/UFSC, oportunidade em que os municípios exporão as suas experiências, trocarão informações e discutirão com os 48 pesquisadores que apresentarão investigações realizadas ou em curso sobre a diversidade linguística do Brasil.

Em junho de 2016, o IPOL participa no coletivo institucional, liderado pela UFSC, que organiza o III CIPLOM – Congresso Internacional de Professores das Línguas Oficiais do MERCOSUL, também em Florianópolis, onde se espera cerca de 1.300 participantes dos países do bloco e dos observadores associados para a discussão sobre as Políticas de Gestão do Multilinguismo e a Integração Regional.

Conheça o pesquisador
Gilvan Müller de Oliveira. Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na área de Política Linguística e História da Língua Portuguesa, pesquisador e assessor internacional do IPOL – Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística, de Florianópolis. Foi Diretor Executivo do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa, da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com sede em Cabo Verde, de 2010 a 2014.

Concluiu o mestrado em linguística teórica, filosofia e história na Universidade de Konstanz, Alemanha, em 1990. Doutorou-se em 2004 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com uma tese sobre a História da Língua Portuguesa no Brasil Meridional (1680-1828) e no seu pós-doutorado, na Universidade Autônoma Metropolitana Iztapalapa, no México, em 2010, estudou os processos de promoção e de internacionalização das línguas e o crescimento da demanda pelo Português como língua estrangeira (PLE).

Atuou na formulação e execução de políticas públicas na área das línguas, como a Política de Cooficialização de Línguas em Nível Municipal (PCLNM), a da criação do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL/IPHAN), para o reconhecimento das línguas brasileiras como patrimônio imaterial e a das Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira do Mercosul Educacional (PEIBF). Foi assessor na área de Educação Intercultural Bilíngue e formação de professores indígenas em vários estados brasileiros e atua hoje na Licenciatura em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) no Alto Rio Negro, a região mais multilíngue do Brasil.

Foi delegado brasileiro junto ao GTPL- Grupo de Trabalho de Política Linguística do Mercosul Educacional durante oito anos, e hoje representa a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) junto ao Núcleo PELSE – Português e Espanhol como Línguas Segundas e Estrangeiras e junto ao Programa de Políticas Linguísticas do Núcleo de Educação para a Integração (NEI) da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM).

Como Diretor Executivo do IILP, coordenou o processo de criação de projetos multilaterais para a promoção do português no âmbito da CPLP, como o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE) e o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), previsto no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90), além de coeditar a publicação científica do Instituto, a Revista Platô.

Com um currículo de palestras em 15 países e participação em várias missões oficiais do governo brasileiro e da CPLP, além de diversas publicações, dedica-se fundamentalmente a questões do plurilinguismo, da história e da promoção das línguas, à formação inicial e continuada de professores de línguas, em especial de língua portuguesa para atuação em contextos multilíngues.