Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

domingo, 29 de março de 2015

Professor alemão ajudará a formar futuros docentes no idioma

Maristela Fritzen, Josha Nitzsche, Rita Rausch, Valéria Mailer e Nestor Freese (da esquerda para direita).

Professor alemão ajudará a formar futuros docentes no idioma

O curso de graduação em Letras – Língua Alemã da Universidade Regional de Blumenau ganhou um importante reforço até novembro deste ano. O professor Josha Nitzsche será assistente de língua alemã na FURB no curso vinculado ao Departamento de Letras do Centro de Ciências da Educação, Letras e Artes (CCEAL).

Josha Nitzsche é um dos nove assistentes selecionados na Alemanha que chegaram ao Brasil, em março, para atuar em cursos de bacharelado e licenciatura de universidades brasileiras (a maioria federais), aprovadas no Programa de Assistente de Ensino de Língua Alemã, desenvolvido em conjunto pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/MEC) e pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD).

Ele já está atuando no curso e na terça-feira foi apresentado no CCEAL. A diretora Rita Buzzi Rausch deu as boas vindas a Josha Nitzsche e elogiou a inserção da FURB no programa, através do empenho dos professores Valéria Contrucci de Oliveira Mailer (coordenadora do curso de Alemão e coordenadora geral do programa na universidade) e Nestor Alberto Freese (coordenador-adjunto). “A vinda dele é importante e significativa, pois vem ao encontro de nossas ações de internacionalização do CCEAL”, afirma a diretora, que também convidou para o encontro a coordenadora do Programa de Pós-Graduação (Mestrado em Educação), a professora Maristela Pereira Fritzen, que já tem projetos de pesquisa sobre o idioma.

O projeto aprovado pela FURB no convênio CAPES/DAAD visa qualificar a formação docente inicial e continuada em língua alemã no curso de graduação, no centro de idiomas (FURB Idiomas) e nas atividades de extensão da Universidade (nas escolas que são campo de estágio). A meta, segundo a coordenadora, também é dar visibilidade à língua tanto no meio acadêmico como fora dele, agora com o apoio do German Teaching Assistant (GTA), conforme edital (14/2014) do Programa de Assistente em Língua Alemã para Projetos Institucionais.

A professora Valéria Mailer explica que uma das razões para o estabelecimento destas parcerias com a Alemanha está na história de Blumenau. “Os alemães que aqui chegaram em 1850 contribuíram para a organização social de muitas das cidades que hoje compõem o Vale do Itajaí. Contudo, com a repressão de 1937, na campanha de nacionalização do governo Vargas, a língua alemã foi expulsa da zona urbana e perdeu o vínculo com a escrita, passando a existir somente na oralidade”.

A volta da língua aos currículos escolares no ensino fundamental e médio requer profissional habilitado que dê conta do ensino já nas séries iniciais. Em Blumenau há 20 escolas municipais, segundo dados da Secretaria de Educação, que tem o ensino alemão desde o quarto ano do ensino fundamental. A cidade de Pomerode conta com duas escolas municipais bilíngues alemão/português. Também escolas de Indaial e Jaraguá valorizam a língua do lar dos alunos que chegam na escola, contribuindo agora no letramento bilíngue das crianças.

– Mas, levando-se em conta o número de universidades que formam licenciados em língua alemã, fica fácil entender o baixo número de atuantes no ensino do idioma nas escolas. Dos formados em Florianópolis (UFSC), são raros os que optam por atuar no Vale do Itajaí, mesmo com a alta demanda. A FURB é, portanto, a maior responsável pela formação de professores da região desde o surgimento do curso em 2009, diz Mailer.

No curso de licenciatura em Língua Alemã da FURB o assistente fortalecerá o aprimoramento da oralidade, compreensão, leitura e escrita dos acadêmicos aprendizes de alemão como língua estrangeira (LE) e da leitura e escrita dos acadêmicos falantes da língua, que cursam alemão como segunda língua (SL).

O assistente também abordará questões culturais, sociais e históricas da Alemanha nas disciplinas do curso, a fim de confrontar e até mesmo desmitificar o imaginário local sobre o país, que muitos só conhecem pela descrição familiar, no que se denomina educar para a interculturalidade.

Quem é Josha Nitzsche
Ele tem 33 anos e vai acompanhar os professores nas aulas e nos estágios para incrementar questões linguísticas e culturais, durante 20 horas/aula semanais. Vem da cidade de Bonn, na Alemanha, e estudou o Alemão como língua estrangeira, específico para quem vai dar aula para alunos do idioma. Ele fez Germanística (um curso mais genérico) e um ano de especialização em Alemão como Língua Estrangeira. A formação dele é equivalente ao mestrado.

Será a primeira experiência docente de Nitzsche, em especial no exterior. Está bem motivado. Pela primeira vez no Brasil, Josha estava disposto a ocupar qualquer vaga em universidades da América Latina, quando se inscreveu no DAAD. Mas deu preferência para o Brasil (com 11 vagas) quando concorreu com quase 50 candidatos, por ouvir falar bastante dos brasileiros durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Não fala português nem espanhol, mas já arrisca algumas palavras em português, idioma pouco falado na Alemanha, o que lhe deu vantagem na entrevista ao manifestar interesse pela América Latina.

Universidades selecionadas
As instituições que receberam os profissionais são: Universidade Federal de Pelotas (UFPel, Pelotas/RS), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal Fluminense (UFF, Niterói/RJ), Universidade Federal do Ceará (UFC, Fortaleza/CE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Belo Horizonte/MG), Universidade Estadual do Piauí (UESPI, Teresina/PI), Universidade Regional de Blumenau (FURB, SC), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Itabuna/BA) e Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET, Rio de Janeiro/RJ).

O programa prevê benefícios para os assistentes, tais como passagem aérea, curso de integração e língua portuguesa de um mês, bolsa com duração de até 10 meses e seguro-saúde.

Fonte: FURB

quinta-feira, 19 de março de 2015

Curso de Língua Talian será ministrado em Garibaldi-RS

Nota de esclarecimento do IPOL: Na reportagem veiculada no site da prefeitura municipal de Garibaldi-RS que apresentamos nesta postagem, o Talian é caracterizado ora como “variedade”, ora como “dialeto” e ora como “língua”. A esse respeito, vale lembrar que, em novembro do ano passado, o Talian, juntamente como o Asurini do Trocará e o Guarani Mbya, foram reconhecidos como Referência Cultural Brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), fazendo parte desde então do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), conforme dispõe o Decreto 7387/2010, que instituiu o INDL “como instrumento de identificação, documentação, reconhecimento e valorização das LÍNGUAS portadoras de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Em sintonia com o texto do referido Decreto, portanto, acreditamos ser importante chamar a atenção de nossos leitores para o fato de que também nós do IPOL consideramos o Talian como LÍNGUA e não como “variedade” ou “dialeto”.

Curso de Talian será ministrado em Garibaldi

Um curso de Talian ocorrerá nos próximos meses em Garibaldi. A atividade terá início em 26 de março e seguirá até 18 de junho. A iniciativa tem o intuito de preservar os aspectos históricos e culturais ligados ao Talian – variedade suprarregional do italiano com características próprias – reconhecida pelo inventário nacional da diversidade linguística.

O curso tem o objetivo de capacitar monitores para a língua Talian, por meio de estudos da gramática, pronúncia e literatura. Além disso, a atividade tem o intuito de dotar a comunidade de conhecimentos sobre o dialeto e contribuir com a sustentabilidade sociocultural da Região Uva e Vinho.

As aulas ocorrerão todas as quintas-feiras, das 18h30 às 21h. As inscrições devem ser realizadas na Secretaria de Turismo e Cultura. Informações pelo fone (54) 3462 8235 ou no e-mail melina.casagrande@garibaldi.rs.gov.br . A realização é da Associação de Turismo da Serra Gaúcha (Atuaserra), Faculdade de Integração do Ensino Superior do Cone Sul (Fisul), Instituto Tarcísio Michelon e Prefeitura de Garibaldi, por meio da Secretaria de Turismo e Cultura.

Fonte: e-IPOL

As muitas línguas do Brasil

Criança asurini. A língua falada por esse grupo indígena
 foi uma das três primeiras incluídas no Inventário Nacional
 da Diversidade Linguística - Foto: UnB Agência / Flickr.
As muitas línguas do Brasil

Everton Lopes

Documento cataloga as línguas faladas em nosso país. Quantas você conhece, além do bom e velho português?

Você consegue contar quantas línguas são faladas no Brasil? Se você pensou só no português, é hora de repensar sua resposta. Em um país grande como o nosso, onde diversas culturas, nascidas aqui ou vindas de outros lugares, dividem o território, é natural que as pessoas se comuniquem em diversas línguas. Mas essa diversidade nem sempre é reconhecida.

Por isso, especialistas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) resolveram criar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), um documento que registra e descreve os idiomas falados em nosso país.

“O INDL tem como objetivos gerais promover e valorizar a diversidade linguística brasileira, fomentar a produção de conhecimento e documentação sobre as línguas faladas no Brasil e contribuir para a garantia de direitos linguísticos”, explica a linguista Giovana Ribeiro Pereira, do Iphan.

Casa em bairro de imigração italiana de Curitiba. O talian,
 língua falada por cerca de 500.000 descendentes de italianos no
Brasil, foi incluído no Inventário Nacional da Diversidade
Linguística - Foto: Radamés Manosso / Flickr.
Por enquanto o inventário inclui três línguas: o talian – uma variação do italiano trazido do norte da Itália por imigrantes e falado no Brasil por seus descendentes –, o asurini do trocará – uma língua da família tupiguarani falada por indígenas asurini – e o guarani mbya – língua falada por indígenas em grande parte do nosso litoral. Há projetos em andamento para inclusão de outras línguas faladas por grupos formados a partir da imigração, línguas indígenas e até línguas de sinais!

“O reconhecimento dessas línguas como referência cultural brasileira promove a valorização das línguas faladas no Brasil como elemento de transmissão de cultura e como referência de identidade para os diferentes grupos sociais”, diz Giovana. “O INDL contribui para a pluralidade linguística e cultural, desconstruindo o mito de que o Brasil é um país monolíngue”.

Everton Lopes é estagiário do Instituto Ciência Hoje.