Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

sábado, 9 de maio de 2015

Projeto do IPOL é selecionado no resultado final do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2014

Projeto do IPOL é selecionado no resultado final do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2014

O projeto do IPOL “Línguas de imigração como patrimônio: (re)conhecendo a diversidade linguística no sabor da herança culinária” foi um dos selecionados no resultado final do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2014, promovido pela Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina, e executado pela Fundação Catarinense de Cultura.

O projeto foi um dos contemplados com o Prêmio Catarinense de Patrimônio Material e Imaterial no segmento Educação Patrimonial.

Acesse aqui a relação dos projetos selecionados com suas respectivas pontuações.

A notícia com o resultado final do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2014 foi publicada nesta terça, 05/05, na página da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Segundo o site, foram selecionados 216 projetos nas onze categorias de premiação e o investimento total é de R$ 6.743.000,00. Os contemplados deverão encaminhar à FCC a documentação complementar no prazo de até 10 (dez) dias úteis, a contar da data da publicação do resultado no sítio da FCC. As cópias da documentação complementar devem ser legíveis e sem rasuras.

Sobre o Elisabete Anderle
O Prêmio Elisabete Anderle 2014 de Estímulo à Cultura do Estado de Santa Catarina é um programa de seleção pública de projetos artísticos e culturais promovido pela Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, e executado pela Fundação Catarinense de Cultura. É uma ferramenta destinada a aportar recursos a produção, circulação, pesquisa, formação, preservação e difusão de trabalhos artísticos e culturais de pessoas físicas e jurídicas.

A presidente da FCC, Maria Teresinha Debatin, destaca o sucesso desta edição com número recorde de inscritos de 1569 projetos. “O número de participantes foi uma surpresa e nos obrigou a ter mais tempo para que a análise dos projetos fosse feita de forma transparente e correta”, explica. “O grande número de proponentes foi, para nós, um excelente aprendizado e nos ajudará a olhar de forma diferente para a próxima edição do edital”, complementa.

O edital na íntegra está disponível para leitura e download no site da FCC, no item “Prêmios” – “Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2014″. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (48) 3664-2641 ou e-mail elisabeteanderle2014@fcc.sc.gov.br.

Fontes: e-IPOL e FCC-SC

quinta-feira, 23 de abril de 2015

IPOL realiza 1ª formação de digitadores e 2ª etapa de formação recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC


IPOL realiza 1ª formação de digitadores e 2ª etapa de formação recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC

Nos dias 10 e 16 de abril foram realizadas, respectivamente, a 1ª formação dos digitadores e a 2ª etapa de formação dos recenseadores que atuarão no censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC.


Márcia R. P. Sagaz
“Em quase 3 horas de trabalho pudemos discutir sobre as orientações para digitação, conhecer os questionários, entender sua lógica e também conversar sobre as implicações de um censo e sua relevância. Assim, além dos questionários, das planilhas, incluindo de controle de fluxo, os digitadores receberam o manual do recenseador e o tutorial para digitação”, informou Márcia R. P. Sagaz, coordenadora técnica do censo e responsável pela formação.

De acordo com Sagaz, nessa etapa de formação dos recenseadores foram discutidos aspectos relativos à coleta e ao modo de abordagem. Também foram tematizados alguns pontos conceituais a partir da vivência dos recenseadores nestas primeiras semanas de coleta de dados, que já vem sendo realizada desde o dia 24 de março.

Antônio Carlos e a língua Hunsrückisch
Localizada a 32 km de Florianópolis e com uma população de 7.906 habitantes, segundo o IBGE (2010), Antônio Carlos foi a primeira cidade do Estado de Santa Catarina a aprovar uma lei cooficializando uma língua de imigração, o Hunsrückisch. A cooficialização foi aprovada, por unanimidade, por sua câmara municipal, em 09/02/2010, depois de muitas reuniões e da realização de três audiências públicas (ver documento com a lei aqui).

A coordenadora-geral do IPOL, Rosângela Morello, com participantes da formação.

Antônio Carlos é também um dos 14 municípios brasileiros (ver tabela abaixo) a empunhar uma política linguística de reconhecimento da história e da língua de grande parte de sua população como forma de aprofundar os vínculos identitários e planejar ações de desenvolvimento social e econômico pautado pelo fortalecimento das iniciativas locais.


Fonte: e-IPOL

domingo, 29 de março de 2015

Professor alemão ajudará a formar futuros docentes no idioma

Maristela Fritzen, Josha Nitzsche, Rita Rausch, Valéria Mailer e Nestor Freese (da esquerda para direita).

Professor alemão ajudará a formar futuros docentes no idioma

O curso de graduação em Letras – Língua Alemã da Universidade Regional de Blumenau ganhou um importante reforço até novembro deste ano. O professor Josha Nitzsche será assistente de língua alemã na FURB no curso vinculado ao Departamento de Letras do Centro de Ciências da Educação, Letras e Artes (CCEAL).

Josha Nitzsche é um dos nove assistentes selecionados na Alemanha que chegaram ao Brasil, em março, para atuar em cursos de bacharelado e licenciatura de universidades brasileiras (a maioria federais), aprovadas no Programa de Assistente de Ensino de Língua Alemã, desenvolvido em conjunto pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/MEC) e pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD).

Ele já está atuando no curso e na terça-feira foi apresentado no CCEAL. A diretora Rita Buzzi Rausch deu as boas vindas a Josha Nitzsche e elogiou a inserção da FURB no programa, através do empenho dos professores Valéria Contrucci de Oliveira Mailer (coordenadora do curso de Alemão e coordenadora geral do programa na universidade) e Nestor Alberto Freese (coordenador-adjunto). “A vinda dele é importante e significativa, pois vem ao encontro de nossas ações de internacionalização do CCEAL”, afirma a diretora, que também convidou para o encontro a coordenadora do Programa de Pós-Graduação (Mestrado em Educação), a professora Maristela Pereira Fritzen, que já tem projetos de pesquisa sobre o idioma.

O projeto aprovado pela FURB no convênio CAPES/DAAD visa qualificar a formação docente inicial e continuada em língua alemã no curso de graduação, no centro de idiomas (FURB Idiomas) e nas atividades de extensão da Universidade (nas escolas que são campo de estágio). A meta, segundo a coordenadora, também é dar visibilidade à língua tanto no meio acadêmico como fora dele, agora com o apoio do German Teaching Assistant (GTA), conforme edital (14/2014) do Programa de Assistente em Língua Alemã para Projetos Institucionais.

A professora Valéria Mailer explica que uma das razões para o estabelecimento destas parcerias com a Alemanha está na história de Blumenau. “Os alemães que aqui chegaram em 1850 contribuíram para a organização social de muitas das cidades que hoje compõem o Vale do Itajaí. Contudo, com a repressão de 1937, na campanha de nacionalização do governo Vargas, a língua alemã foi expulsa da zona urbana e perdeu o vínculo com a escrita, passando a existir somente na oralidade”.

A volta da língua aos currículos escolares no ensino fundamental e médio requer profissional habilitado que dê conta do ensino já nas séries iniciais. Em Blumenau há 20 escolas municipais, segundo dados da Secretaria de Educação, que tem o ensino alemão desde o quarto ano do ensino fundamental. A cidade de Pomerode conta com duas escolas municipais bilíngues alemão/português. Também escolas de Indaial e Jaraguá valorizam a língua do lar dos alunos que chegam na escola, contribuindo agora no letramento bilíngue das crianças.

– Mas, levando-se em conta o número de universidades que formam licenciados em língua alemã, fica fácil entender o baixo número de atuantes no ensino do idioma nas escolas. Dos formados em Florianópolis (UFSC), são raros os que optam por atuar no Vale do Itajaí, mesmo com a alta demanda. A FURB é, portanto, a maior responsável pela formação de professores da região desde o surgimento do curso em 2009, diz Mailer.

No curso de licenciatura em Língua Alemã da FURB o assistente fortalecerá o aprimoramento da oralidade, compreensão, leitura e escrita dos acadêmicos aprendizes de alemão como língua estrangeira (LE) e da leitura e escrita dos acadêmicos falantes da língua, que cursam alemão como segunda língua (SL).

O assistente também abordará questões culturais, sociais e históricas da Alemanha nas disciplinas do curso, a fim de confrontar e até mesmo desmitificar o imaginário local sobre o país, que muitos só conhecem pela descrição familiar, no que se denomina educar para a interculturalidade.

Quem é Josha Nitzsche
Ele tem 33 anos e vai acompanhar os professores nas aulas e nos estágios para incrementar questões linguísticas e culturais, durante 20 horas/aula semanais. Vem da cidade de Bonn, na Alemanha, e estudou o Alemão como língua estrangeira, específico para quem vai dar aula para alunos do idioma. Ele fez Germanística (um curso mais genérico) e um ano de especialização em Alemão como Língua Estrangeira. A formação dele é equivalente ao mestrado.

Será a primeira experiência docente de Nitzsche, em especial no exterior. Está bem motivado. Pela primeira vez no Brasil, Josha estava disposto a ocupar qualquer vaga em universidades da América Latina, quando se inscreveu no DAAD. Mas deu preferência para o Brasil (com 11 vagas) quando concorreu com quase 50 candidatos, por ouvir falar bastante dos brasileiros durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Não fala português nem espanhol, mas já arrisca algumas palavras em português, idioma pouco falado na Alemanha, o que lhe deu vantagem na entrevista ao manifestar interesse pela América Latina.

Universidades selecionadas
As instituições que receberam os profissionais são: Universidade Federal de Pelotas (UFPel, Pelotas/RS), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal Fluminense (UFF, Niterói/RJ), Universidade Federal do Ceará (UFC, Fortaleza/CE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Belo Horizonte/MG), Universidade Estadual do Piauí (UESPI, Teresina/PI), Universidade Regional de Blumenau (FURB, SC), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Itabuna/BA) e Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET, Rio de Janeiro/RJ).

O programa prevê benefícios para os assistentes, tais como passagem aérea, curso de integração e língua portuguesa de um mês, bolsa com duração de até 10 meses e seguro-saúde.

Fonte: FURB

quinta-feira, 19 de março de 2015

Curso de Língua Talian será ministrado em Garibaldi-RS

Nota de esclarecimento do IPOL: Na reportagem veiculada no site da prefeitura municipal de Garibaldi-RS que apresentamos nesta postagem, o Talian é caracterizado ora como “variedade”, ora como “dialeto” e ora como “língua”. A esse respeito, vale lembrar que, em novembro do ano passado, o Talian, juntamente como o Asurini do Trocará e o Guarani Mbya, foram reconhecidos como Referência Cultural Brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), fazendo parte desde então do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), conforme dispõe o Decreto 7387/2010, que instituiu o INDL “como instrumento de identificação, documentação, reconhecimento e valorização das LÍNGUAS portadoras de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Em sintonia com o texto do referido Decreto, portanto, acreditamos ser importante chamar a atenção de nossos leitores para o fato de que também nós do IPOL consideramos o Talian como LÍNGUA e não como “variedade” ou “dialeto”.

Curso de Talian será ministrado em Garibaldi

Um curso de Talian ocorrerá nos próximos meses em Garibaldi. A atividade terá início em 26 de março e seguirá até 18 de junho. A iniciativa tem o intuito de preservar os aspectos históricos e culturais ligados ao Talian – variedade suprarregional do italiano com características próprias – reconhecida pelo inventário nacional da diversidade linguística.

O curso tem o objetivo de capacitar monitores para a língua Talian, por meio de estudos da gramática, pronúncia e literatura. Além disso, a atividade tem o intuito de dotar a comunidade de conhecimentos sobre o dialeto e contribuir com a sustentabilidade sociocultural da Região Uva e Vinho.

As aulas ocorrerão todas as quintas-feiras, das 18h30 às 21h. As inscrições devem ser realizadas na Secretaria de Turismo e Cultura. Informações pelo fone (54) 3462 8235 ou no e-mail melina.casagrande@garibaldi.rs.gov.br . A realização é da Associação de Turismo da Serra Gaúcha (Atuaserra), Faculdade de Integração do Ensino Superior do Cone Sul (Fisul), Instituto Tarcísio Michelon e Prefeitura de Garibaldi, por meio da Secretaria de Turismo e Cultura.

Fonte: e-IPOL

As muitas línguas do Brasil

Criança asurini. A língua falada por esse grupo indígena
 foi uma das três primeiras incluídas no Inventário Nacional
 da Diversidade Linguística - Foto: UnB Agência / Flickr.
As muitas línguas do Brasil

Everton Lopes

Documento cataloga as línguas faladas em nosso país. Quantas você conhece, além do bom e velho português?

Você consegue contar quantas línguas são faladas no Brasil? Se você pensou só no português, é hora de repensar sua resposta. Em um país grande como o nosso, onde diversas culturas, nascidas aqui ou vindas de outros lugares, dividem o território, é natural que as pessoas se comuniquem em diversas línguas. Mas essa diversidade nem sempre é reconhecida.

Por isso, especialistas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) resolveram criar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), um documento que registra e descreve os idiomas falados em nosso país.

“O INDL tem como objetivos gerais promover e valorizar a diversidade linguística brasileira, fomentar a produção de conhecimento e documentação sobre as línguas faladas no Brasil e contribuir para a garantia de direitos linguísticos”, explica a linguista Giovana Ribeiro Pereira, do Iphan.

Casa em bairro de imigração italiana de Curitiba. O talian,
 língua falada por cerca de 500.000 descendentes de italianos no
Brasil, foi incluído no Inventário Nacional da Diversidade
Linguística - Foto: Radamés Manosso / Flickr.
Por enquanto o inventário inclui três línguas: o talian – uma variação do italiano trazido do norte da Itália por imigrantes e falado no Brasil por seus descendentes –, o asurini do trocará – uma língua da família tupiguarani falada por indígenas asurini – e o guarani mbya – língua falada por indígenas em grande parte do nosso litoral. Há projetos em andamento para inclusão de outras línguas faladas por grupos formados a partir da imigração, línguas indígenas e até línguas de sinais!

“O reconhecimento dessas línguas como referência cultural brasileira promove a valorização das línguas faladas no Brasil como elemento de transmissão de cultura e como referência de identidade para os diferentes grupos sociais”, diz Giovana. “O INDL contribui para a pluralidade linguística e cultural, desconstruindo o mito de que o Brasil é um país monolíngue”.

Everton Lopes é estagiário do Instituto Ciência Hoje.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

IPOL realizará formação de recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC

IPOL realizará formação de recenseadores para o censo linguístico do município de Antônio Carlos-SC

Nos dias 10 e 11 de fevereiro, o IPOL realizará em Antônio Carlos-SC a formação dos recenseadores que atuarão no censo linguístico do referido município. A formação é uma parceria entre o IPOL e a Secretaria de Educação e Cultura de Antônio Carlos.

Localizada a 32 km de Florianópolis e com uma população de 7.906 habitantes, segundo o IBGE (2010), Antônio Carlos foi a primeira cidade do Estado de Santa Catarina a aprovar uma lei cooficializando uma língua de imigração, o Hunsrückisch. A cooficialização foi aprovada, por unanimidade, por sua câmara municipal, em 09/02/2010, depois de muitas reuniões e da realização de três audiências públicas (ver documento com a lei aqui).

Antônio Carlos é também um dos 14 municípios brasileiros (ver tabela abaixo) a empunhar uma política linguística de reconhecimento da história e da língua de grande parte de sua população como forma de aprofundar os vínculos identitários e planejar ações de desenvolvimento social e econômico pautado pelo fortalecimento das iniciativas locais.


Iniciativa semelhante foi realizada em Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, que cooficializou também em lei municipal a língua pomerana em 2009 (ver texto da lei aqui), o que desencadeou uma série de ações, dentre as quais a realização do censo linguístico, protagonizado pela secretaria de educação do município em parceria com o IPOL.

“Com a cooficialização do Hunsrückisch em Antônio Carlos”, afirma Rosângela Morello, coordenadora-geral do IPOL, “tem início outra etapa em prol da regulamentação da lei e da implementação de ações para ampliar os âmbitos de usos da língua. São ações que visam a legitimar processos históricos da imigração no Brasil, reconhecendo sua importância na formação da sociedade brasileira”. Rosângela nos lembra também que a região onde atualmente se localiza o município era ocupada por indígenas Xokleng. A partir de 1830 recebeu imigrantes oriundos da região do Hunsrück, sudoeste da Alemanha, como aconteceu em outras localidades no Rio Grande do Sul (Ivoti, Sapiranga, Bom Princípio, Novo Hamburgo, Nova Hartz, Araricá, Presidente Lucena, Morro Reuter). A partir de 1840, açorianos acompanhados de escravos negros também se instalaram na região. Anos mais tarde, libaneses, ingleses e belgas também se estabeleceram no município. “Toda essa diversidade na formação de Antônio Carlos provavelmente é refletida nas línguas faladas por seus habitantes. É a valorização desse patrimônio linguístico que está no âmago da iniciativa de cooficializar a língua Hunsrückisch ou simplesmente ‘Hunsrücke’”, complementa Morello.

Para o levantamento de dados linguísticos no município, preveem-se duas etapas: o censo linguístico, que produzirá indicadores sobre a língua Hunsrückisch permitindo visualizá-la em suas funções básicas sociais e assim subsidiar e fundamentar a tomada de decisões sobre ela, e o diagnóstico sociolinguístico, que aprofundará o conhecimento sobre os usos do Hunsrückisch em Antônio Carlos, sobretudo quanto à sua modalidade escrita. Ambas as etapas poderão orientar a adoção de uma perspectiva para o ensino da língua no município, por exemplo, ou outras políticas linguísticas com vistas à preservação do patrimônio linguístico – oral e escrito – da cidade.

As próximas etapas do censo linguístico serão a formação dos digitadores e a coleta de dados.

Fonte: e-Ipol

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Registro da Língua Talian como Patrimônio Cultural no Brasil é destaque no Jornal Nacional

Registro da Língua Talian como Patrimônio Cultural do Brasil é destaque no Jornal Nacional

Reportagem do Jornal Nacional (Rede Globo) de 31 de janeiro destacou o registro da Língua Talian como Patrimônio Cultural do Brasil. O Talian, juntamente com as línguas Guarani Mbya e Asurini do Trocará, são as primeiras línguas reconhecidas como Referência Cultural Brasileira pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ver notícia aqui) e agora fazem fazer parte do Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Essas línguas bem como os representantes de suas comunidades foram homenageados durante o Seminário Ibero-Americano de Diversidade Linguística, em Foz do Iguaçu-PR, no dia 18 de novembro do ano passado (ver notícia aqui).

Assista o vídeo com a reportagem aqui ou visualize abaixo.


Abaixo replicamos a notícia publicada no portal G1.

Dialeto derivado do italiano vira patrimônio cultural no Brasil

O Talian é falado por cerca de meio milhão de pessoas, principalmente no sul do país, e já tem até dicionário com mais de 40 mil verbetes.

Desde o fim do ano passado o Brasil tem um novo dialeto registrado como Patrimônio Cultural.

No jogo de cartas, quem será que está ganhando? Impossível saber, a menos que você entenda talian.

“A gente pegou hábito e fala o italiano e continua com o italiano",  diz um dos frequentadores da roda.

Eles e cerca de meio milhão de pessoas no país. Programas em talian vão ao ar em mais de 200 rádios brasileiras. Afinal, o dialeto nasceu aqui mesmo, depois da vinda dos imigrantes da Itália para o país.

"Essa mistura de dialetos do Norte e Nordeste da Itália com o português deu origem aquilo que hoje chamamos de talian", explica o professor Darcy Luzzatto.

O professor Darcy é autor do dicionário de talian, que tem mais de 40 mil verbetes, e prepara a primeira gramática da língua, que é comum principalmente no Sul do país. Em Serafina Corrêa, na Serra Gaúcha, o dialeto é a segunda língua oficial da cidade.

“Tem os nonos, que se sentem mais acolhidos quando a gente fala o dialeto com eles”, explica a vendedora Odete Lazzarotto.

Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, os cidadãos brasileiros foram proibidos de falar qualquer idioma vindo de países inimigos. E a Itália era um desses países. Por isso, imigrantes e descendentes passaram a ser vigiados pela polícia, para que não descumprissem a lei.

O nono Etelvino, patriarca da família Bazzo, conta que a lei durou pouco tempo, mas deixou uma herança de preconceito.

“Chamavam colono grosso porque ele não sabia falar ‘brasileiro’”, conta.

Por isso, o reconhecimento do dialeto como língua e referência cultural brasileira pelo Ministério da Cultura (MinC) no fim do ano passado pode ajudar a manter o talian vivo também entre os jovens.

“Sendo uma língua oficial, há um status diferente. Traz orgulho e traz uma consciência de que é uma outra língua, que não é o português. Se se fala o talian, se preserva toda essa cultura da imigração italiana no Brasil”, destaca Paulo Massolini, presidente da Federação das Associações Ítalo-Brasileiras do RS.

Fonte: G1

Notícias relacionadas:

Língua vai virar patrimônio cultural (reportagem veiculada em telejornal do SBT-RS em 19/11/2014)


Língua de imigrantes italianos se torna patrimônio brasileiro (reportagem veiculada no Jornal Hoje em 20/11/2014)


Fonte: e-Ipol.org